Capítulo 2

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A porta abre-se e a campainha toca.

Adoro o cheiro de bolinhos acabados de sair do forno. Se me deixassem, não me importaria de viver aqui para sempre. O ambiente é simplesmente tão calmo, relaxante e acolhedor.

À exceção da voz estridente e cheia de entusiasmo que acaba de atacar os meus ouvidos.

- TERESA!

- Calma, rapariga – tento dizer, o que se torna um bocado complicado quando te encontras a ser estrangulada com a uma tentativa de abraço afetuoso de uma suposta tua amiga (que eu saiba elas não se deviam tentar matar umas às outras, but ok) - Eu compreendo que seja muito entusiasmante estar na presença de sua excelência, aka me, mas eu sou um ser humano, o que significa que preciso de respirar para sobreviver.

- Desmancha prazeres. Já vi que andas a passar muito tempo com a Sofia - reclama a Bia, a fazer uma espécie de beicinho (not working, girl) – Queres pedir alguma coisa?

- Um croissant de nutella e um compal de pêssego, please - digo de uma forma que considero ser muito fofinha, dando-lhe um sorrisinho. E com isto, a Bia vira-me costas e vai-me buscar a comida.

Entretanto, sento-me numa mesinha desocupada, começo a abrir o meu caderno e tiro um lápis para continuar a minha escrita enquanto lancho. Se as minhas contas não estiverem erradas, ainda tenho umas duas horas até que a Ana esteja despachada, por isso vou aproveitar o tempo o melhor que conseguir.

Depois de mais de meia hora a escrever, posso afirmar que hoje a minha imaginação decidiu arregaçar as mangas. Nesta última semana, tenho sofrido de um writers block que me estava a irritar e não era pouco. Felizmente, neste momento, as palavras parecem fluir com facilidade e estou satisfeita com a direção que estão a seguir. Também tenho que dar crédito à minha amazing playlist, que é constituída por cigarettes after sex, jogi (yes, i love my melo music) e talvez por algumas músicas do The weekend (don't ask me which ones *not so guilty - very guilty – side eye *). Ah ... não me posso esquecer de músicas de kpop (duh – shoutout to my fellow carats).

Resumindo, estou muito focada, mais do que nas aulas (também não é difícil). O que me leva a ter um mini ataque cardíaco quando ouço a campainha da porta a tocar e os guinchos da Bia (ela devia sinceramente pensar em ir ao hospital – não é normal uma pessoa falar assim tão alto – still love you though, girl).

Quando os meus olhos se levantam do papel para o balcão, a primeira coisa que reparo é o sorriso enorme que a Bia tem na cara enquanto se dirige ao novo cliente. O que me leva a mudar a trajetória do meu olhar para essa pessoa.

Está de lado para mim o que me possibilita avaliar as suas feições. Ele parece ser muito mais alto do que eu (I am saying this like it's hard), já que ainda dá uns dez centímetros à Bia with ease.

O rapaz é jeitoso. Não. Risca isso. O rapaz é LINDO. DE. MORRER. Não estou a exagerar. Eu sei que o faço muitas vezes, mas neste caso é a sério. Com uns fios do seu cabelo castanho escuro a tapar-lhe os olhos da mesma cor, um sorriso amável nos seus lábios, uma jawline de morrer, e uma voz meia grossa enquanto fala com a Bia, eu acho que me apaixonei.

Joking.

Mas o gajo é mesmo lindo, believe me.

A Bia diz uma piada ou algo de estupido (nada de novo) o que leva o rapaz a rir-se. E quando te digo que nunca ouvi gargalhadas tão atrativas como as dele, I am not lying. Vou entrar em hiperventilação. Alguém me salve.

Vou apostar que deve ter mais ou menos a minha idade só pelo seu estilo. Veste umas calças de ganga azuis claras e largas, umas sapatilhas Nike pretas e brancas (devem ser baratas, devem) e um casaco que acho ser de uma equipa de basebol. Tudo isto acompanhado por uma mochila preta. Parece andar na universidade. Será que anda na nossa? E eu nunca o vi? Duvido. Eu nunca me esqueceria de um rapaz destes.

Ok, agora é uma boa oportunidade para desviar o olhar, antes que ele se sinta a ser observado. Não vá o gajo pensar que eu sou uma stalker, ou algo parecido (e se ele pensasse isso não estaria enganado).

Decido prestar atenção de volta à trapalhada que tenho em cima da mesa. Não vou estar aqui a formar uma crush neste rapaz. Ele já deve ter raparigas suficientes atrás dele. Ainda pode ter uma namorada. Não sou das de ficar com o que é das outras. Ou também pode ser um daqueles playboys, you know? Mas a forma como se dirigia para a Bia ele parecia ser muito simpático, por isso, tenho as minhas dúvidas.

Falando em Bia, enquanto o rapaz desvia o olhar para a carteira, virar-se para mim e, quando nota que reparo nela, faz-me sinal com as sobrancelhas e balbucia um inaudível "bonitinho, não é?".

Reviro-lhe os olhos. Ignora-a e concentra-te, rapariga!

E foi assim que continuei a ocupar as folhas do meu caderno com as minhas amazing skills de escritora.

Eu sei o que estás a pensar. Não. Eu NÃO notei como ele se sentou numa das mesas em frente da minha, exatamente na linha do meu campo de visão. NEM como ele tirou a sweater e ficou só com uma t-shirt preta que lhe ficava tão, mas tão bem. Acentava-lhe na perfeição (porque é que as camisolas pretas são tão hot? Nunca irei compreender). NEM que ele começou a ler um livro (that 's how you know he's a good one) enquanto NÃO bebia o seu segundo café. NÃO. Eu estava, obviamente, muito focada no que EU estava a fazer, não no que ELE estava a fazer, nos últimos dez minutos.

Quem é que estou a tentar enganar? Desde que eu reparei nele que perdi o foco.

Olho para o meu relógio e noto que só passou uma hora, ou seja, ainda me falta outra hora completa para eu poder ir embora.

This is going to be hard.

This is going to be hard

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Sweet Love (Kim Seungmin) PTOnde histórias criam vida. Descubra agora