A Teresa conhece um rapaz nas pastelaria. Ele era lindo, quase que podia ser um modelo.
Como qualquer pessoa realista, ela acredita que nunca o voltará a ver.
Até que descobre que ele é amigo dos novos amigos da sua amiga (esta frase saiu interess...
Eu estava a tentar evitar que os meus pensamentos chegassem a essa conclusão, mas à muitos sinais a apontar para tal.
Ela está-me a ignorar.
Eu compreendo que talvez não pudesse passar tempo com o grupo por estar ocupada com os estudos ... se essa desculpa fosse só para a semana passada. Não durante duas semanas.
Ouviste bem. DUAS SEMANAS!!!!
Da última vez que tivemos uma conversa a sério (há duas semanas, repito) ela mencionou como só tinha mais um teste nessa mesma sexta-feira. Ou seja, esta semana não tem razões para estar a estudar. Ainda para mais, decidimos suspender as sessões de explicações para descansarmos dos estudos ... e para ela ter tempo para bringe-watch um drama.
Deves estar a pensar: mas como é que cheguei à conclusão de que a culpa é minha?
Muito simples. Sempre que entro na sala ela nem um sorriso me dá. Quando a vejo no corredor ela vira-me costas. E o pior de tudo: não me responde às minhas mensagens.
O que é que fiz de errado?
Esqueci-me nalguma sessão de tutoria de lhe trazer algo para comer? Não.
Será que ela se sente desconfortável por tocar e brincar com os seus caracóis?
Será que fui muito obvio que gosto dela e exagerei um bocado de mais que a fez desconfortável? Deve ser isso.
Provavelmente ela nem gosta de mim, e eu aqui a ouvir estes estúpidos e a criar falsas esperanças.
O que é que faço agora?
A conversa a passar-se no meu interior é interrompida por uma bola de basebol a passar a um milímetro da minha cara. Uff. Ainda bem que me desviei a tempo. Foi por um triz. Assim, além do meu coração, a minha cara também ia ficar destroçada.
- Ah! Quase!
Olho chocado para o meu suposto amigo.
- Quase? Tu ias-me acertar na cara, meu!
- Eu sei. Para a próxima vê-se não te desvias, por favor.
Pelo menos desta vez disse "por favor".
Ouço risadas a vir do meu lado direito. Ali, na relva sentados estão dois gajos a rirem-se como tolos.
- Se sofrerem de uma paragem cardiorrespiratória fiquem cientes que não vos vou ajudar.
- Ai ... espera ... deixa-me ... respirar ... um pouco – tenta dizer um Hyunjin que não consegue parar de se rir. Parece uma hiena.
Viro-me para a outra hiena – A sério, Felix? Tu também?
- Não digas que se fosse comigo também não te partias a rir?!
- Olha? Porque é que estás tão distraído? Não é normal de ti – pergunta-me o Minho, enquanto passa a bola de uma mão para a outra. É bom saber que, mesmo quase me matando, ainda se preocupa em querer saber o que se passa comigo.
- Só estava aqui a pensar numas coisas.
- Não consigo imaginar que coisas possam ser essas – comenta o Hyunjin - Cough ... Teresa ... cough.
Sou assim tão obvio? É assim, todos já conseguiram reparar na ausência dela e é algo que discutimos entre nós. E é verdade que eu não escondo como fico desiludido quando as outras vêm sozinhas. O Changbin, ontem, literalmente deu-me umas palmadinhas nas costas quando a Íris disse que ela não vinha por estar muito cansada.
- Então, estamos corretos, não é? – aceno com a cabeça.
Do canto do meu olho vejo o Felix e o Hyunjin a passar, cada um, uma nota de cinco euros ao Minho. What?
De repente, ouvimos umas vozes a falar alto e poucos momentos depois avistamos o resto dos rapazes.
- Oi. Trouxemos a comida – chega primeiro o Han - O que é que estão a fazer?
- A falar de como o Seungmin tem um fraquinho pela Teresa – responde o Felix. Os outros dão umas risadinhas. Não tem piada nenhuma. Eu aqui a sofrer e estes palermas a gozarem comigo.
- Não acham estranho que, do nada, ela parece já não querer andar connosco?
- Será que ela se fartou de nós? Se calhar só se tornou nossa amiga para conseguir a minha receita de brownies.
- Claro, Lix. Ela queria mesmo ser só tua amiga por brownies – comenta sarcasticamente o Jeongin.
- Nunca se sabe. Eles são divinais.
- A culpa é minha. Só pode.
Ficam todos a olhar para mim com um olhar confuso.
-Não olhem assim para mim. Minho, tu estavas lá. Nestas duas semanas quando entramos na sala ela nem olha para nós. Até a Sofia nos cumprimenta.
- A Sofia é uma querida – e depois desta afirmação, o Changbin recebe um olhar de choque e de desacordo do Minho.
- Quando estou nos corredores da escola e vou para passar por ela, num momento ela para de andar, com uma cara de chocada a olhar para mim e depois dá meia-volta e desaparece.
- Tu deves ter visto mal. Se calhar ela viu um professor. Sinceramente, era o que eu fazia – Interrompe o Hyunjin.
- Tens a certeza de que tinhas penteado o cabelo? – vem agora o Han – No outro dia parecias um homem das cavernas quando te levantaste de manhã. Só para tua informação, menti-te. Não apaguei a foto. Ahah!
Só podes estar a gozar?! Isto é uma boa justificação para o puder atacar. Algo que estou a fazer neste momento.
Fogo. Ele é rápido a correr.
Quando cheguei à conclusão de que não o apanho voltamos à conversa em mãos.
- Ok. Mas como explicam que ela nem vista dá às minhas mensagens. Hmmm?
Ficam todos em silencio. Já estava à espera. Quando o Minho me disse que lhe perguntou se estava tudo bem com ela e a resposta foi imediata, percebi que eu era o problema. Perguntei-lhe à uma semana se queria ir tomar café e nem vista deu.
Estou em desespero.
- O que é que faço?
- Tu não sabes a razão disto tudo, por isso o primeiro passo seria descobri-la – propõe o Chan.
- Como?
- Falando com ela! Duh! – responde-me finalmente o Changbin, depois de ter passado uns segundos a ser julgados pelos outros, que me chamaram de burro, não com a boca, mas com os olhos.
Falar? Com a Teresa? A pessoa que não me sai da cabeça desde que falamos pela primeira? Easy. Eu consigo. Só há um pequeno problema.
- E como é suposto falar se ela se recusa a passar tempo connosco?
- Enganámo-la.
- O quê? – dizemos todos ao mesmo tempo. Às vezes saem da boca do Minho as coisas mais aleatórias e questionáveis possíveis. O que é que se passa na cabeça daquele gajo.
- Vocês vão ver.
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