A Teresa conhece um rapaz nas pastelaria. Ele era lindo, quase que podia ser um modelo.
Como qualquer pessoa realista, ela acredita que nunca o voltará a ver.
Até que descobre que ele é amigo dos novos amigos da sua amiga (esta frase saiu interess...
Dica para teres amizades duradouras: não arrastes as tuas amigas do seu quarto, da sua cama querida, às nove da manhã num sábado (quem é que acorda tão cedo a um sábado?), para o sofá da sala onde és rodeada pelas outras, estas com um olhar de determinação, como se estivesses a ser questionada como principal suspeito de um assassinato.
Como é suposto reagires neste tipo de situações? A solução mais inteligente seria correr porta fora e fugir enquanto podes, quando elas menos esperam.
Suponho que já tenham percebido que normalmente não faço as escolhas mais inteligentes. Como neste momento tudo o que faço é continuar sentadinha no meu lugar, faço-me de confusa e pergunte-lhes - Sobre o quê exatamente?
A Ana, na sua forma tão simpática e suave de abordar um assunto, decide ser ela a começar a conversa – Eu admito que nós podemos ser um bocado burras...
- Fala por ti.
- Ó, Sofia! – reclama a Bia.
- ... mas não ao ponto de não percebermos o que se passa. Porque é que não nos estás a contar nada?
- Contar-vos o quê, em específico?
- Sobre ti e o Seungmin, obviamente? – Je? Seungmin? Obviamente?
- Sobre mim e o Seungmin o quê? – será que eu é que sou muito lenta em perceber o que elas querem? Estão todas a olhar para mim com o olhar, quase a chamar-me de burra (what's their problem?). Estão-me a stressar com este interrogatório. Já me chega a escola!
- Teresa, sê sincera connosco –começa a Bia – o que é que estiveste a fazer anteontem que te ocupou tanto tempo que quase chegavas atrasada ao autocarro?
- Eu tive de dar explicações ao Seungmin. Em minha defesa, tivemos uma mini-ficha ontem. Acho que ainda não recuperei.
- Oh! Provavelmente correu-te super bem e vais ter um 20! Não sejas dramática.
- O que estiveste a fazer na segunda, que não pudeste vir almoçar comigo? – continua a Íris com o interrogatório.
- O Seungmin quis pagar-me um almoço. Ele já o tinha prometido há algum tempo, mas conseguimos ir na segunda.
- E por que razão estiveste durante o filme todo, ontem, apegada, A SORRIR, sublinho, ao telemóvel? – agora é a vez da Sofia.
- O Seungmin estava-me a mandar memes. Tinha um de um gato que tenho a certeza que ias adorar! Depois mostro-te.
- E ainda não consegues compreender qual a razão de estarmos a ter esta conversa? – fala a Ana de volta.
- OK! Eu posso, ou não, estar a passar muito tempo com o Seungmin. Qual é o problema? Não posso ser amiga dele?
- Podes. Mas será que gostas dele só como amigos ou ...
- BIA!!! NÃO!!! SÓ COMO AMIGOS! Vocês estão só a criar cenários que não existem.
- Não nos culpes por pensarmos isto. Nos últimos dois meses é raro vermos-te sem o rapaz estar à tua beira – replica a Íris.
- E, se vocês não fossem só amigos não era problema nenhum – continua a Ana.
- Exato. Ele nem parece ser um porco para ti, por isso aceito este relacionamento – advinha quem fez este comentário.
- NÃO EXISTE RELACIONAMENTO NENHUM! Ó MEU DEUS!
- Contavas-nos se existisse alguma coisa entre vocês?
- Duh. Eram as primeiras pessoas a saberem. Mas, como já vos disse, somos só amigos, ok? Nada mais! Por isso, fazei o favor pararem de criar cenários, que NUNCA ACONTECERÃO, nessas vossas cabeças!
Conversa mais estranha de sempre. Somos amigas há anos. Obviamente que lhes conto tudo o que se passa comigo.
Mas, eu? Gostar do Seungmin? Mais do que amigos? Que piada!
Que piada ...
Pode ter muita piada, mas admito que passei o resto do dia a pensar nisso. Durante o almoço. Enquanto via séries ou escrevia. Até mesmo antes de ir para a biblioteca, às 19h, para outra sessão de explicações. E enquanto esperava por ele.
Com todos estes pensamentos, começo a duvidar do que realmente sinto. Será que ...? Não. Impossível.
Tento adiantar alguns trabalhos que tenho de entregar na semana que vem, mas torna-se complicado com todos os pensamentos que me envolvem a mente.
Estou tão concentrada a trabalhar (com trabalhar quero dizer a pensar num certo boy) que não ouço a porta da biblioteca a abrir-se e a fechar. O que, de certa forma, me surpreende, já que aquela porta precisa imediatamente que alguém lhe ponha um bocado (muito) de óleo.
Nem reparo no som de uns passos a aproximarem-se cada vez mais da minha mesa.
Até que vejo duas mãos a pousarem na mesa, uma em cada lado do meu caderno, a prenderem o meu corpo entre uns braços, o que interrompe os meus pensamentos. Sinto um corpo por de trás de mim, o cheiro de um perfume de homem que reconheço tão bem. Baixa a cabeça, de forma a ficar com os seus lábios ao nível dos meus ouvidos, e é aí que sussurra – Boa noite, senhora professora.
OMG! Sinto-me a derreter toda, cara vermelha como um tomate e borboletas na barriga.
É suposto sentires-te assim quando vês um amigo? Tenho grandes dúvidas.
Ele senta-se à minha beira, com uma mão a brincar com alguns fios da ponta da manga da minha camisola, enquanto a outra serve de encosto à sua cabeça, com o cotovelo pousado na mesa.
Isto está-me a dar em louca. ELE está-me a dar em louca!!!!
Ok. Pensa em formas de te acalmares.
Olho para o meu caderno e começo a explicar a matéria que acabamos de dar nas aulas. A sessão a correr maravilhosamente bem. Quase que conseguia ignorar o rapaz ao meu lado, que agora brincava com o meu totó que decidiu tirar do meu pulso, sem pedir autorização.
Do nada, ele começa a brincar com um dos meus caracóis com uma das suas mãos. Olho para ele e ficamos fixados um no outro. Nem um segundo passa e ele sorri-me.
Ele é LINDO!!!!
O meu coração acelera ainda mais do que já estava. É hoje! O dia da minha morte!
Não sei como, sobrevivo ao resto da sessão. No entanto, baralhei-me muito nas minhas explicações e a desculpa de estar cansada e cheia de sono não vai resultar para sempre, principalmente quando não me consigo acalmar.
Acaba-se a hora e começamos a arrumar as tralhas. Quanto mais rápido sair daqui mais rapidamente posso desanuviar a minha cabeça de certos pensamentos.
Uma coisa é certo: hoje cheguei a conclusões chocantes sobre mim própria e já sei qual a primeira coisa a fazer!
Para: Porcas
Tu: Preciso de falar convosco
Agora!!!!!
Situação de vida ou morte!!!!!
Venham todas para o meu apartamento!
Now!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
(Posso ter exagerado um bocadinho de nada nas mensagens que lhes enviei, but whatever)
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