Capítulo #19: Problemas no paraíso

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Sugestão de música: Maria - Jão

Ela voltou. Aquela que é a mais temida. Ou talvez eu até pudesse dizer eles: os problemas, a insegurança, a incerteza e, o maior de todos no momento, o medo. Eu tenho medo do futuro, por mais que tente enganar a mim mesmo e dizer que não, eu sei que estou mentindo.

Depois de quase dois anos namorando Luísa e ter uma certeza quase irrevogável de que ela é a pessoa com quem quero viver por toda a vida, as minhas inseguranças surgiram com força. Claro, também tem o fato de que estamos terminando o período mais intenso de qualquer relação: a paixão. Depois da paixão, se algo sobrar, as chances de ser amor são muito maiores. 

Tudo o que eu queria era poder dizer que sim, a Luísa foi capaz de apagar todo e qualquer sentimento que eu já imaginei ter por algum rapaz, mas eu estaria sendo muito desonesto. E quando digo isso não falo em um tom negativo, sabe? Preciso admitir que amar alguém do sexo oposto, quando sua família claramente não tem a melhor impressão sobre o romance homossexual, é extremamente mais fácil, mais leve até, por pior que seja uma relação heterossexual. Pois é, eu odeio esse mundo. 

Nossos últimos meses têm sido incríveis na Alemanha, nós somos um casal realmente bom na maior parte do tempo. O problema são as cobranças tão excessivas e sufocantes de Luísa. Não me entenda mal, eu realmente acho que a amo e adoro - normalmente - passar todo o tempo do mundo com ela, mas a minha ansiedade não me permite estar sempre ao seu lado. Minha ansiedade me cobra e me mostra quão necessitado de espaço pessoal e solidão (ou solitude) eu sou em muitos momentos da semana. 

Luísa é uma típica pessoa que deseja uma relação megazord: não gosta que eu não a espere antes de entrarmos em alguns lugares (inclusive briga comigo quando não a aguardo, mesmo que por um minuto de diferença), nunca deseja fazer algo sozinha (ou sempre me convida para todos os rolês que têm com suas amigas, TODOS), encontra qualquer motivo para ir até minha casa e querer minha companhia (ainda que eu esteja irritado e queira gritar com ela em um momento assim).

De certa forma, até me faz lembrar daquilo que Gypsy Rose (onde fui me meter? Citando uma assassina na história da minha vida?) disse sobre sua mãe. Segundo ela, a mãe era uma ótima pessoa, uma ótima cuidadora, e teria sido perfeitamente útil para uma pessoa verdadeiramente doente. Mas Gypsy não estava doente, então... a mãe foi apenas uma pedra no caminho.

É meio esquisito comparar as duas situações, mas na minha cabeça faz sentido. A Luísa é uma pessoa perfeita para alguém que curta ter a companhia da pessoa amada o tempo todo. Eu só não sou essa pessoa e provavelmente nunca serei. 

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