A História de Uma Garota (Livro 1)

𝟐𝟕

Sacrifícios de Sangue.

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Os três Caídos chegaram. A chuva caia com força, e os três estavam ensopados quando pararam na entrada, removendo sapatos e jaquetas encharcadas.
   — Nem uma palavra sobre isso, ouviram?
Eles assentiram, e sem dizer mais nada Harry subiu enquanto Kaizo entregou a espada que trazia em mãos para seu gêmeo.
   — Esconda isso.
   — Pode deixar.
Kastian estava tão sério quanto o irmão, encarando a espada como se fosse a coisa mais odiosa que esteve em suas mãos. Kaizo subiu e o irmão sumiu, fazendo o que lhe foi pedido.
Ao chegar ao quarto de hóspedes, Kalissa não estava; por um momento ele se desesperou, mas a energia dela estava na casa, e muito perto. Ele seguiu e aquilo o levou até seu próprio quarto. E ela estava lá.
Usando uma blusa maior do que ela, um casaco preto e shorts, Kalissa estava deitada de um jeito preguiçoso no meio da cama, abraçada em um dos travesseiros com o cabelo espalhado fazendo um lindo contraste com os lençóis escuros. Linda como uma pintura.
Ele se aproximou devagar, mas ela pareceu sentir sua presença e despertou alarmada, relaxando um pouco ao perceber que era apenas ele.
   — Eu não conseguia dormir... — ela murmurou um pouco sonolenta, tentando se justificar —, Hanna está no meu quarto e ocupou toda a cama, então eu vim para esperar você chegar e...acabei adormecendo. Desculpa.
Kaizo deixou que ela terminasse sua explicação para se aproximar sem dizer nada, o rosto sério e braços cruzados, mas que relaxou quando estava diante dela; ele depositou um beijo longo em sua testa, sorrindo para ela.
   — Você não precisa se explicar, minha bela dama. É uma honra ter sua presença aqui, e confesso que achei muito bonitinho você agarrada no meu travesseiro.
O rosto de Kalissa esquentou e ela virou o rosto para esconder o rubor em suas bochechas. Kaizo riu, puxando suavemente o rosto dela de volta para que pudesse olhar diretamente em seus olhos.
   — Olhe para mim, amor.
Ela não pôde evitar obedecer, a mão dele era uma carícia suave em sua bochecha, e seus olhos tão lindos...
   — Kai, eu estou com medo.
A primeira vez que admitia aquilo em voz alta. Kaizo a puxou para um abraço e eles não disseram nada, apenas ficaram ali confortando um ao outro...
Porque Kaizo sabia o que Kalissa havia feito. Ele sabia.
Minha bela dama, meu amor, me perdoe.
Mas não vou entregá-la. Não vou.

1 dia se passou...
O relógio soou.
A contagem chegou ao fim. A noite em que a lua de sangue subiria no céu havia chegado.

Tudo estava pronto. Julie, Valentin e Valerie cuidariam das criaturas demoníacas enquanto Kastian, Hanna e Harry lutariam com Alexander e alguns poucos caçadores dispostos. Adaely, Kaizo e Kalissa iriam até Aron e cuidariam de dar um fim a ele.
Mas havia um detalhe importante naquele plano, e apenas Jeremiah sabia. Ele havia prometido para Kalissa que no momento certo, seu acordo seria cumprido e ela estaria livre.
E algo semelhante fora prometido a Kaizo.
O local era o mesmo do último sonho de Kalissa com Aron, a praia de La Push estava deserta já que o frio estava cada vez mais forte e incomum. Todos haviam colocado roupas quentes e estavam prontos para quando o céu começasse a escurecer, assumindo o vermelho da bela lua que sairia hoje no céu.
   — Acho que esse é o primeiro aniversário que você definitivamente vai odiar pra sempre. — Hanna comentou, a fumaça saindo de sua boca enquanto tentava fazer uma piada para aliviar a tensão.
   — Na verdade tem aquele em que o Liam acabou tropeçando com meu bolo e caindo de cara nele, e logo depois eu acabei escorregando no chão que ele e Chris não limparam direito. A cena do crime.
   — Foi quando fizeram aquele bolo horrível e bem decorado? Duro feito pedra.
   — Exato.
As duas riram com a lembrança. Bons tempos.
   — Eu sinto falta disso, desses momentos que sabemos que não voltam.
Hanna chutou uma pedrinha que não foi muito longe. As duas estavam sentadas em pedras enormes enquanto os outros se organizavam em seus próprios grupos pela praia. Havia uma mistura de armaduras, espadas e criaturas que não precisavam de nenhuma arma porque eles eram as armas.
   — Eu tive uma vida boa com vocês como amigos, soube o que era paz e ser diferente, viver diferente, sem toda a pressão dos treinos e da vida arriscada. Pra mim é normal transitar entre esses dois mundos, mas lamento muito que pra você tenha sido forçado e sem escolha.
   — Não se preocupe, vou ficar bem.
Mas era uma mentira, como as que todos dizem quando não querer se aprofundar naquele assunto específico. Era um alerta sutil dizendo que aquela era uma zona proibida, e que não deveriam tocar.
Ela olhou na direção de Kaizo. Ele estava concentrado passando instruções, Alexander parecia concordar e discordar de algumas coisas, mas o que realmente chamou sua atenção foi Adaely. Ela estava afastada, próximo da água, seu vestido esvoaçante era lindo e um pouco grandioso demais para algo assim.
   — Adaely está pronta para encarar seu inimigo mais uma vez? — Hanna comentou pensativa.
   — Ela está muito calada desde que chegamos. Parece muito concentrada.
Adaely estava muito quieta durante todo o caminho, e agora havia se afastado dos outros numa mensagem clara de que não queria ser incomodada. Ela estava parecendo calma demais, estratégica, silenciosa e mortal.
   — Todos estamos tensos, talvez seja só isso.
Mas Adaely se virou e gritou:
   — Ele chegou!
Ao longe, na água, uma agitação começou antes de demônios começarem emergir, um a um mais aterrorizante que o outro marchando como soldados treinados. Logo atrás deles estavam os Renegados, criaturas que antes foram anjos e caíram, e então cederam a insanidade e desejo pelo mal. Seus rostos antes belos agora eram retorcidos e demoníacos, sem qualquer traço de humanidade ou o que um dia foram.
Assustadores.
Logo atrás emergiu ele, Aron, parecendo um rei comandando seu exército para a guerra. De fato havia uma coroa sob sua cabeça, e ele parecia pronto para matar todos...mas ele está adiantado.
O que aconteceu de errado?
   — Vão!
O comando de Kaizo foi simples e direto, ele já havia dito o que cada um deveria fazer, e Alexander também colocou os seus para lutar. Os números eram desiguais demais, e eles estavam perdendo nesse aspecto.
Não poderiam perder em todo o resto também.
   — Hanna, temos que mudar de estratégia, agora.
   — Mas Kalissa... — ela parou, encarando a situação antes de perceber que a amiga tinha razão. — Certo. Tem alguma ideia?
Kalissa olhou para a situação que estava se desenrolando: a batalha parecia difícil, alguns lutavam com dois monstros ao mesmo tempo, então a melhor forma era...
   — Vamos chegar a Aron primeiro.
Era arriscado, mas Hanna sabia que ela tinha razão em querer atacar de uma vez o seu principal oponente, e com um pouco de sorte ela poderia virar o jogo em favor deles.
Elas duas desceram pelo outro lado das pedras, avistando Aron em um ponto muito bom para que pudessem chegar a ele sem enfrentar tantas criaturas pelo caminho. Quando avançaram, dois Renegados cairam diante delas, e dois atrás; elas foram cercadas.
E lutaram.
A primeira luta pra valer de Kalissa, e ela estava se saindo muito bem com sua dupla mais que perfeita. As duas cortavam e mandavam pelos ares cada uma das criaturas que apareciam, avançando da melhor forma que conseguiam, aos poucos.
   — Vai! Vai, vai, vai!
E ela correu em direção a Aron. A espada em sua mão direita e o fogo sendo preparado em seu corpo para agir, mas seus pés grudaram na areia e ela caiu de joelhos, apoiando as mãos no chão evitando cair de cara. O que...?
   — Muito bem, vocês são mesmo muito úteis.
Aron se aproximou, elogiando alguém atrás de Kalissa, e ela se surpreendeu quando viu quem era. Valerie usava sua magia para segurar Kalissa no lugar, sua expressão ainda era a mesma, e ela evitava olhar para qualquer um deles.
   — Vai manter sua promessa? Meu irmão e eu seremos poupados?
Então era por isso?
   — Claro, sou um homem de palavra.
   — Valerie...
Ela não olhou. E ela não olharia. Onde estava Valentin, Adaely...o que estava acontecendo!?
   — Eu lhe disse Kalissa, lhe disse várias vezes... — Aron estava caminhando em sua direção, lentamente como um caçador amedrontando sua presa —, você não quis me ouvir. Eu lhe dei oportunidades, muitas, até demais. Tudo isso que acontecerá hoje será sua culpa, e você irá para o Exílio.
É claro que ele sabia. Ele sabia de tudo. Os planos, os segredos, tudo.
   — Você não vai se safar dessa, Aron.
   — Ah, eu acho que vou sim — ele riu —, e muito. Tragam-na aqui, vamos acabar logo com isso.
Dois Renegados seguraram Kalissa um de cada lado, sua força era impressionante e poderia até quebrar um braço humano comum com facilidade, mas ela apenas gemeu de dor. Naquele momento ela sentia algo segurando sua magia, impedindo que ela se manifestasse como deveria e pudesse se soltar. Valerie. Ela não baixou a cabeça apesar disso, foi praticamente arrastada até diante de Aron, ele estendeu a mão para pegar uma mecha do seu cabelo e brincar com ele entre os dedos, sorrindo de maneira diabólica.
   — Seu corpo inteiro agora é puro poder, e em breve vai se descontrolar, como um dragão. E eu irei domar isso a meu favor.
Então é isso o que essa maldita lua faz...
   — Você não vai trazer sua amada de volta fazendo isso, e ainda irá deixá-la triste por suas atitudes.
Aron olhou para ela com um estranho interesse.
   — Então você sabe disso. Adaely lhe contou certamente, mas como sabe que eu pretendia trazer ela de volta?
   — É o que todo vilão clichê igual a você faz.
Então ele gargalhou, divertido de verdade.
   — Foi uma dedução perspicaz, querida Kalissa. Estou impressionado.
   — Então realmente acha que pode trazer ela de volta? Meu poder não faz isso.
   — Ah, eu sei. — ele sorriu de um jeito estranho, como se estivesse escondendo algo muito importante que ninguém sabia ainda, mas estava prestes a revelar. — Mas há alguém que pode, e ele fará isso por mim, porque é vantajoso para nós dois e porque você é importante para ele.
Aquilo não fazia sentido algum para Kalissa, de quem ele estava falando afinal? Ela pensou em todos que conhecia e não sabia quem poderia ser capaz de algo assim, um poder que pudesse trazer mortos a vida?! Não existia ninguém que ela conhecia com tal poder, não é?
Ou será que existe?
   — Você saberá... — ele pareceu pensar um pouco, então acrescentou: — ou não.
O céu foi ganhando uma coloração mais escura, todos pararam para olhar para cima e ver a lua se tornando vermelha aos poucos. Kaizo notou que Kalissa estava em perigo e que Valerie era quem estava ajudando Aron nisso, seu sangue ferveu de ódio e ele avançou contra os demônios para chegar a Kalissa o mais rápido que podia, aproveitando o breve momento de distração.
   — Acabem com este Caído irritante, ele e o irmão já me causaram muitos problemas.
A ordem era precisa e direta; Kalissa sentiu o desespero tomar conta de seu corpo, e algo a mais, uma força maior do que aquela que estava acostumada. Seu poder estava se intensificando. Droga.
Ela lembrava que Adaely dizer para tomar cuidado com este momento, que caso ela se descontrolar um momento, por mais breve que seja, seria uma catástrofe para quem estivesse ali. Ela fechou os olhos, tentando controlar aquilo de alguma forma, mas ouvia a risada debochada de Aron.
   — Não adianta, nada vai salvar seus queridos amigos e seu amado anjo caído.
Como se estivesse sentindo sua mente perder o foco aos poucos, ela se esforçou ainda mais para tentar conter e domar a fúria que se intensificava em seu corpo, não a sua, mas daquele poder que tinha seu próprio querer e desejo, um elemento tão destrutivo e incontrolável. Ela sentia como se aquilo fosse se espalhando por seu corpo numa velocidade incrível, tomando cada célula e trazendo a sensação avassaladora de que tudo estava em chamas. Quente demais.
   — Segurem-na! Agora!
Ela não sabia o que havia acontecido, mas o aperto dos Renegados haviam cedido, seu corpo parecia leve demais e ela não conseguia abrir seus olhos, ardiam e doíam quando tentava fazê-lo, então apenas deixou aquilo acontecer.
E ela não fazia ideia do que era isso.
Bem distante ela ouviu gritos, vozes familiares e algumas nem tanto, mas estavam tentando dizer algo, ou estou imaginando?
"Kalissa! Você precisa se controlar!"
A voz de Kaizo em sua mente mostrava o quanto estava vulnerável e descontrolada, o desespero em sua voz, a urgência... Controle, preciso buscar o meu auto controle!
Todas as aulas de Adaely repassaram em sua mente, e Kalissa sentia aos poucos seu controle retomar; ela estava no alto, seu corpo todo cheio de símbolos brilhantes como fogo sob sua pele. Ela era todo fogo.
Aron preparava uma flecha em seu arco, mas Kalissa desviou do tiro com rapidez – o cheiro de veneno era forte. Ele está tentando me controlar.
"Não vamos permitir", a voz novamente soou em sua mente e ela sorriu. "Deixe-nos fazer o trabalho, jovem criança".
Vá em frente. Proteja e poupe os meus.
E sua visão foi tomada, seus movimentos não eram seus, mas ela não se importava e confiava em seu poder. Tudo era um borrão, um a um dos demônios e renegados eram abatidos, trazendo uma virada para aquela batalha e incentivando que continuassem, rumo a vitória.
Cortar, queimar, desviar e eliminar.
Se era atingida de raspão, não sentia, tudo parecia apenas um piscar de olhos para ela. Aquele fogo estava tomando conta de cada uma das criaturas, avançando em direção a Aron, seu alvo. E Adaely também estava ali, preparada, mas o plano não era o que Kaizo pensava.
Bastou um acenar sutil, Adaely usou sua magia para trazer a espada até as mãos de Kalissa, e quando aquele objeto pesou em suas mãos, ela sabia que aquele era seu último momento.
"Obrigada a todos, eu jamais poderei ser grata o suficiente por tudo que fizeram por mim, por favor, vençam."
Kalissa parecia dançar por entre os demônios que caiam a cada golpe seu, quando Kaizo viu a situação não precisou de muito para gritar o nome de seu irmão que correu até ela para impedir o que estava por vir; eles souberam do acordo naquela noite, em troca de aceitar a espada Kaizo pediu que Jeremiah contasse o que foi feito entre eles... Kalissa estava disposta a se sacrificar, não importando o que.
Ele não podia impedir diretamente, mas podia evitar o pior. Tentar.
Kastian estava quase chegando quando caiu de joelhos e não conseguiu se levantar. Adaely.
   — É um pedido dela, uma decisão feita por um Acordo de sangue e não irei hesitar em ajudá-la. — a voz de Adaely estava logo atrás, onde ela mantinha eles dois longe o suficiente de Kalissa.
   — Tem outro jeito!
   — Criança tola, você não pode evitar nada disso!
Naquele momento ele se sentiu impotente, seu irmão contava com ele para resolver aquilo, e ele precisava conseguir.
   — O que você...
Ele gritou, a dor era semelhante a cair – e ele lembrava muito bem como era esta dor –, algo parecia se rasgar e ele conseguiu se levantar.
   — Me-ajude-ou-morra-tentando-me-impedir.
Adaely ficou impressionada com tanta determinação, ela nunca viu alguém fazer aquilo, ninguém havia conseguido lutar contra seus poderes daquela forma.
   — Pegue sua vingança com Aron, Adaely. Eu cuido do resto.
Aquela chance era única para ela, ele sabia disso, então quando Adaely correu até Aron ele correu até Kalissa. O som das espadas se chocando foi absurdamente alto, ela parou e ele a encarou; seus olhos estavam completamente tomados pelas chamas, ele podia ver o fogo em suas veias e sua pele clara, o poder era quem estava no controle.
   — Saia do meu caminho, Kastian Morgenstair!
   — Não.
Mais uma vez as espadas se chocaram, mas Kastian não iria desistir.
   — Saia!
   — Não!
Kalissa atacava e Kastian defendia, impedindo que ela pudesse continuar, uma luta para dar a Adaely o tempo necessário para que pudesse fazer o que quisesse, mas os planos foram frustrados mais uma vez.
O grito de Adaely foi um choque para todos, Aron estava sangrando, mas havia conseguido arrancar o coração da feiticeira com o mesmo golpe usado para matar Christopher. O buraco em seu peito e sua boca aberta, olhos sem vida, a imagem perfeita de horror e dor.
Não.
Não, Adaely não.
   — Saia da minha frente!
Com um golpe poderoso, Kalissa jogou Kastian longe e avançou em direção Aron, mas ele já esperava aquele golpe e desviou no exato momento que a espada seria cravada em seu peito.
E surgiu logo atrás de Kalissa, chutando a garota para longe.
A espada caiu para um lado e ela para outro, Aron parecia estar usando uma nova força para lutar, e Kalissa sabia que se não resolvesse logo isso ele iria conseguir o que queria.
"Kastian, por favor...faça. Por favor."
Ela sabia que não podia pedir isso a Kaizo, ele estava ferido tentando se livrar de mais e mais demônios surgindo do mar como uma praga infinita.
"Kalissa, não..."
"Por-favor."
Quando Kastian se ergueu novamente, Kalissa respirou fundo e se levantou. Antes que Aron pudesse colocar suas mãos na espada, ela usou suas habilidades para lançar a arma na direção de Kastian que a pegou no ar, correndo até Aron.
Era agora.
Fogo surgiu nas mãos de Kalissa e ela lançava sem parar em Aron que desviava, xingando alguma coisa que ela não soube identificar. Ganhar tempo era uma tarefa simples, o Acordo dizia que o sangue de Kalissa precisava estar na lâmina da espada antes de ser cravada no peito de Aron...e ela havia feito isso.
O corte em sua mão já estava cicatrizado, mas era sua forma de seguir o Acordo sem estar diretamente se sacrificando, tudo que precisava agora era que um Morgenstair brandindo aquela espada acertasse o alvo.
   — Você nunca vai me derrotar, maldita garota! Eu vivi por quase mil anos!
Então ela riu.
   — Uma pena que não viverá até os mil.
E Kastian, que se aproximou sorrateiramente por trás de Aron, cravou a espada em seu peito. Estava feito. Quando o fogo começou a queimar Aron, Kastian largou a espada e se afastou deixando que fosse feito o que deveria. Ele gritava, mas nenhum som saía de sua boca enquanto seu corpo se tornava cinzas levadas com o vento.
   — Conseguimos, Kalissa! Conseguimos!...
Kalissa sorria, mas Kastian viu o sangue escorrendo pelo canto de sua boca. Ela caiu de joelhos, então ele pôde ver quem estava atrás dela.
Valerie.
   — Meu irmão acaba de morrer por sua causa, maldita! Eu jamais vou perdoar você!
   — Valerie!
O corpo de Kalissa caiu e Valerie sumiu antes que pudessem chegar até ela. O primeiro a pegar o corpo de Kalissa foi Hanna, desesperada e em prantos.
Tudo se tornou uma confusão novamente.
Aron estava morto, mas Kalissa também.