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Timent Veritatem - Eles temem a verdade

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A lua cheia estava brilhante e perfeita para ativar toda a inspiração de Kalissa que sorria distraidamente enquanto fotografava vários ângulos da bela noite. Ela deixou o celular gravando em uma configuração específica para ter uma boa foto e correu para pegar uma tela e tintas, pois além de fotos ela também queria pintar. O ar agradável da varanda de seu quarto soprava um vento suave não tão frio enquanto ela organizava sua tintas e pincéis, pronta para esboçar e começar a pintura.
De alguma forma que ela não sabia explicar, se sentia extremamente feliz e animada. Uma das suas coisas favoritas eram noites lindas como aquela, uma boa música e muito papel ou telas para pintar, aproveitando da empolgação para concluir desenhos pela metade ou fazer novos, o que seu coração mandasse. O cenário era perfeito: as árvores balançavam suavemente, o brilho da lua era como o brilho do sol deixando sombras perfeitas no solo, muitas estrelas e...

O que é aquilo?

Uma silhueta estava em uma das árvores, parecia um tipo de pássaro, mas definitivamente era grande demais para ser qualquer pássaro que ela conhecesse. São asas! Claramente são! A figura cresceu ficando de pé enquanto olhava diretamente para onde Kalissa estava. Outra brisa soprou fazendo as folhas das árvores balançarem, e no instante seguinte a figura não estava mais ali ou em qualquer outro lugar visível. Mas eu tenho certeza do que vi.
   — Tia!
Kalissa desceu as escadas correndo e foi até a sala onde sua tia estava bebendo chá com sua madrinha, pareciam estar no meio de algum assunto quando ela chegou.
   — Querida, parece que viu um fantasma. O que houve? — Julie perguntou, deixando sua xícara sob a mesa quando viu Kalissa e sua expressão de pânico.
   — Eu... — eu vi algo com asas. Não era um pássaro, eu tenho certeza que era humano...ou quase. Como ela explicaria isso sem parecer uma maluca? — Eu jurei ter visto um morcego entrar no meu quarto.
   — Quer que eu verifique? — Clarice se prontificou.
   — Eu...acho. — ela se sentiu idiota no mesmo instante que percebeu o quanto parecia ridícula sua desculpa totalmente sem sentido. — Acho que eu vi coisas.
Clarice e Julie trocaram olhares, e Julie riu.
   — Isso deve ser estresse escolar. Vem, vamos colocar um bom incenso em seu quarto e espantar energias negativas.
A garota quase riu daquilo, sentia como se fosse uma piada querer espantar energias negativas quando tudo parecia confuso e caótico não em seu quarto, mas em sua mente.
E incenso nenhum poderia ajudar nisso.

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Hanna tinha um bom poder de persuasão, ou Kalissa era boa demais com a amiga para dizer "não", então agora ela estava no carro em direção a Seattle para ajudar a amiga numa emergência de moda.
   — Eu ainda quero saber como um vestido desses acabou nesse estado deplorável. — Kalissa comentou enquanto olhava o vestido dentro da capa de proteção, que não havia protegido nada. — Tem certeza que não foi um rato?
   — A casa está dedetizada. Não deveria nem ter traças roendo minhas roupas ou cupim no móvel da sala. — Hanna parecia prestes a chorar de raiva, sua mão apertava com força o volante e ela piscava várias vezes a mais que o normal.
   — Eu nunca tinha visto esse vestido antes. É bonito.

Hanna sorriu.

   — Foi o vestido de casamento da minha mãe. Acho que meu maior tesouro, e eu pretendia usar ele quando também estivesse para casar... — ela explicou e sua voz foi ficando mais baixa, mais triste. — Eu na verdade só quero cuidar dele. Além de lindo, tem história, e uma linda história.
   — Eu imagino... — Kalissa viu os pontos brilhantes e perguntou: — O que é isso brilhante? Jóias?
   — São diamantes. Meu pai sempre se referiu a minha mãe como sua preciosa, e nas cartas ele a chamava de "meu diamante", que minha mãe era fascinada em observar. Quando se casaram, ele cravejou o vestido com diamantes, simplesmente porque ela gostava.
   — Uau! Seu pai era mesmo muito apaixonado.

A História de Uma Garota (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora