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Ohana



- Hana...  Acorda...

Passando Suas mãos suavemente por entre meus cabelos. Seu perfume me trazendo de volta à consciência mais depressa. Depois de um momento breve, consegui me situar, e lá estava eu, de volta ao quarto de Larissa, deitada em sua cama, coberta por muitos dos lençóis embolados. Ela estava ajoelhada, arrumada e perfumada com um tipo de blazer escuro, muito próximo ao meu rosto. Mais próximo do que o necessário.

- Desculpa te acordar tão cedo. É que eu tenho que ir trabalhar.

Pisquei os olhos algumas vezes, ainda um pouco atordoada por causa do sono, Que horas deviam ser?

- E você vai ter que ficar aqui... Sozinha.

Ela não tirou os olhos de mim. Também não se moveu um centímetro sequer, ou parou de me tocar. Mas eu podia ver que alguma coisa a incomodava.

- Você... vai ficar? Promete que não vai embora?

Medo. De novo, ela estava com medo de que eu a deixasse. De novo, ela considerava essa possibilidade, e me perguntei o motivo pelo qual eu mesma já estava começando a esquecer dela.

- Eu vou ficar.

Ela continuou me encarando, como quem quisesse buscar nas minhas palavras alguma pista de que aquilo era mentira. Pisquei algumas vezes para tornar meu olhar mais firme, até que ela finalmente pareceu acreditar em mim.

- Essa casa é sua, ok?

Não respondi, mas ela não pareceu se incomodar.

- Deixei o número do meu celular anotado, está em cima do criado mudo do quarto de hóspedes. Qualquer coisa que você quiser, ligue pra mim. E fique à vontade. Vou estar de volta à noite.

- Ok. - Respondi, olhando diretamente nos olhos dela.

Permanecemos em silêncio por um bom tempo, e pela primeira vez em muito tempo aquele silêncio não era desconfortável. Não era um silêncio carregado de desconfianças, segredos ou perguntas caladas. Era apenas aquilo.

Como se fosse a atitude mais natural do mundo, Larissa curvou-se um pouco para baixo e me beijou delicadamente nos lábios. Eu poderia protestar por ter acabado de acordar, mas me deixei levar pela sensação de ter seus lábios tocando com tanta suavidade os meus, em um ato single, mas com um significado tão grande que fez com que as batidas do meu coração perdessem o ritmo.

- Até logo.

- Uhum... - Foi minha resposta.

Ela saiu, me deixando sozinha naquele quarto imenso, e eu fiquei ali, completamente derretida e apaixonada por ela.

Merda.

Fiquei por um longo tempo me espreguiçando e ronronando feito gato nos lençóis amassados, não sabendo se queria sentir o cheiro do corpo dela ali ou o cheiro do perfume que agora estava suspenso no ar. Mas qualquer um dos cheiros me dava arrepios, então eu não me importava.

Como passar horas pensando nas noites que eu tinha com Larissa parecia ser agora minha mais nova mania, foi o que fiz. Lembrei dos seus beijos, seus toques, do seu evidente descontrole quando entrei em seu quarto. Nunca entendi exatamente o motivo de toda aquela fixação pelo perfume do meu creme, mas não poderia ter ficado mais claro que aquilo a fazia perder a cabeça.

Sorri com a lembrança de tê-la tão submissa a mim, tão entregue e impotente. De alguma forma, vê-la dessa forma fazia com que eu acreditasse, mesmo que por um momento, que ela realmente gostava de mim, e que aquilo tudo não era fruto de um distúrbio de personalidade ou sentimento de culpa por parte dela. Tê-la daquela forma fazia parecer que ela realmente me amava, que era minha.

My Dear Whore - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora