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Ohana


Nossa viagem de Natal estava chegando ao fim. Larissa não parava de se desculpar comigo, lamentando sobre a ausência de diversão e farra. Eu tentei convencê-la de que aquela havia sido a melhor viagem da minha vida, e embora ela parecesse contente com minhas palavras, ainda teimava em dizer que poderia ter sido muito mais interessante.

Eu duvidava.

- Odeio a parte em que todos vocês vão embora!

Alura estava obviamente triste, mas fazia questão de não parecer uma mãe completamente dependente da presença dos filhos. Ela era uma mulher forte, mas muito sentimental. Zorel permanecia imponente ao seu lado.

- Sempre acabamos voltando, mãe. - Larissa tentou confortá-la, dando um beijo carinhoso em sua bochecha.

- Mas demora tanto...

- Não se preocupe. Vou estar de volta na primavera.

- Jura? - Os olhos dela pareceram se iluminar com aquelas palavras.

- Juro.

Alura continuou olhando para a filha, mas agora seu olhar parecia um pouco enigmático.

Ela olhou para mim, a quatro metros de distância das duas, e imediatamente fingi estar distraída com o nó do meu cachecol.

- Ahm... Vou deixar vocês mais à vontade. - Falei, já caminhando para longe. Não pude ver a reação delas. Depois de alcançar uma distância que julguei ser razoável, olhei de volta para elas e vi que ela a abraçava com ternura e adoração, sem dizer uma única palavra.

- Nós pensávamos que ela viria sozinha.

Me assustei, mas não tanto, com a voz grave de zorel ao meu lado.

- É, eu sei. Gostaria que ela tivesse avisado.

- Acho que ela queria fazer uma surpresa, principalmente pra alura. Queria mostrar que agora estava tudo bem.

Encarei-o por algum momento, mas ele pareceu não perceber. Assim como eu há alguns segundos, parecia distraído com as duas figuras que se abraçavam a alguma distância de nós.

- Vocês a conheceram? - Perguntei, pensando em lucy.

- Infelizmente. Era uma interesseira. Alura nunca foi com a cara dela, era uma pista pra saber que ela não prestava.

Senti pena de Larissa outra vez. Não sabia em qual estado aquela mulher a tinha deixado, mas se fosse levar em consideração os testemunhos de tantas pessoas à sua volta, ela parecia mesmo ter estado perto de um suicídio.

- Vocês foram pros Estados Unidos quando ela ficou deprimida?

- Ela nos proibiu. Disse que se aparecêssemos lá, ela sumiria. Não quisemos arriscar, mas pedimos pra Alex ficar de olho nela.

- Vocês a conhecem? - Perguntei, um pouco surpresa.

- Conheço Alex e toda a família dela

- Você está fazendo bem a ela. Dá pra ver que está.

Aquilo não foi uma pergunta, então fiquei na dúvida se deveria ou não responder alguma coisa. Optei por ficar calada.

- Ela é meio cabeça dura às vezes, mas é uma boa menina... No fim das contas, tudo que ela quer é alguém pra cuidar, alguém com quem ela possa dividir um pouco das falhas e das vitórias da vida dela. Larissa sempre foi assim, e se alguma vez pareceu diferente disso é porque estava perdida ou com medo.

My Dear Whore - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora