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Ohana

Eu ainda estava na cama, exatamente do jeito que Larissa havia me deixado para ir tomar seu banho. O rosto ainda estava enfiado nos lençóis, as mãos ainda agarradas ao colchão. Eu ainda estava de bruços, imóvel.

Por quê? Por que eu havia permitido aquilo? Por que havia deixado com que ela tomasse posse do meu corpo tão completamente? Meu corpo...

Pela primeira vez na vida, eu sabia o que era um orgasmo. Não sei se foi forte ou fraco, mas sei que foi um. Mesmo sem nunca ter sentido antes. Porque, naquele momento, minha cabeça ficou estranhamente vazia, e eu experimentei um prazer fora dos limites da consciência. Sim, foi definitivamente um orgasmo.

O que ainda demorava a entender foi como eu havia sentido prazer. E por que, meu Deus, por que diabos eu havia deixado com que ela terminasse, com que ela me mostrasse de quais sensações meu corpo ainda desconhcia.

- Merda! Merda, merda, merda!

Eu me xingava mentalmente, na mesma posição na cama. Me xingava porque agora sabia que nem eu mesma me conhecia completamente. Me xingava por permitir que um cliente, uma estranha, tivesse me mostrado isso.

E me xingava principalmente porque, eu sabia, seria impossível colocar Larissa no nível de importância dos outros clientes agora.

A porta do banheiro abriu lentamente e eu me endireitei o mais rápido que pude. Fui deitar nos travesseiros, de costas na cama, coberta pelo lençol.

Ela saiu enxugando os cabelos com a minha toalha.

- Desculpa, tive que usá-la. Você deveria colocar mais toalhas no banheiro para seus clientes.

- Ok, avise a Talia para me comprar quinze toalhas por dia.

Ela parou, me olhando, processando a informação que eu acabara de lhe dar.

- É verdade desculpe... - Concluiu.

Esperei em silêncio.

- Você atende quinze clientes por noite?

- Não. Uns dez. - Por que estávamos conversando sobre isso?

- Entendo... - Disse, pensando um pouco e fazendo uma careta para si mesma. - Tenho que ir. Amanhã nos falamos.

E assim, sem dizer mais nada, saiu.

[...]

Acordei na manhã seguinte com o sonho fresco em minha memória: Larissa, Lençóis, Sexo, orgasmo e Dinheiro.

- Ótimo. Minha própria consciência contra mim.

Levantei de mau humor. Tomei um banho, passei meu creme para machucados e fui tomar café. Conversei por algum tempo com algumas meninas, mas já estava novamente no meu quarto, trancada, lendo.

Sentia-me protegida ali. Era meu castelo particular, meu esconderijo. Embora gostasse da companhia e da conversa das meninas e de Talia, passava a maior parte de meu tempo sozinha em meu quarto. Algumas garotas me achavam anti-social. Eu não ligava.

Hoje, mais do que nunca, precisava ler. Eu gostava de livros, sempre me levavam para uma realidade alternativa. Uma ficção onde eu poderia vagar com meus pensamentos até o limite da imaginação. Muitas vezes, me peguei imaginando meu próprio rosto em certos personagens. E sim, eu sempre me achava patética por isso.

Mas hoje, eu não conseguia me concentrar nas histórias.

Será que ela viria essa noite? "Amanhã nos falamos", ela disse. Será que foi só por falar? Será que me escolheria outra vez? Talvez escolhesse a garota nova. Talvez nem viesse.

My Dear Whore - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora