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Larissa

No dia seguinte, cheguei na Casa por volta das 21h, quando uma música agradável e sensual tocava não muito alto, proporcionando o ambiente caloroso que eu procurava sempre que ia lá. Passei por alguns casais que já aproveitavam a noite, sem o menor pudor, enquanto se atracavam nos cantos, finalmente chegando no bar e pedindo minha já habitual dose de whisky.

Olhei em volta procurando um rosto conhecido, e depois de algum tempo, quando não pude achá-lo, relaxei um pouco. Ohana não deveria estar naquele ambiente, porque se estivesse, os presentes achariam que ela estava livre. E ela não estava, porque eu providenciei isso. Muito bem providenciado.

- Olá, querida.

Virei-me e encarei Talia, com um sorriso um pouco forçado.

- Olá.

- Ohana está no quarto dela, se você a está procurando.

- Imaginei que ela estivesse lá - Respondi, dando um último gole em minha bebida e agradecendo a menina do bar que veio retirar o copo.

- Larissa- Talia segurou levemente meu braço, me olhando com mais significado do que o normal. O sorriso forçado não estava mais em seu rosto. - Posso te dar um conselho?

- Sim? - Falei, um pouco surpresa com a intensidade de sua atitude.

- Tome cuidado.

Fitei-a por algum tempo, sem entender muito bem o que aquilo significava. Como se ela pudesse ler meus pensamentos, completou.

- Não a torne muito especial.

Ainda não entendia muito bem o motivo daquilo, mas mesmo assim senti a necessidade de me defender.

- Não estou tornando-a especial.

- Não seja boba. É óbvio que está.

- Ela é uma boa amiga.

Talia me observou, sem falar nada. Depois de segundos, voltando do que parecia uma análise interna sobre mim, ela tornou a falar, se afastando logo em seguida.

- É um conselho, minha cara.

Fiquei imóvel, vendo-a caminhar para longe de mim, enquanto voltava a sorrir para alguns dos homens que brincavam com ela.

Fiquei pensando em que ocasião manter uma amizade com uma das garotas da Casa prejudicaria alguém. Não seria o caso para mim, já que eu realmente gostava da companhia dela. Não seria o caso de Ohana, porque, até onde eu sabia, ela também gostava de minha companhia, se eu fosse tomar suas próprias palavras como indicação disso. Também não seria o caso de Talia, porque nada do que se passava entre nós atrapalharia seus negócios.

Caminhei para as escadas que davam para o corredor dos quartos das meninas, enquanto ainda tentava entender o "conselho" que Talia acabara de me dar. Não sei o quanto aquilo tudo afetava a ela, mas eu esperava que não afetasse o suficiente para que ela se sentisse no direito de interferir no relacionamento que Ohana e eu tínhamos agora. Se ela tentasse fazer isso, nós teríamos problemas.

Cheguei à porta de seu quarto e bati, esperando por uma resposta. Uma voz abafada saiu de lá de dentro, me pedindo para que entrasse, então o fiz.

Ohana estava sentada na cama, com as costas apoiadas na cabeceira, segurando um livro agora fechado que eu identifiquei como sendo o mesmo livro que ela estava lendo há algum tempo. Vestia um short  confortável e um moleton preto, tão grande nela que parecia pertencer a alguém três vezes maior.

Ela me encarou com um sorriso largo e verdadeiro, tão lindo que eu tive que retribuí-lo.

- Olá - Comecei, fechando a porta atrás de mim e caminhando até ela. - Desculpa interromper sua leitura.

My Dear Whore - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora