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Larissa


Eu estava no meio do salão de Talia, que parecia estar mais cheia do que o normal. Não me lembrava como havia ido parado ali, mas não me importava com isso. O ambiente estava estranhamente escuro e frio, sem música, onde só podiam ser ouvidos os sons de gemidos altos e desagradáveis vindos do andar de cima e de conversas baixas - quase sussurros - ao meu redor, como se estivessem contando segredos uns aos outros.

Comecei a perceber que enquanto falavam, todos olhavam de esguelha para mim. Me perguntei o motivo de ser o assunto que corria por ali, então comecei a me sentir mal.

O bar estava vazio, sem meninas e sem bebida. Senti falta de uma dose de whisky, e minha boca ficou seca abruptamente. Sem opções, me convenci de que o melhor seria subir e encontrar Ohana.

Tão rápido quanto esse pensamento, Talia surgiu ao meu lado, segurando com força meu antebraço.

- Ela não está disponível.

- Como assim não está disponível? - Olhei em volta e pude notar que agora a conversa havia cessado e todos do lugar, clientes e garotas, nos encaravam.

- Você chegou tarde. Ela já tem um cliente.

- Não cheguei tarde merda nenhuma! Eu paguei pela semana dela!

- Ele ofereceu mais dinheiro, portanto ela é dele por agora.

Olhei incrédula para ela, enquanto tramava um jeito de me esquivar de seu aperto - mesmo que isso resultasse em quebrar o pulso dela - e subir as escadas. Como se pudessem ler meus pensamentos, alguns homens se moveram de forma a ficar entre mim e a escada, formando um escudo humano.

- Que merda é essa? - Falei, já exaltado - Eu paguei primeiro!

- Ela é um objeto desejado, querida. Entenda...

- Ela é MINHA!

- Ela não está a venda! Se quiser, alugue-a, mas não a considere sua! Ela não é, e nunca vai ser!

- Sua filha da...

- Por que você demorou? - Uma voz interrompeu meu xingamento. A voz que eu conhecia. Que eu procurava, e que nunca na vida desejei com tanta vontade ouvir.

Ergui os olhos e a vi. Ela estava com roupas que eu jamais a havia visto usar. Roupas vulgares, maquiagem pesada e um rosto triste. Embora as cores fortes em seu rosto fossem gritantes, não conseguiam tirar a atenção dos vários machucados que ela tinha na boca, em volta dos olhos e, descendo, por todas as partes do corpo, expostas pela saia indecentemente curta e pelo top quase transparente.

Uma puta.

Um objeto, com as marcas de todos os aluguéis ao longo do tempo.

- Eu esperei por você, mas você não veio. Pensei que você fosse me proteger.

O cenário havia mudado, e agora existíamos só nós duas, ainda em nossas posições, enquanto todos os outros coadjuvantes haviam desaparecido. Fui tomada por uma esperança ao ver que podia caminhar até ela, mas minha alegria durou o tempo necessário para que eu me desse conta de que não conseguia me mover. Tentei falar alguma coisa, mas minha voz também não era audível.

Eu estava impotente, e só podia rezar para que ela pudesse ler meus pensamentos. Mas ela não podia.

- Você disse que estaria por perto.

Eu disse... Eu vou estar!

- Você mentiu pra mim.

Não menti, eu quero estar!

My Dear Whore - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora