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Ohana

Ter Lara agora me fazia sentir mais a falta dos meus pais, e eu não sabia o motivo. Alguma parte de mim queria tê-los por perto para mostrá-los a incrível obra de arte que eu havia trazido ao mundo, e vê-los felizes com uma netinha linda que eles jamais puderam ter. Queria também mostrá-los o tamanho da minha felicidade, e como, na verdade, tudo melhorou depois que Larissa apareceu na minha vida.

Eu queria que eles tivessem conhecido Larissa.

Eu gostaria que eles estivessem aqui.

Era bom ter Alura e Zorel sempre por perto. Era em momentos onde minha tristeza órfã aumentava que eles faziam com que eu me sentisse em casa, dentro de uma família, sem nunca achar que aquilo era apenas gentileza. Eu realmente pertencia àquela família, e isso era algo maravilhoso. Mais maravilhoso ainda era saber que a minha filha, a pessoinha que eu mais amava no mundo, fazia parte dela também.

Embora os cortes da minha operação ainda doessem, tudo no que eu conseguia prestar atenção era a presença dela. Talvez eu pudesse até me importar com o fato do parto não ter sido da forma como eu queria, mas depois do Dr. Lewis ter explicado exatamente o que havia acontecido e de toda a dificuldade do processo (porque tudo havia passado tão rápido que eu não fazia idéia de nada), tudo que fiz foi agradecer por simplesmente ter minha filha comigo. Viva, saudável e faminta.

Alura e Zorel pareciam radiantes com a presença dela nos horários de visita, e tudo que Larissa fazia era encará-la como se ela se fosse uma mini bomba atômica. Lara era assustadoramente quieta, exceto quando estava com fome. Por isso era comum vê-la entrando no quarto aos berros no colo de uma enfermeira e assisti-la ficar repentinamente calma quando alcançava meu peito.

Doía um pouco. Ela era violenta e nada sutil. Mas eu não conseguia realmente sentir a dor.

O sono parecia tomá-la depois de cada furiosa refeição, mas ela não se dava por vencida antes de passar algum tempo analisando cheia de curiosidade os rostos sorridentes ali. O rosto de Larissa era sempre o que parecia chamar mais a sua atenção, e era sempre no colo dela que ela acabava dormindo, exausta da tentativa de entender quem era ela e por que parecia se derreter toda por ela.

Ela, por sua vez, não disfarçava sua mais nova obsessão, e mesmo que passasse todo o tempo permitido do meu lado, me mimando da forma que sabia fazer muito bem, era só Lara entrar em cena para que eu fosse imediatamente esquecida e substituída por ela. Mas eu não ficava chateada. Na verdade, sinceramente, achava aquilo adorável.

- Contanto que ela seja a única mulher que você prefira a mim, tudo bem. - Falei repentinamente enquanto ela a ninava depois do almoço.

Larissa sorriu de maneira simples, desviando o olhar da filha só por um segundo para me encarar com uma expressão que dizia "não seja boba".

- Não estou reclamando. - Concluí.

- Claro que não está. - Ela murmurou, voltando a encará-la - Você sabe que eu amo as duas de formas diferentes.

- Tudo bem. - Ajeitei o travesseiro atrás de mim e deitei devagar, agindo de maneira casual - Mas quando o resguardo acabar eu vou exigir que você me mostre isso.

Levantei uma sobrancelha tentando parecer sedutora, mas me achei ridícula. Ela me encarou outra vez, com a mesma expressão tranquila de antes. Isso era bom: Pelo menos Larissa não estava rindo da minha cara.

- Ah, meu amor... - Ela começou de maneira simples, como se estivéssemos conversando sobre presentes de Natal - Assim que o resguardo acabar eu vou te mostrar exatamente de que forma eu te amo.

My Dear Whore - OhanittaOnde histórias criam vida. Descubra agora