Capítulo 3

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Ok, eu estou tendo um pequeno surto interno nesse momento, mas a gente pode fingir que não, né?

- Coloquem as mãos na cintura delas, meninos – A professora de dança diz,  e sinto dedos encostarem de leve minha cintura e minha respiração prender – Vocês mal sabem fazer isso, credo.

Sinto a mão de Aquiles encostar inteira na minha cintura, ele é um pouco mais baixo que eu, a professora continua falando os passos, fico atrasada nos passos por conta que minha cabeça só estava focada nas mãos encostadas em mim. Só sei que em algum desses passos houve um giro que me fez ficar mais atordoada do que já estava. Olho para o lado e vejo o único casal de verdade nessa dança, Pietro e Thiana. Dançando todo desengonçados, pisando um no pé do outro e rindo conforme fazem isso sem perceber. Os dois são um ano mais novos do que nós, mas a gente inclui eles no nosso grupinho; Começaram a conversar a pouco tempo, não entendi muito sobre como que eles começaram a conversar, mas depois eu pergunto a Aquiles. Falando em Aquiles, as mãos dele seguraram mais forte quando voltei daquele giro que me deu tontura.

Eu amo São João, mas odeio essa quadrilha que a escola inventa, eu só tô participando pra ganhar pontos, porque se não, nem aqui eu estaria. Mas até que não está sendo ruim. Ouço um estrondo atrás de mim e quando noto a situação, começo a rir descontroladamente.

- Ai! – Cecília coloca a mão na cabeça.

Cecília está no chão, que acabou de cair porque Henrique não segurou-a direito na hora do giro.

- Foi mal! – Henrique diz, estendendo a mão pra ela, que estava emburrada - Oh doidera.

Ouço a risada alta de Naomi, que estava do lado de Aquiles.

- Lina tá chorando! – Ela aponta para a menina de cabelos longos e cacheados, Lina, que estava com lágrimas nos olhos de tanto rir.

- Ah não – Aquiles fala, cobrindo o rosto com as mãos – Essa nega ri de tudo, parceiro.

Tudo, absolutamente TUDO, que Lina achar muito engraçado ela automaticamente vai começar a chorar de rir, é frequente isso, e é muito ela.

- Vamo pessoal, voltando – Leyla diz, e todos nós ignoramos.

Cecília levanta e cruza os braços, se rendendo e começando a rir junto com a gente.

- Eu me virei, vi só o cigano girando ela e ela tropeçando no pé dele e ele sem saber segurar e ela caindo de bunda no chão – Pietro imita os movimentos e a situação se torna 10 vezes mais engraçada.

- Vem cá, Pietro – Aquiles puxa Pietro pelo braço e começa a imitar como foi a cena.

A esse ponto, Lina já chorou mares de tanto rir, Naomi perdeu as forças, minha barriga está doendo e a professora...bem, furiosa.

- Doido, mas foi uma cena tão poética! Tão...linda! – Naomi brinca, enquanto descrevemos a cena para o resto do grupo que não estava lá.

- Ai o Aquiles e o Pietro começaram a imitar a queda, e eu não aguentei – Digo, e os meninos começam a rir.

- Imita ai, vai, Pietro e Chico – Fernanda pede e Aquiles cobre o rosto, rindo também.

- Não, não. Foi uma visão exclusiva para quem estava presente no momento, a não ser que você faça um pix pra mim e pra Pietro – Aquiles responde – Não sou ator de graça não, minha filha, tenho que ter meu ganha pão, ox.

- Ai dento – Ela faz uma careta.

- Sério, eu chorei de tanto rir – Lina começa a rir de novo.

- Essa menina ri de tudo também, minha nossa senhora – Naomi puxa a cadeira para perto da gente.

- Gente, eu odiei esse assunto, vamos mudar – Cecília faz um sorriso forçado.

- Eita que o Henrique não tá sabendo nem segurar a menina, que isso, cigano? – Julio brinca.

Julio, mais conhecido como pinto molhado, ou, para os mais antigos, foragido, é o piadista mais chato do grupo. Esse cabelo loiro escuro arrepiado realmente parece um pintinho, e é ridículo.

- Vai se lascar, Julio!

- Óia, respeite o julin rapaz – Pietro diz.

- Mas como diabo isso aconteceu? – Giulia pergunta – Por que, sei lá, o Cigano não conseguiu segurar ela? Como foi isso, pela amor de Deus?

- Então, foi assim, oh – Aquiles começa a contar a história e eu me perco um pouco nos olhos castanhos e fundos dele. As levantadas de sobrancelhas quando vai falar alguma informação que ele deixa mil vezes mais engraçada. As passadas de mão na nuca, que mechem um pouco nos cabelos castanhos dele. Ah, meu Deus, eu não posso me apaixonar.

Nossos Finais (nem sempre) FelizesOnde histórias criam vida. Descubra agora