Capítulo 25

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Aquiles – pov

Pisquei e é Setembro. Julho e Agosto passaram rápido, entediantes e sem nada de especial. Continuo conversando com Ellen, e por incrível que pareça, sequer nos beijamos e eu já estou louco por ela. Sou romântico né, pai.

- Cadê Pietro pra abrir a caceta desse portão – Eu digo, tocando a campainha da casa de Pietro.

Em um susto, o portão começa a abrir e vejo um menino, baixo, magrelo, de cabelos raspados e com a pele marrom clara, parado em nossa frente.

- Fala, Pietro – Ele bate na minha mão e depois, cumprimenta Henrique.

- Entra – Ele diz.

Entramos na casa, e uma cachorra começa a latir desesperadamente. Uma poddle pequena, com dois lacinhos rosas na cabeça, rosnando como um bicho horrível.

- Misericórdia – Eu começo a correr para o quarto de Pietro, fugindo dela.

- Que isso Aquiles? Com medo da cachorra rapaz – Henrique tanta tirar onda da minha cara e logo após começa a correr.

Ela começa a latir pra ele, que vem atrás de mim e sobe na cada de Pietro, juntamente a mim.

- Sai! Vocês são mole mesmo, viu – Pietro coloca- para fora do quarto e fecha a porta – Com medo da cachorra.

- Também, parece um demônio versão cachorra – Eu digo.

- Óia, rapaz, fale assim dela não, viu – Pietro diz – E aí?

- E aí o que? – Henrique rebate.

- Oxi, e aí vocês - Pietro responde.

- E aí nois o que? – Henrique continua parecendo estar confuso.

- Vai se fuder, Cigano – Pietro ri, sentando na cadeira da escrivaninha dele.

- Eu tô ótimo – Digo, apoiando as costas na cabeceira.

- Eu tô bem também – Henrique fala.

- E a nega, Pietro? – Eu pergunto.

Ele respira fundo, levanta as sobrancelhas e olha pra mim.

- Tá indo, vamos sair sábado né, ver se rola esse fica aí.

- Eu preciso ir – Digo.

- Porque tu e Ellen não ficam lá, também? – Pietro sugere, dou um estalo na língua.

- Deixe eu e a Ellen em paz, viu? A gente não quer planejar "fica" não, da última vez não deu certo. Quando for pra dar certo, vai dar.

- Vixi, filosofou agora – Henrique fala, cruzando os braços.

- Eu sou filósofo, rapaz – Respondo.

- Tropa de Shakespeare, homi – Pietro pega o celular e tira uma foto nossa distraídos.

- Minha filosofia é melhor que a de Chico, ainda.

- Como é, Cigano? Tá me estranhando, é? – Ele olha pra mim e levanta as sobrancelhas – Vem pro murro, cabinha.

Ele imita os punhos de luta e eu faço mesmo, começamos uma briguinha, trocando murros ( de uma forma saudável, não batam no coleguinha, crianças), alguns puxões de cabelo e de repente estamos no chão. Pietro gravando-nos, e nós ainda puxando os cabelos e segurando os punhos um do outro, como três malucos, que é o que nós somos.

A luta finalmente acaba e nós estamos aperreando Kira, que mora no andar de cima.

- Essa cachorra – Pietro diz.

- O QUE ÉÉÉÉÉ?! – Kira grita, do andar de cima, na sacada.

- DESÇA AÍ, SEBOSA – Pietro responde, olhando pra cima e gritando.

- ESSES DESABRIGADO JÁ TÃO AI DE NOVO?

- ÓIA O RESPEITO, CACHORRA -Pietro grita de volta.

- ESSES MENINOS NÃO TEM CASA NÃO, É?

- DESÇA LOGO, RAPARIGA.

- EU JÁ VOU, SEU CACETA! – Ela grita e volta para dentro de casa.

A relação desses dois é de amor e ódio, uma hora se xingam, outra hora estão conversando como dois melhores amigos. Não entendo.

- Bia disse que Lina ia ficar comigo sábado, tá ligado? – Pietro diz, quando nos sentamos no sofá e esperamos Kira descer.

- Tô ligado – Respondo, Bia e Pietro são bem amigos, quem imaginava, né? Se xingam tanto que nem parece que conversam horrores.

- Eu sei beijar não, parceiro – Ele diz, levemente nervoso – Eu vou na fé de Deus.

- É isso aí, óia, depois eu dou umas dicas pra você - Eu digo e vejo Kira bater no portão.

- JÁ VAI, PERAÍ, SEBOSA – Pietro grita e vai abrir o portão para ela.

A menina de cabelos lisos, olhos grandes, uma camiseta cinza e um short jeans aparece.

- E aí, Kira – Eu cumprimento-a.

- E aí, desabrigados – Ela brinca e senta no sofá.

Nossos Finais (nem sempre) FelizesOnde histórias criam vida. Descubra agora