Capítulo 37

12 1 4
                                    

Aquiles – pov

- E aí, cara? – Pietro arrasta a bicicleta até uma ponta da arquibancada da quadra da escola.

- E aí, o que?

- E a Ellen, seboso?

- Ah, foi o que eu falei – Respondo, cabisbaixo.

- Tu falou com ela pelo menos? – Julio cruza os braços, sentando no ponto mais alto da arquibancada e tirando a bolsa das costas.

- Não, vai que a mãe dela manda me matar – Digo.

- Que mandar te matar, homi? – Julio coloca as mãos na cabeça.

- Sei lá, caralho.

- Nois vai pro cabaré hoje, homi – Pietro encosta a bicicleta na arquibancada.

- Vou porra, Pietro – Eu falo.

- Ai tu vai ficar ai sofrendo, é?

Fico calado, mas sinceramente, eu responderia que sim.

- Fique calado ai, Pietro – Julio estala a língua – Fale com ela.

Ele me sacode pelos ombros.

- Sai, porra – Eu dou tapas nas mãos dele – Eu vou!

- É, vai que ela fala com a mãe dela, rapaz.

Assinto com a cabeça, abaixando-a.

- Bora, vamo pra casa, chegar em casa você fale com ela, viu? – Julio desce, agarra a bolsa e sobe na bicicleta.

Eu levanto e faço a mesma coisa, andando até a saída da escola e indo embora.

Confesso que não esperava algo do tipo depois de tudo. Se bem, que sábado ela levou uma bronca por ter chegado depois do combinado em casa, que tecnicamente...foi um pouquinho minha culpa. Mas, eu não achava que iria receber uma mensagem da mãe dela numa segunda a noite praticamente me ameaçando. E ter que ficar "estranho" com a Ellen, é um sentimento muito horrível, mas eu não tive muita escolha. Afinal, eu que não vou passar por cima das ordens da minha sogra, ou, ex-sogra.

- Desembucha – Dou quase um pulo na cama quando ouço a voz de minha mãe na porta do quarto.

- Que?

- Tu tá triste, não foi pra casa de Pietro hoje, nada – Ela senta no canto da minha cama – Diz o que foi.

Respiro fundo e me viro na cama, me sentando de frente pra ela.

Minha mãe não é muito daquelas que quer saber de tudo que acontece, mas ela é muito daquelas que ama conversar sobre o que tem acontecido. E, ela me conhece melhor do que ninguém. Coço a nuca, procurando maneiras de como falar isso pra ela.

- A mãe da Ellen – Ela me olha desconfiada – Ela...me "proibiu" de falar com ela.

Faço o sinal de aspas com as mãos e ela parece ficar mais intrigada.

- Ellen era minha futura nora? – Assinto com a cabeça, abrindo um sorrisinho e ela abre um sorriso desconfiado – E porque que a mãe dela falou com você pedindo isso?

- Que isso ia atrapalhar ela, e que a gente não tinha idade pra isso – Cruzo os braços, puxando o cobertor pra me cobrir.

- Ah – Ela olha pra baixo e respira fundo – É, ela não tá errada. Você falou com a Ellen?

- Não, ainda não.

- Pois fale, porque ela conhece a mãe dela mais do que ninguém, e nada se encerra sem antes uma conversa – Ela me olha com o olhar confortante de sempre – E, se vocês realmente se gostem, daqui a pouco vocês arrumam um jeito de voltar a se falar.

Balanço a cabeça desanimadamente, sentindo uma dor de cabeça vir.

- Não fica assim não, tá? Vem cá – Ela abre os braços, a espera de um abraço.

Puxo a respiração e descruzo os braços para abraça-la.

Eu tenho um milhão de problemas, mas ter uma mãe que não me escute ou que não me entenda, felizmente, não é uma delas.

Nossos Finais (nem sempre) FelizesOnde histórias criam vida. Descubra agora