Nossos Finais (nem sempre) Felizes

Capítulo 27

Aquiles – pov

É sábado (aquele famoso sábado que Pietro tanto estava esperando). Está praticamente o grupo inteiro, Naomi, Eu, Lina, Pietro, Ellen, Cecília, Kira, Henrique e Violeta.

- Eu tô doida pra ver esse negócio – Ellen fala, pegando um pedaço de pizza e sentando ao meu lado.

- E eu – Respondo.

Pietro e Lina estão um do lado do outro, parecendo dois bebês de quatro anos, aqueles que quando dão as mãos parecem morrer de tanta vergonha e de tanto rir.

- Terminar de comer e a gente vê – Naomi fala, rindo.

E terminamos, estamos enrolando e conversando na mesa.

- Hoje vai render muita coisa, amém – Violeta sorri.

- Vai render só para as duas crianças ali – Kira aponta para Lina e Pietro.

Lentamente, coloco meu braço debaixo da mesa, colocando ele em cima da coxa de Ellen, que ajeita a postura. Mexo meu polegar em círculos lentos, fazendo carinho de leve em sua perna.

- Isso não vai acontecer logo, não? – Cecília pergunta e cruza os braços.

- Bora, Pietro e Lina – Naomi fala.

- Siga minhas dicas, Pietro. E Lina, não morde a língua dele, por favor – Henrique diz.

- Te cala, Cigano – Pietro levanta e Lina também.

Me obrigo a tirar minha mão da coxa de Ellen e eu e ela levantamos.

Essa foi a cena mais estranha que eu já vi na minha vida. É só isso que eu tenho a dizer.

- Não entendi essas mãos nas orelhas – Eu digo – Eles tão tentando tampar o ouvido um do outro, é?

Naomi começa a rir.

- Então! – Ela solta uma gargalhada – Que diabo de beijo foi esse, homi.

- Misericórdia, gente – Ellen coloca a mão na boca, segurando a risada.

- E essas linguada na testa? – Falo – Que porra é essa, Meu Deus.

- Doido – Naomi continua rindo sem parar – Meu Deus, eu vou tirar sarro de Lina pro resto da vida.

- E eu vou tirar de Pietro – Henrique fala.

Acho que vocês não estão entendendo o quanto isso foi feio, língua na testa, no nariz, mãos nas orelhas, rápido, lambida na bochecha. Puta que pariu. Foi o primeiro beijo dos dois, o que daria até pra dar um desconto. Mas foi uma coisa tão esquisita que não tem condições de dar um desconto pra isso.

- Cala a boca – Lina fala – Tu filmou?! Apague.

- Eu não - Ellen começa a rir e guarda o celular.

- Olha, homi, eu vou é embora – Lina fala, pegando o celular e ligando pra mãe dela.

- Acho que eu nunca ri tanto com uma cena de beijo – Naomi fala.

- E eu acho que nunca vi uma cena tão feia de beijo na vida – Eu digo.

Naomi solta outra gargalhada.

- Doido, foi mão na orelha, lambida na testa.

- Então, diabo foi isso – Ellen fala, também soltando uma gargalhada.

- Cara, eu tô traumatizada – Kira senta na cadeira ao lado de Lina.

- Cala a boca, sebosa – Pietro senta ao lado dela e pega o celular.

E depois de muitas e muita e mais muitas piadas sobre o tal beijo, que eu nem sei se aquilo pode se chamar de beijo, começamos a andar para ir embora. Como sempre, vamos andando.

- Isso vai render piada até os próximos anos – Kira diz.

- Com certeza – Concordo.

- Vira aqui, a gente vai pra casa – Pietro vira a bicicleta na esquina – E a Ellen e o Aquiles vão pro outro lado, né?

- É – Digo – Vou deixar ela em casa e depois subo pra ir.

- Beleza, valeu, Chico – Ele diz.

- Valeu, linguada da testa.

- Vai se lascar – Pietro rebate e eu rio.

Me despeço de Pietro, Henrique e Kira. Continuo andando, empurrando a bicicleta com Ellen, andando do meu lado.

- Eu quero ver o que eles vão falar quando ver o vídeo.

- Misericórdia, Lina vai me matar – Ela responde.

- Mata nada, esse vídeo vai virar cena de filme de terror – Eu sorrio ao ouvir uma risada baixa dela.

- Realmente.

Ficamos em silêncio alguns minutos até eu lembrar algo que eu tinha de dizer a ela.

- Pietro tava mandando eu ficar contigo lá, formar o tal do quatro é par, mas eu disse que eu e tu tava deixando acontecer, sabe?

- Sei, mas é mesmo – Ela balança a cabeça – Imagina ser igual esse beijo ai desses dois loucos, misericórdia.

- Tá amarrado, homi – Eu me benzo – Nem fale isso.

- Mas é melhor a gente só ir deixando acontecer mesmo.