Capítulo 47

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A pergunta foi como um tiro em meu peito. Ele realmente achava que eu não tinha nem tentado? Que eu apareci namorando e que minha mãe só aceitou porque com o Igor eu tentei mas com ele não?
A resposta foi como um desabafo.
- Tentei mais do que podia, acredite, eu queria que ela não estivesse tão preocupada na época.
Ele assente, convencido. Mas eu simplesmente não consigo controlar minha boca.
- Minha mãe tava com muita raiva das minhas notas. Muita raiva de mim. Por isso não teve nem negociação com ela. E, espero que você não tente sequer pensar que eu tivesse desistido tão fácil. Porque eu não fiz isso. E só eu.. e a Lina, sabemos o quanto eu confrontei e tentei fazer algo pra que ela ficasse tranquila - Abaixo mais o tom de voz e por um instante parece que só temos nós dois na sala inteira, na casa inteira. Merda, Ellen, cala a sua boca - E como eu sofri com isso. Como sofri com você sendo meu amigo e me chamando da mesma forma que você me chamava quando estávamos juntos. Como foi difícil imaginar você com...Enfim.
- Com o quê? - Ele me pergunta, parecendo extremamente interessado.
- Com a menina que você ficou.
Houve alguns boatos de que ele havia ficado com uma menina, e eu não quis saber de muitos detalhes e nem se era verdade, afinal, meu vínculo com ele não existia mais.
- Eu não fiquei com ninguém - Ele parece estar desesperado para me garantir isso -  depois de você.
Saio do transe que estava quando um celular começa a tocar. Lina se espanta e atende, saindo de perto de nós.
- É, gira de novo - Digo, tentando fingir que não praticamente cuspi tudo que estava guardado comigo esses dias.
- Calma aí - Cecília está completamente paralisada com a boca aberta, em choque - Eu tenho que absorver o que aconteceu aqui.
Olho de relance para Aquiles e vejo que seus olhos ainda estão fixos em mim. Sem desviar por nenhum minuto.

Depois de alguns giros e alguns desafios e várias verdades (Mandar mensagem pra ex, passar trotes para alguns restaurantes, admitir algumas coisas, responder perguntas constrangedoras, entre várias outras coisas). Maitê, Júlio, Henrique, Naomi e Ceci foram embora. Restando apenas eu, Bia, Aquiles e Pietro. Dentro do quarto de Bia, fofocando, como sempre.
- Cecília sempre foi doida pelo Cigano, não é novidade pra ninguém  Digo, entrando no assunto.
- É, isso aí é verdade - Aquiles concorda.
- Homi, um homem gostoso daqueles, até eu se fosse mulher ia ser apaixonada nele, quem dirá Cecília. O homem malhado, preto, bonito, cacheado - Pietro começa a listar as qualidades de Henrique.
Eu e Bia nos entreolhamos, arregalando os olhos.
- Ás vezes eu duvido da sexualidade de vocês, cara.
- Né isso - Concordo com Bia.
- Óia, rapaz - Pietro cruza os braços.
- Ei, vocês ficaram sabendo? - Aquiles parece se lembrar de algo.
- Não, mas quero saber - Bia diz - Desembucha.
- Yasmin tá namorando.
- Eu fiquei sabendo, parceiro! Não lembro quem veio me contar - Bia conta - Mas nem me interessei. Ela não me interessa, na verdade.
- Nem a mim - Estico as pernas na cama - Lina que me disse.
- Sou amigo de uma menina que estuda na sala do namorado dela - Pietro cruza as pernas na cadeira - Bella.
- Ela é amiga de uma amiga minha, doido - Bia diz - Cidade pequena da peste.
- Né isso - Aquiles mexe devagar em um porta canetas da escrivaninha de Bia - Todo mundo conhece todo mundo.
- Inclusive, não tem tua ex, Pietro?
- Qual delas? - Pietro pergunta.
- Thiana, menino. Virei amiga dela, ela é muito gente boa, não é tudo isso que vocês falavam não, faltaram destruir a menina naquela época - Bia fala.
- Ei, coitada, doido - Digo, demonstrando meu arrependimento pelas coisas que já falei para Thiana - A gente pegou ódio dela por culpa desse indivíduo aqui.
Aponto para Pietro que murmura um "sebosa".
- Eu vou é pra casa, homi - Pietro se levanta - Pai me mata se eu chegar tarde demais. Vai comigo, Chico?
- Vou - Ele levanta.
- Minha mãe já chega também - Digo.

Bia levanta e acompanha-os até o portão, depois, volta pra dentro e vem até mim.
- E aí, mulher? - Ela sorri pra mim - Se me permite perguntar...
Eu sei o que vem a seguir, eu acho que sei. Porque eu sei o que eu falei hoje, e sei que falei demais. Que merda, Ellen, porque todas as vezes você não consegue ficar calada quando começa a falar?
- O que caralhos foi aquele desabafo no meio do verdade ou consequência?
Eu falei.
- Pra falar a verdade - Respiro fundo - Eu não sei. Minha cabeça simplesmente esqueceu que eu estava na porra de um meio de um monte de pessoas. Argh. Que raiva de mim mesma.
Esfrego as mãos no meu rosto, me afundando nos travesseiros. Bia senta senta ao meu lado na cama, me observando com um leve sorrisinho no rosto.
- Foi foda pra caralho.
- O que? - Pergunto, levemente confusa.
- Foi foda pra caralho - Seu sorriso aumenta - Parecia coisa de filme adolescente. Claramente uma coisa que eu leria em alguma fanfic.
Eu sorrio, menos constrangida.
- Pra vocês deve ter sido ótimo, agora pra mim...
- Esquece isso - Ela fala, reconfortantemente - E seu namorado?
- O que tem o Igor? - Pendo a cabeça pra trás e viro na direção de onde Bia está sentada.
- Como que isso aconteceu tão do nada? De um dia pro outro você surgiu com esse homem, diabo é isso?
- Se eu te falar que nem eu sei - Sorrio - Foi muito do nada, de verdade, as ele é um cara incrível, mesmo.
- Eu imagino, que bom - Ela se inclina pra me dar um abraço.
E eu retribuo.

...

Praticamente me jogo na cadeira, me deitando em cima dela.
- Que isso, Ellen? - Escuto a voz de Lina.
- Eu tô a beira da morte - Sento de lado e jogo a cabeça pra trás, esfregando as mãos pelo meu rosto, tentando esconder minha cara de acabada.
- E o que foi?
- Passei a noite estudando, não aguento mais ouvir sobre Física e nem Química.
Bom, comecei estudando ás sete da noite, Física. Estava bem disposta e totalmente desesperada para essa prova. Terminei ás cinco da manhã, terminando o conteúdo de Química. Eu juro que se vierem falar qualquer coisa sobre condução eu vou quebrar o nariz dela.
- Ave maria, mermã - Lina arregala os olhos - Eu estudei hoje de manhã e ontem a noite.
- De manhã eu dormi o máximo que pude.
- Foi dormir que horas, minha filha? - Cecília senta na cadeira.
- Cinco da manhã.
- Misericórdia.
Junho começou e as provas estão acabando, graças a Deus. Estou quase entrando em estado de loucura extrema. Na verdade, eu acho que eu já estou nesse estado. Tenho estudado como uma maluca obcecada em tirar notas boas que não precisa dormir e nem comer, só estudar.
Ah, na real, eu sou isso.
- Amanhã eu vou sair com o Igor - Digo para Lina - Aniversário dele.
- Eita, menino - Lina sorri - Vai fazer o que pra ele?
- Vou comprar alguma coisa com minha mãe amanhã cedo, é sexta-feira, então as coisas vão estar abertas. Talvez fazer alguma carta , não sei exatamente.

Nossos Finais (nem sempre) FelizesOnde histórias criam vida. Descubra agora