Blood Mind | Black Clover

Festival das Estrelas

O festival das estrelas era muito aguardado no reino Clover. Todos os esquadrões estariam presentes para o anúncio do Rei Mago, que diria a colocação de cada esquadrão pelo número ganho de estrelas. Quando Jack chegou com Rob e Sekke, foram surpreendidos por alguém logo na entrada.

— Maninha Rob! — Sol gritava, trazendo um objeto em mãos — Desculpe, eu ia levar pra você quando saiu da internação, mas eu esqueci. — ela entregava a caixa para a outra, saindo logo em seguida para encontrar Charlotte.

— O que é isso? — Sekke perguntou, enquanto via os olhos da loira brilharem.

Ela apenas sorriu e pôs uma das alças da caixa nas costas, dizendo que talvez eles descobririam depois. Na verdade, a moça estava com vergonha de expôr um de seus talentos naquele momento.

Passaram algum tempo andando pelo festival, até Jack e Yami se encontrarem, começando mais uma de suas rivalidades. Por alguns segundos, Rob se preocupou, pois achavam que realmente iam brigar.

Mas quando viu ambos montando suas barracas para disputar quem vendia mais comida, ela não conseguiu controlar a risada. Pareciam duas crianças disputando.

Ela foi pegar uma cerveja e, quando voltou, os dois continuavam disputando... Na verdade, nem ela sabia. Brigavam com os polegares, tentavam enfiar os dedos nos olhos um do outro. Aquilo era de fato engraçado, até Yami chamar Finral para irem para outro local, iniciando uma briga de verdade.

A garota sentou em uma pedra mais distante para apreciar a luta. Estava bêbada o bastante para não se importar com os dois que praticamente se matariam, se não tivessem sido impedidos pelo próprio Rei Mago, que estava escondido em algum local.

— Vejo que já está bem, Rob. — Julius se virou para a garota após prender o restante em sua magia temporal.

— Sim, agradeço a preocupação. — ela deu um leve aceno com a cabeça — E obrigada por impedir os dois.

— Bem, não podemos ter perdas por agora. — ele sorriu gentilmente — Vou te fazer rir um pouco para comemorar que está melhor, sim?

Ela assentiu e Julius desapareceu, desfazendo a magia. Quando os dois capitães tocaram o chão, seus zíperes abriram e suas calças foram descendo por suas pernas, os deixando apenas de roupas íntimas.

Rob não teve autocontrole ao se engasgar com a cerveja, rindo até sua barriga doer. Aparentemente, Julius tinha o mesmo humor besta dela.

— Mas rapaz... — Asta disse enquanto olhava os dois.

— Tá rindo porquê? Você já tinha visto mesmo. — Sekke se pôs ao lado da amiga, sussurrando.

— E você deve tá querendo ver também, do jeito que estava torcendo pro capitão. — ela o provoca de volta.

— Tá com ciúmes? — ele sorri ladino, a cutucando com um cotovelo.

— Ih, que papinho hein. — Rob se levanta, indo até o portal de Finral.

Todos retornaram ao festival e, mais uma vez, Jack e Yami estavam brigando, mas dessa vez pela pontuação final deles. Aparentemente, a rivalidade dos dois nunca iria acabar.

•••

— E, em terceiro lugar, Os Louva-a-Deus Verdes com 120 estrelas! — a platéia aplaudia o esquadrão — E a pessoa que mais ganhou estrelas foi Rob, que derrotou sozinha um membro do Olho do Sol da Meia Noite!

A garota estremeceu ao parar ao lado de seu capitão. Toda a animação do festival havia sumido naquele momento, pois seu coração apertou ao lembrar da luta contra Ross e o mais importante: ela não havia o derrotado, o irmão tirou sua própria vida.

Apesar de tudo, ela forçou um sorriso em frente ao povo de Clover, que a aplaudia com fervor. Sua irmã não estava e, só depois, a garota descobriu que ela havia bebido e estava adormecida após uma competição com Vanessa, dos Touros Negros. Inclusive, este grupo havia ficado em segundo lugar no ranking.

Quando toda a cerimônia acabou, Asta fora o primeiro a notar o semblante mais desanimado da garota e ele sabia bem o motivo.

— Ei, Rob! — ele parou em sua frente, chamando a atenção do resto do esquadrão — Quer ver algo legal? Venha comigo! — ele a pegou pela mão e levou a garota até Kiato e Kahono, que cantavam e dançavam no meio do festival.

De primeira, a moça ficou encantada e foi apresentada a ambos.

— Me dariam a honra de me juntar a vocês? — ela pediu gentilmente, tirando a caixa dos ombros.

Jack e Sekke a olhavam curiosos, mas realmente não esperavam ver aquilo dentro da pequena caixa.

Um violino azul com uma rosa na ponta do arco. O bem material mais valioso que a garota tinha.

— Eu posso acompanhar sua voz se mantiver o mesmo padrão de antes. — ela disse a Kahono — Também consigo dançar com você, Kiato.

Ambos concordaram e se puseram no meio daquela roda. Quando a ruiva começou a cantar, Rob replicou a melodia nas cordas do instrumento e copiava os pés de Kiato com mais simplicidade, para que não atrapalhasse o soar do violino.

As pessoas se juntavam para ver aquela apresentação magnífica. Inclusive Jack, que acompanhava loira com os olhos enquanto a via sorrir e passar a crina do arco com tanta leveza quanto o bater de asas de uma borboleta. Não durou muito, seu coração também lhe incomodava com todo esse sentimentalismo, fazendo sua musculatura enrijecer.

Se suas lâminas significavam que ele não teria mais medo, por qual razão Rob lhe apavorava tanto? Que sentimento incômodo era aquele que insistia em aparecer toda vez que seus olhares se encontravam? A cada beijo, a cada toque...

Aquilo já não era mais mera atração carnal.

Ao soar da última nota, ela guardou novamente o violino na caixa e se despediu dos dois irmãos, voltando a Jack e Sekke.

— Mais algum talento escondido? Meu coração não aguenta mais tantas surpresas. — Sekke brincou, cruzando os braços.

— Acho que não há mais nada a descobrir sobre mim. — Rob riu.

Sekke, como um bom mulherengo, viu o primeiro rabo de saia em sua frente e deixou os outros dois ali, sozinhos.

— E sobramos nós. — Rob se virou para Jack — Ou será que você e Yami tem mais alguma competição para hoje?

— Ele deve estar com a sua irmã, eu suponho. — o capitão deu uma risadinha — Eu queria muito saber se aqueles dois acabam juntos.

— Se depender da Charlotte... — Rob suspirou, andando lado a lado com ele — É um pouco complicado lidar com a maldição das Roselei, se bem que... — a garota pensou um pouco.

— Não me deixe curioso, agora continue essa história. — seu sorriso alargou.

— A maldição é quebrada quando o coração da mulher é conquistado. — ela o olhou de canto — Acho que não preciso dizer mais nada.

— Então só falta ela dizer a ele?

— Ou ele se tocar que vai ter que ser meu cunhado. — um sorriso travesso surgiu nos lábios de Rob — O que eu acho bem difícil.

— Yami é lerdo demais, acho que a Charlotte não vai aguentar e acabar se confessando.

— Ah, sim. — o sorriso dela aumentou — Rápido foi você que leu logo meu diário.

— Rob... — sua voz ficou mais grave enquanto ele parava na frente dela — Você também agiu como ela, e eu já disse que só estava tentando te ajudar.

— Claro... — ela ironizou, olhando para os lados. Estavam em uma área mais isolada, então ela rapidamente deu um selar em seus lábios, se afastando em pequenos passos.

— Eu vi, sua tábua! — a voz de Yami foi ouvida há alguns metros dali, fazendo a garota corar.

— Eu já disse que odeio esse cara? — Jack perguntou retoricamente, soltando um riso.

— Acho que vocês secretamente se amam. — Rob brincou, ganhando uma careta do outro.

— Quer saber? Vamos pra base. — ele suspirou — Vou apenas participar de uma breve reunião com os capitães...