O fruto sagrado

01

Nada se podia ver através daquele vidro rachado daquela velha janela, a não ser as gotas que insistiam em cair e escorrer por ali.

Apesar da imensa escuridão que tornava o mundo lá fora, envolto ao próprio breu, o que mais assustava os dois irmãos eram o terrível e assustador trovão que parecia fazer a terra tremer ....ou simplesmente aquele quarto velho daquela cabana.

O teto feito por argila, capim, madeira e alguns pregos enferrujados rangiam com a força da tempestade que ali caia...Os corpos franzino se escondiam embaixo de três peças de cobertor feito das lã de algumas ovelhas do rancho de seus avos.

Sem se importar com o calor, eles apenas queriam fugir do medo que aquela tempestade os trazia.

_ neji, nagato...não estão com calor?_ a velha de cabelos brancos e poucos dentes visíveis na boca dizia com a voz baixinha e arrastada. O moreno de olhos pérolas e o ruivo de olhos claros se descobriram apenas o suficiente para ver a imagem da avó que se aproximava aos poucos ._estão com medo dos trovões? _ ela perguntou e os dois garotos se entre olharam antes de balançarem a cabeça em negativo. Porem assim que outro terrível e travesso trovão despencou os dois se encolheram cobrindo-se completamente com os cobertores. A vó riu achando graça da situação dos netos.

Nos tempo em que vivia, entre monstros, demônios e caçadores. Ter momentos em que as crianças eram simplesmente crianças era reconfortante...

_não deviam ter medo do trovão, ele é uma das poucas coisas que não podem ferir vocês_ disse com pesar , se lembrando da morte dos pais dos meninos. A mãe morta por vampiros o pai despedaçado por lobisomens.

_não temos medo vovó _ nagato o mais velho disse firme ou tentando ser pelo menos.

Já neji que tinha apenas oito anos, dois anos mais novo que o irmão suspirava com pesar discordando do mais velho.

_ isso é impossível, eles são monstros...são poderosos e alguns até imortais...nos somos humanos, mesmo se seguíssemos os passos do tio hiashi e nos tornássemos caçadores ainda seriamos fracos perante a eles.

Nagato sabia que tinha muita verdade no que o irmão falava, pois eram poucos caçadores que envelheciam, uns nem chegavam aos 40 anos. Eram tempos difíceis em que a taxa de monstros cresciam e a de humanos decaiam rapidamente!

_ ora isso não é de toda verdade meu amor _ a vó disse sentando-se na beira da cama de madeira ._ ainda temos a “senka”._ falou num tom de falsa esperança.

_ senka??_ os dois perguntaram juntos, curiosos.

_ senka, ou mais conhecidos pelos monstros como “ o fruto sagrado “ ou “ o fruto da imortalidade!” _ respondeu rapidamente _ dizem que é o fruto da relação entre um anjo e um demônio , um hibrido repugnante que foi amaldiçoado pelos deuses...obrigado a renascer a cada 1000 anos como humano para sofrer um destino cruel..._os olhinhos curiosos se mantinham presos a cada palavra da avó..._ quem beber do seu sangue ganha a força de mil homens...quem comer de sua carne ganha a imortalidade...nunca, jamais os dois mais sempre um final trágico...servi como comida para monstros, demônios ou caçadores...

_ isso quer dizer que se encontrarmos a senka poderemos ser mais forte que um vampiro e um lobisomem juntos??_ disse nagato empolgado_ né vovó, como encontramos a senka?? Como?como??

_hahaha_ a velhinha riu da empolgação do ruivo e apenas disse_ isso é fácil meu amor, ela não consegue evitar....é como um bife suculento caminhando pela mata a espera do bote...

......

Orfanato de konoha.

Os olhos claros passeavam pelo quarto escuro e quase que vazio, além de sua cama haviam umas outras quatro bem distante de si.

Mais isso não o perturbava, o distanciamento dos outros ou as palavras maldosas como o apelido de “amaldiçoado!”, nem mesmo a tempestade lá fora ou os trovões que caiam constantemente...o que o preocupava era o vulto que passava pela fresta da porta de madeira, a silhueta que se misturava a escuridão , caminhando sem fazer o mínimo de barulho...

O coração acelerou, a voz se prendeu dentro da garganta que cansara de gritar após presenciar tantas mortes...os braços finos agarravam o cobertor  , remendo de outros mais velhos e desgastado...o rosto se escondia ali enquanto observava o vulto se aproximar da primeira cama...

Ele conhecia alguns monstros, já tinha visto um ghoul, um djin, um cão negro e até mesmo um demônio...escapado por milagre de cada um deles, o que as pessoas que o acompanhavam não tiveram a mesma chance...mas...o fato era que...era a primeira vez que ele via aquilo...mesmo sabendo das lendas, parecia ridículo que ele realmente existisse...

Muitos o chamavam de breu...

Mais seu nome mais conhecido era...

Bicho papão...o monstro que atacava criancinhas no meio da noite...estava ali rondando a cama um pouco a frente da sua...se aproximando cauteloso da criança que ali dormia, ele foi mais perto e mais perto até que parou do nada, erguendo a cabeça coberta por aquele manto negro que parecia ter vida própria...pareceu cheirar o ar a sua volta como se algo tivesse chamado sua atenção...

O pequeno estremeceu sabendo que era por sua culpa...era sempre por sua culpa!

Estava ferrado! Ferrado!

O vulto se virou para sua direção e em segundos estava em cima de si, com a mão tampando a boca pequena, os olhos vermelhos fixos em seus azuis límpidos... arregalados enquanto fitavam o loiro que nem se quer se debatia...

Como se estivesse pronto para por um fim naquilo...

O monstro aproximou-se e ele fechou os olhos esperando o pior...seu coração batia acelerado enquanto a respiração quente daquele ser batia em seu rosto...ele parecia...parecia. Inalar o odor do pequeno...

_você..._ a voz soou baixa, rouca...sensual _ senka?

Cont...

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