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Mordo os lábios dele e saio do longo beijo que tivemos. Nos encaramos em plena perdição. Tudo agora será novo.
— Me espere aqui.
Vou ao banheiro lavar o meu rosto. Tento tirar o máximo da água cuidadosamente com as mãos, e me olho no espelho — admirando toda a dimensão dos meus olhos — mas escuto sons estranhos atrás de mim. Seco mais um pouco do rosto enquanto me viro para ir atrás do que seja esses murmúrios e barulhos de choro, se assemelhando a gemidos de dor.
— Quem está aí? — pergunto, batendo na porta da cabine que consegui reconhecer a emissão.
Franzo o cenho suavemente; conheço a voz que emite isso. Mas não, não é possível. Nenhum feitiço pode trazer os mortos de volta à vida.
— Warren? — arrisco, pergunto batendo na porta. — Murta?
Olho para cima e vejo a mesma sobrevoando a porta! Claro, como não pensei nisso antes? Murta Warren virou um fantasma. Ando com a cabeça tão aérea, que sequer havia notado que obviamente era isso.
— Murta. — retomo minha fala. — Eu sinto muito...
— Claro... Aquelas meninas jogando livros na Murta é algo divertido! — ela exclama e começa a chorar mais ainda. Eu fico olhando aquela cena completamente sem reação, até que ela volta a dizer. — Vou assombrar todos os dias aquela garota, até o dia que eu mor... Ops. Até o dia em que ela sair desse colégio!
— Você faz bem, Warren. — digo vagarosamente e em seguida mordo os lábios sinalizando confusão. — Tenho que ir, mais uma vez... Eu sinto muito.
— Você fez o que pôde. — ela diz enxugando as lágrimas e sobrevoando novamente.
Balanço a cabeça para me recuperar da leve tontura e subo de volta ao meu dormitório. Tom ainda está lá, me encarando tão intimamente — como se nunca tivesse me visto antes.
Não falo nada, apenas o puxo pela gravata. Ele está tão perto de mim agora, eu posso beijá-lo a qualquer momento novamente.
— Vejo que tomou sua decisão. — ele diz, e eu soltei o ar que nem sabia que estava prendendo.
O beijo intensamente novamente. Se for para me entregar, me entregarei de vez. Podemos ser muito melhores juntos do que separados.
Separo o beijo mordendo seus lábios novamente, e limpo um resquício de sangue que ficou.
— Desculpe. — murmuro e rio fraco.
— Que seja, vamos à biblioteca hoje, e depois iremos sair, já que hoje é fim de semana.
— Isso se eu quiser.
Ele levanta as sobrancelhas para mim e em seguida finge que não escutou, e eu rio fraco com isso.
No dia seguinte, nos encontramos no mesmo lugar, passamos a noite inteira conversando.
Lembro da informação que recebi hoje mais cedo, e me afasto dele. Me apoio na cabeceira e olho para baixo, semi cerrando os olhos toda vez que a lembrança se passa na minha cabeça.
