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O clima nunca esteve tão esquisito pelo castelo. Dumbledore perdera a vida, o coração de todos se encheram de pesar e o marco de uma nova era estava chegando; agora estávamos sozinhos, Hogwarts estava cada dia mais perigosa e não nos restava esperanças ou em quem acreditar. Tenho andado aflita, pensativa e tenho até mesmo reparado menos em Ron Weasley, que aparentemente terminou com Lilá Brown.
Me disseram coisas horríveis à respeito do término, ela ficou furiosa com ele e o mesmo parecia preferir se jogar em um poço sem fundo quando estava ao lado dela. Mas eu não posso dizer nada, não gostaria que ele me julgasse por algo que não sabe dos motivos.
Tivemos um envolvimento no passado. Éramos tão crianças, ainda me lembro disso com um sorriso no rosto; ouvi sua irmã caçoar dele pouco antes de seu namoro com Lilá por não ter se envolvido com alguém, minha única reação foi sorrir e deixar minha mente ser tomada pelas lembranças daquele outono. Fazia isso com frequência, mas sempre me questionava se ele ainda se lembrava, já que nem pensou em comentar ou jogar isso na cara dela. Talvez ele tivesse vergonha de admitir que saiu correndo após me beijar, vermelho das bochechas até as orelhas e escondeu-se atrás de uma das colunas beges do castelo.
A única coisa que ocupava minha mente era o quadribol (meu esporte favorito) e quando estávamos em aula. Eu nunca fui muito fã de estudos, mas me aplicava quando era necessário. A matéria em que mais estou me dedicando é poções, agora que professor Slughorn tomou o lugar de Snape e nos apresenta a matéria infinitamente melhor, juro que mudei toda a minha percepção construída por anos. Harry e Hermione discutiram por algo que liam num livro velho qualquer, e eu percebia o deslocamento de Rony apenas com uma única espiada à mesa da frente.
Juntei toda a coragem que existia em mim, e cutuquei seu ombro, observando o ruivo virar para mim e em seguida torcer o rosto como se lembrasse de algo extremamente embaraçoso. Ele sempre evitava olhar em meus olhos, mas parece que hoje sua missão foi miseravelmente falha e ele não soube como controlar isto.
— Ronald, precisa de ajuda? — sibilei, a fala mais arrastada possível, pois parecia que a qualquer momento Rony desconfiaria que eu estava falando em outra língua.
— Eu... Sim...
— Ok... — mordi o lábio, era óbvio que eu tomaria toda atitude. — Então fique do meu lado, acho que fomos os únicos sem dupla.
Ele deu a volta e se juntou a mim, ainda encabulado. O menino estava longe de ser tímido, eu sabia disso, mas todo movimento parecia ser colocado em jogo quando se tratava de estar a alguns centímetros de mim. Eu poderia o confortar, explicar a ele que eu não acho que ele seja emocionalmente desequilibrado ou qualquer outro julgo, mas pareceu que nada que eu falasse faria ele mudar de ideia.
Aquela aula foi relativamente longa, era complicado me comunicar com Weasley, e mais complicado ainda lidar com meus próprios risinhos bobos que insistiam em escapar da minha face com as gracinhas que Rony fazia naturalmente. Metade de mim torcia para que a aula terminasse, e outra metade torcia para continuar ali.
