𝓲𝔁. vindo ao mundo

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capítulo nove
❛ vindo ao mundo ❜
ponto de vista, iris golding





Quando mais nova, minha diversão diária era me arrumar ao lado da minha irmã. Nossa diferença de idade não é grande, mas ela sempre foi um exemplo do que eu queria ser. Cece usava um laço cor de rosa, Mimi usava um laço cor de rosa. Cece começou a gostar de garotos, Mimi começou a gostar de garotos. Cece amava desfilar com as compras novas, Mimi também faria.

Serena sempre era Cece, eu sempre era Mimi.

Durante um certo período da nossa pré-adolescência isso foi um problema, porque minha irmã mais velha queria se destacar e odiava quando eu imitava o que ela usava. Foi aí que eu desenvolvi uma leve síndrome de red carpet: sempre se destacar e nunca repetir roupa.

Mas quando Serena entrou na adolescência, entendia o quão valioso era esse tipo de relação. Ela era como uma ídola é para seu fã: Há influência porque há adoração.

Uma das nossas coisas favoritas eram nos arrumar juntas. Ela sempre me dava dicas do que fazer, e eu sempre escutava em silêncio enquanto colocava maquiagem em meu rosto, ou fazia um penteado diferente.

Então quando chegou a fase adulta e ela precisou sair de casa, havia algo faltando. Quando eu me mudei para outra casa, havia algo faltando. Quando Cece começou a namorar e esse namorado se mudou para sua casa, eu morri por dentro. Principalmente porque eu e meu pai achamos ele um imprestavel, mas um pouco porque ela estava construindo uma nova família.

Com seu trabalho em uma grande empresa de nutrição, uma casa e um namorido, eu fiquei em segundo plano. Eu, a garota que sempre foi protegida por ela e cuidada da forma mais genuína, fui deixada em segundo plano. Eu, Iris Miranda Golding, fui deixada em segundo plano.

Sua vida é tão ocupada que não a vejo há 2 meses, quase três. 2 meses morando na mesma cidade, e sem se ver porque sempre tem uma desculpa, na maioria das vezes envolvendo seu namoradinho pé no saco. Então quando eu e meu pai recebemos um convite para almoçar em seu apartamento, eu não estava esperando.

Estou segurando minha bolsa e uma sacolinha de presentes, encarando meu pai desde o momento que entramos juntos no elevador. Serena mora na cobertura, então são longos andares até chegarmos.

— Eu não vou me segurar se ele falar alguma besteira.

— Eu não vou te segurar.

— Eu agradeço por isso. Henri está precisando urgentemente escutar o que sua doce filha não tem coragem de dizer.

— Ela puxou a mãe dela.

— Mas ela deixa passar muito as coisas, papi. Serena é uma mulher de 25 anos que tem uma criança dentro da própria casa, que aliás, não é filho dela. Eu nunca vi esse homem levantar um dedo para fazer algo dentro do lugar que ele não paga um centavo. E se você parar pra pensar, ele já tá morando como se eles fossem- — O elevador se abre, revelando a porta da cobertura aberta.

Serena não estava na entrada, muito menos Henri, mas obviamente eu tinha receio de encontra-los na porta. Ou que escutassem. Não por medo, mas por respeito a minha irmã. Se ela deixasse, ele estaria morto em 2 dias. Não seria com minhas próprias mãos.

Bato na porta antes de entrar, mesmo que não precise de toda essa cordialidade para estar ali. Era a casa da minha irmã, mas parecia desconhecido pelo tempo que não nos vemos.

— Vocês chegaram! — Serena está acenando da cozinha americana, segurando um vinho em uma mão e mexendo na panela e outra.

— Que cheiro bom, Cece! — Meu pai entra com muito mais conforto do que imaginei, até sinto que esteve ali a menos tempo que eu.

UNFORGETTABLE   |   JUDE BELLINGHAMOnde histórias criam vida. Descubra agora