「 12 」

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Gael e seus minions - Beatriz, Rafael Di Angeli e Theo - tinham um grupo de emergência.

Que eles não ouçam Gael se referindo a eles como Minions, esse é um pequeno segredo entre nós.

Chamar esse grupo de "emergências" seria óbvio demais, cogitaram também "grupo de crises", mas no fim, o grupo foi nomeado de "Toc toc toc três batidinhas na porta".

E querendo ou não, era cômico colocar o meme como nome quando o assunto que era falado naquele chat era sério.

Enfim, Gael foi o primeiro a mandar mensagem depois de um bom tempo, quando ele chegou em casa ainda com o cu na mão pelo episódio do shopping pensou bastante, sobre tudo, e resolveu acionar o grupo quando já estava de noite, mandou um áudio contando tudo nos detalhes para os amigos.

Logo depois, os quatro estavam trancados no escritório da infinity.

- Liga pra ele. - Di Angeli disse depois que discou o número de Dante no celular de Gael.

O traficante colocou sua melhor expressão na raiva no rosto.

- Parece uma criancinha. - Diz Theo, rindo.

Beatriz apenas observava e ouvia os homens ali, ela tinha ficado puta por ter sido acordada e estava com ressaca, não importava se era dez da noite e ela tivesse passado a maior parte do dia dormindo.

Gael suspirou e ligou uma, duas, cinco, dez, quinze, mais de vinte vezes para aquele número e não foi atendido.

- Calma, não vamos entrar em desespero. - Ele falou para os amigos.

Theo olhou para ele com uma sobrancelha arqueada, depois olhou em volta, Triz e Di Angeli estavam distraídos nos seus celulares.

- Bom, parece que o único que tá desesperado aqui é tu.

Gael não teve tempo de responder, seu celular começou a tocar e ele logo atendeu, finalmente era Dante.

A ligação não durou mais que cinco minutos, no viva-voz, para que todos na sala pudessem ouvir. A partir do momento em que a ligação foi encerrada, tudo pareceu passar como um borrão na memória.

Gael foi para casa com seus amigos e eles saíram revirando tudo para fazer três malas, duas com roupas e objetos importantes e uma lotada de notas de cem e duzentos reais. Ele passou o dia arquitetando planos mirabolantes, mas em nenhum de seus pensamentos achou que seria daquele jeito.

Tentando não parecer nervoso ou afobado, dá forma que se sentia por dentro, Gael se despediu dos amigos, dando um abraço demorado em Triz e sussurrando que enquanto ele estivesse fora, ela mandava e desmandava em qualquer coisa na Infinity, depois abraçou Di Angeli e Theo, pedindo que eles dessem todo apoio que a prima precisasse.

Depois levou as malas até o carro mais barato que tinha na garagem, olhou para os outros com pena, mas ele teria que ser discreto.

Acenou uma última vez para sua equipe, ele amava tanto aqueles três que chegava a doer, era as pessoas que ele mais confiava no mundo e nem era exagero falar isso.

Talvez você esteja se perguntando o que está acontecendo, eu tenho muitas respostas para te dar, mas o que importa agora é que o protagonista dessa história está fugindo, e pode ser que nesse ponto no qual estamos seja o verdadeiro início do infinito.

E o infinito significa muitas coisas.

Gael dirigiu por cerca de uma hora e tava começando a ficar paranoico com o GPS, tinha aquela falsa impressão que tinha se perdido no meio do mato, porque só via árvores para os dois lados e a estrada estava escura e bem lá no fundo, ele estava com medo, já tinha visto filmes de terror suficiente.

A última coisa que ele precisava era que algum maluco vestido de palhaço ou com alguma máscara no rosto aparecesse ali no meio da escuridão. Só de pensar nisso ele já começava a suar frio, mas naquele momento ele precisava focar no presente e deixar sua imaginação ganhar vida em outro momento.

Quando ele finalmente chegou e se sentiu bastante aliviado por saber que aquele endereço era real, a casa ficava afastada das outras, o que era muito bom, além de ser consideravelmente longe do centro do Rio de janeiro, onde a casa de Gael ficava, era uma casa grande de dois andares, Gael não entendia muito de arquitetura, mas teve que admitir que quem desenhou aquela casa fez um ótimo trabalho, não era simples, mas podia se notar que o dono dela gastou um bom dinheiro.

O traficante estacionou o carro e pegou suas três malas, duas de rodinhas e uma de ombro, suspirou e andou pelo caminho de pedra no chão que levava até a porta, notando o jardim com flores muito bem cuidadas, pensou por alguns segundos se deveria dar meia volta, mas resolveu tocar a campainha, era a única opção.

Dante tinha chegado em casa a pouco mais de 20 minutos, ele ainda tava tentando entender o que tava acontecendo, ele estava apavorado, mas também tinha a sensação de estar surpreso com tudo aquilo, em qual universo ele imaginaria que depois de tudo o que aconteceu, Gael ligaria para ele pedindo ajuda?

E ainda mais, por que caralhos ele ofereceu sua casa como abrigo? Dante quis se bater depois que encerrou a ligação, ele deveria ter respondido "se fode, porra!" e desligado, ele tinha motivos o suficiente e ele foi praticamente expulso da Infinity, poderia ter rido na cara de Gael e nega-lo ajuda.

Ainda dava tempo, ele viu quando o carro foi estacionado, sentiu seu coração dar um pulo quando o seu ex melhor amigo saiu do veículo e foi até o porta-malas. Ainda dava tempo de voltar atrás, Dante poderia ser vingativo o suficiente para abrir a porta e rir de Gael, mandá-lo ir embora e assim o teria feito de palhaço.

Mas Dante tinha o coração bom demais para isso, foda-se o que tinha acontecido recentemente.

Jung é uma palavra em coreano, refere-se a uma conexão entre duas pessoas que não pode ser rompida, mesmo que o amor se torne ódio, o sentimento antigo por aquela pessoa ainda é alimentado, é difícil apagar da memória o carinho e todos os momentos bons superam os ruins.

E mesmo que não diga em voz alta, Dante tem cem porcento de certeza que Gael faria o mesmo por ele, caso fosse ele naquela situação.

De fato, Gael poderia ser orgulhoso e movido pela raiva quando tentava administrar várias emoções de uma vez só, e afinal, que história é essa que traficante não tem coração? Gael tinha e era bem mole, mas com o tempo aprendeu a não mostrar isso para todo mundo.

Ele tinha sentimentos bastante intensos por Dante, não sabia como nomear cada um deles, mas eles tinham uma ligação de alma, um Jung.

Foi por isso que Dante abriu a porta da sua casa. Foi por isso que Gael discou o número do policial naquele dia e agora estava encostado ao lado da porta e com um pequeno sorriso no rosto de quem não valia nada.

- Olá, Dante.

- Sentiu minha falta rápido, não acha?

- Ah, você não sabe o quanto senti.

As palavras eram trocadas de forma ácida e carregadas de ironia.

Bom, eles teriam que lidar com isso.

A partir do momento em que Dante deu espaço para que Gael pudesse entrar, eles eram colegas de casa.

E como foi dito antes, aquele era o início do infinito.

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