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Gael acordou tão assustado que caiu do sofá assim que ouviu a campainha tocar, durante essas últimas semanas que ele esteve ali, ninguém apareceu na casa de Dante.

Ao se sentar no chão e ignorar as dores no corpo por causa da noite mal dormida no sofá e queda, ele olhou para todos os lados procurando por algum sinal do dono da casa.

O barulho soou de novo e ele reagiu se levantando e indo até uma janela que dava visão para a porta, abrindo uma fresta quase minúscula da cortina para poder ver quem era.

Era uma mulher que ele nunca tinha visto antes, e se ela for uma policial que trabalha com Dante? Fodeu.

O pânico tomou conta de Gael, seu corpo ficou tenso, o suor frio começou a aparecer em sua testa enquanto a mente dele pensava em como fugir dali sem querer notado, teria que andar muito e não podia usar o seu carro que estava na garagem desde que ele tinha chegado ali, pensava também na cadeia e como era um lugar insalubre.

Suas mãos tremiam, ele tentou controlar a respiração acelerada, mas cada respiração era curta e superficial. O pensamento de que aquela mulher poderia estar ali por causa de Dante fez seu estômago revirar em apreensão, ao mesmo tempo que ele tentava ser racional e fazer algo além de entrar em pânico.

Mas ele era uma pessoa naturalmente nervosa e a sua mente sempre insistia em imaginar várias e várias situações fora da realidade.

Um impulso o fez recuar da janela, como se o simples ato de vê-la pudesse colocá-lo atrás das grades, ele se afastou, tropeçando nos móveis da sala e sussurrou um "aí porra" sentindo a dor em seus dedos do pé, ele lançou um olhar para a porta e decidiu que iria chamar Dante.

O som da campainha soou novamente, mais insistente do que nunca e ele apressou o passo para ir até o andar acima, o coração batendo tão forte que parecia que iria sair pela boca a qualquer momento. Cada degrau parecia uma eternidade, seu cérebro trabalhando freneticamente para encontrar uma solução para a situação desesperadora em que se encontrava.

Ao alcançar o corredor do andar superior, Gael se viu diante da porta do quarto de Dante, ele hesitou por um momento, por causa da noite anterior, mas poderia resolver aquilo em outro momento.

Com um suspiro, Gael girou a maçaneta e adentrou o quarto, Dante estava deitado na cama, coberto por um lençol amarrotado, seus olhos semicerrados indicando que ele acabara de acordar.

- Dante - Gael começou, sua voz trêmula e balançando o outro homem. - Tem uma mulher esquisita na porta, você precisa resolver isso, ela não para de tocar a campainha.

Dante franziu o cenho, o sono dissipando-se instantaneamente de seu rosto. Ele se levantou com rapidez, sua expressão se transformou em uma mistura de curiosidade e desconfiança.

- Puta merda

- E se ela for policial? Eu vou me esconder, você me dá sinal verde se eu precisar pular da janela e correr.

Os olhos de Dante se estreitaram, ele achava que Gael estava exagerando, no entanto, nunca se sabe, Dante se levantou da cama, só calçou as sandálias e foi até a janela do quarto, se debruçando o suficiente para ver um carro parado e logo ele reconheceu.

- É a Isabel.

- E quem é Isabel? - Gael pergunta arqueando a sobrancelha direita e cruzando os braços.

- Uma amiga.

- Da polícia?

- Não, ela é arquiteta.

- Ela deve ser muito importante, hein, nunca ouvi você falar dela.

- A gente já foi mais próximo.

A última vez que se viram foi no aniversário dela, naquela noite desastrosa que Gael ligou desesperado por ajuda.

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