「 39 」

168 20 31
                                    

Nessa história, acontecem três incêndios, dois já foram.

Dante estava tão nervoso que não conseguia pensar direito para onde iria. Ele queria garantir que, acima de tudo, Gael estivesse muito bem escondido e seguro. Respirou fundo e tentou clarear a mente, e parece que isso fez algum efeito. Lembrou-se de um galpão abandonado que ficava próximo à Infinity. Não era o melhor lugar para se esconder da polícia, no entanto, era o que Dante conseguia pensar sob pressão.

A vida era engraçada. No dia anterior, Dante estava fardado e tranquilo em sua mesa de trabalho na delegacia. No outro, estava fugindo da polícia, mais especificamente dos policiais com quem ele trabalhou por meses. Sentiu uma pontada na cicatriz de bala que tinha na perna, uma lembrança de que estava em perigo.

O problema de ter que ir para o galpão era que teria que passar em frente à Infinity. Torcia que a polícia não tivesse chegado lá e ainda estivesse ocupada em sua casa, revirando cada canto.

Enquanto Dante dirigia, o som do motor do carro parecia ecoar alto demais, seu coração também. A paisagem ao redor parecia distorcida, os prédios e as luzes da cidade se misturavam em um borrão indistinto. Ele se forçou a se concentrar no caminho à sua frente, cada curva do caminho era uma incerteza e ele definitivamente não estava gostando nada daquilo, ele olhava freneticamente para os retrovisores, meio esperando ver as luzes azuis e vermelhas da polícia piscando atrás dele e ouvir aquela sirene tão familiar a qualquer momento.

Ele se perguntava como tudo tinha dado tão errado rapidamente, sabia que em algum momento, Gael teria que fazer um plano de como sair da casa dele, afinal, não poderia ser fugitivo para sempre, no entanto, eles sem se quer começaram a planejar quando tudo foi por água abaixo. Eles falharam antes mesmo de tentarem e agora não só Gael era procurado como ele também.

Logo agora, quando Dante entendeu como era estar apaixonado e como gostava tanto disso, sentia uma leve apreensão por não saber se sua paixão era correspondida ou não, como um adolescente, mas não deixou seus pensamentos seguirem esse caminho, nos últimos dias, ele estava determinado a aproveitar o momento.

Ao se aproximar da Infinity, Dante sentiu um nó se formar em seu estômago. Ele reconheceu imediatamente o carro estacionado, aproximou a boate, era o mesmo que passou meses estacionado em sua garagem, ele tinha até mesmo decorado a placa de tanto vê-lo, o que porra Gabriel estava fazendo ali? Foi o que ele pensou.

E viu Melo ali dentro, no banco traseiro e olhando a janela e com língua para fora, como se soubesse que o tutor passaria ali a qualquer momento, um misto de emoções o invadiu. Um toque de desespero, mas também alívio por Gael ter pensado no animal, ele iria pra um canil caso ficasse na casa, ou pior, seria jogado na rua pelos policiais.

Melo agora estava envolvido em toda essa confusão.

Ele sabia que precisava manter a calma, apesar da loucura de sentimentos que o inundava. Respirou fundo, tentando afastar os pensamentos caóticos que ameaçavam consumi-lo.

Em uma fração de segundos, quando ele olhou mais a frente, pôde ver Gael sair da Infinity correndo enquanto a fumaça e chamas se alastravam pelo lugar, Dante freou o carro abruptamente, fazendo barulho, mais rápido ainda tirou o cinto, saiu do carro e bateu a porta.

- Gabriel, o que você tá fazendo aqui? Que merda tá acontecendo? - Ele pergunta em um grito, o desespero tomando conta do seu rosto enquanto ele ia de encontro com Gael, e segurou ele pelos dois braços.

- Eu fiz isso. - Gael respondeu e seu olhar ainda se encontrava nas chamas que só cresciam.

- Falei pra você ir embora, se esconder e você tá aqui, porra! Em que merda você tá pensando? A polícia vai chegar. - E Dante se descontrolou, balançou o homem em sua frente que parecia estar em transe.

Infinity | Romance gay Onde histórias criam vida. Descubra agora