「 Infinity: Um ano 」

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Scheveningen, um bairro em Haia, Países Baixos, ficava a 45 minutos de distância de Amsterdã. Isso de carro, o trajeto se estendia para 1 hora e 55 minutos de trem, Dante fez questão de marcar, assim que eles colocaram os pés na cidade, ele mostrou o cronômetro para Gael, que por sua vez revirou os olhos e murmurou um "não enche".

A questão era que Gael insistiu para que eles fossem de trem, pela experiência, eles já tinha viajado por aquele meio antes para irem a outros países, seria divertido pegar um trem-bala novamente para fazer a curta viagem até a praia.

Já Dante, como sempre tinha uma opinião diferente, o que causava a briga entre eles, afirmou várias vezes que eles poderiam muito bem irem de carro, seria mais rápido e de quebra um ar-condicionado para aquele dia de verão. Mas ele era fraco e, no fim, fazia as vontades de Gael, o que ele podia fazer? Era um homem muito apaixonado, no entanto, ele não ficava para trás na questão de conseguir o que queria, sabia muito bem como fazer o marido ceder as suas vontades.

Naquele dia, Dante insistiu, relutou, mas no fim, foi sua vez de ceder.

- Temos que ir para o lado norte da praia. - Gael disse, lendo no Google uma matéria que falava sobre a praia de Scheveningen.

- Norte? O Maps diz que fica para o sul.

- Dantinho, meu amor, confia em mim, sei o que tô falando.

Ele não sabe do que está falando.

Dante carregava uma mochila nas costas enquanto Gael tinha uma ecobag debaixo do braço e um sonho de passar o dia fritando no sol, ele não aguentava ficar de dezembro a fevereiro andando para lá e para cá empacotado com roupas pesadas de frio e sobrevivendo pelo aquecedor dos lugares.

Ah, e o vôlei de praia? Era apenas uma saudade, o que ele não daria para sentir a areia nos pés, com um boné na cabeça e usando um shortinho beira cu na beira da praia?

No entanto, apesar de dias frios, fugas, prisão e muita trambicagem, a vida de Gael era boa, muito boa por sinal.

Ele tinha uma casa linda com jardim em um bairro residencial, vizinhos simpáticos, sua família que morava perto, dois cachorros bagunceiros, um marido incrível. Então, sim! Gael poderia enfrentar qualquer coisa porque ele já tinha tudo com o que sonhou e nunca sonhou e amava, faria qualquer coisa para proteger o que tinha.

E amava Dante.

Dante que tinha proporcionando grande parte dessas coisas a ele e que estava ao seu lado com uma cara emburrada olhando para a tela do celular.

- Acho que estamos perdidos.

Gael soltou uma risada curta, típica de quem se recusa a admitir um erro.

- Perdidos? Não estamos, não. Só estamos... conhecendo a cidade. - respondeu, tentando manter o ar de confiança.

Dante ergueu uma sobrancelha, claramente cético. Os dois andavam pelas ruas estreitas e movimentadas de Scheveningen, com a brisa salgada do mar ainda distante. O Google Maps de Dante insistia em redirecioná-los, enquanto Gael insistia em seguir sua própria intuição.

- Conhecendo, né? Sei. - Dante bufou. - Se eu estivesse dirigindo, já estaríamos na areia agora.

Gael mostrou a língua para ele, como uma criança, Dante segurou o riso.

- Não é sobre chegar rápido, é sobre explorar, ter novas experiências. - Gael argumentou, tentando soar filosófico, mas Dante apenas revirou os olhos e parou de andar, cansado daquela discussão sem fim.

Eles estavam a poucos metros de um quiosque de peixes e frutos-do-mar, onde o cheiro de fritura invadia o ar. Dante observou o lugar por um momento e, por fim, olhou para Gael, que ainda insistia em seguir para o "norte".

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