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Passava da meia-noite no fuso horário de Helena quando ela recebeu uma ligação, ela já estava pronta para dormir quando ouviu o toque, depois de uma breve conversa, ela desligou o celular, pegou o notebook e comprou uma passagem para o Brasil, teria que embarcar uma hora mais tarde, foi direto para o armário procurar uma mala e jogou algumas roupas nas pressas e outros itens, tendo a mala mais desarrumada que já fez.

Marcava cerca de 6 horas da manhã no fuso horário brasileiro quando ela saiu do aeroporto, pegou um Uber e foi direto para delegacia, lendo algumas matérias sobre o fim da operação infinito e como foram as prisões.

Gael tinha sido preso em flagrante, de acordo com o Código Penal Brasileiro, especificamente no artigo 250, provocar incêndio é crime, no entanto, esse era só mais um de seus crimes pelo qual ele seria julgado em breve.

Ainda no dia anterior, Gael foi conduzido pelos corredores cinzas da delegacia, sentindo-se observado em cada passo que dava. O barulho metálico da grade se abrindo e fechando ecoavam pelos corredores, quando pararam diante de uma cela, uma policial girou a chave com um rangido prolongado, abriu a porta de ferro e retirou as algemas dele.

A cela estava vazia, o que de certa forma era um alívio, ele não estava com paciência de lidar com ninguém naquele momento, Dante foi colocado em uma cela diferente e um pouco mais distante.

O espaço era pequeno, com paredes de concreto, manchadas pelo tempo e pela umidade, no canto direito, havia uma cama de alvenaria coberta por um colchão fino e desgastado, acima da cama, uma pequena janela com grades grossas permitia a entrada de uma luz fria, que mal iluminava o ambiente.

No lado oposto, um vaso sanitário sem assento e uma pia, ambos em condições horríveis, o ar estava impregnado com um cheiro de mofo e do pior desinfetante do mercado, uma combinação que fazia o estômago de Gael revirar. Ele entrou na cela, sentindo o peso das paredes se fechando ao seu redor enquanto a porta se fechava com um barulho alto.

Gael suspirou e tocou os pulsos, sentindo-os livres depois de ficar algum tempo algemado, que situação de merda, ele pensou e analisou a cama com uma expressão de nojo no rosto, com a ponta dos dedos, afastou o colchão velho e se sentou no concreto, preferia ficar com a bunda doendo do que pegar alguma doença contagiosa.

Ele sentiu o peso da exaustão cair em seus ombros, aquele dia parecia que não iria acabar mais, se sentia péssimo por Dante ter que lidar com essa mesma situação e perdido em meio dos pensamentos, o frio do concreto tocava sua pele, ele não conseguiu dormir naquela noite.

Ao amanhecer, o silêncio da cela era quebrado apenas pelos ocasionais sons distantes de outros prisioneiros, murmúrios e batidas metálicas, a escuridão aos poucos se dissipava. Às horas pareciam se arrastar, Gael sentiu seus olhos arderem, mas a mente não lhe dava trégua. Ele pensava em Dante, se perguntando como estava lidando com tudo aquilo, Gael se arrependia de alguns coisas naquele momento, nenhuma delas foi dizer que amava Dante.

Eventualmente, a exaustão estava começando a vencer. Gael recostou-se contra a parede fria, os olhos pesados até que finalmente se fecharam, ele não tirou mais que um cochilo quando ouviu o som da grade sendo aberta e três policiais entrando.

- Levanta, isso não é hora de tá dormindo. - Disse um deles.

Gael só arqueou as sobrancelhas e levantou, estendendo os pulsos já esperando pela algema que um deles tinha nas mãos.

- Você sabe que eu não preciso disso né? - Gael diz, a voz saindo um pouco rouca, fazia horas que ele não a usava. - Não sou um prisioneiro perigoso.

- Não interessa.

- Você vai ter o que merece.

Gael apenas soltou um riso irônico, foi conduzido pelos corredores da delegacia que já tinha um movimento crescente, abriram a porta de uma sala e o empurraram para dentro.

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