「 38 」

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BOOK TRAILER — CAPÍTULOS 38 E 39

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Era pra ser um dia normal, como qualquer outro.

Gael sabia que o dia em que todos seus pecados seriam cobrados ia chegar, mas não esperava que isso acontecesse na terra.

Ele tinha acordado com beijos de Dante, tinham transado em pelo menos três cômodos da casa durante a manhã, tomado café da manhã juntinhos e almoçaram da mesma forma, Gael tinha estranhamente criado um carinho pelo cachorro vira-lata que agora sempre estava atrás dele em busca de carinho ou brincar.

Por mais que sentisse falta de ir à praia, estar em um barzinho no final da noite bêbado e cantando a plenos pulmões e fazer viagens, Gael agora de sentia em casa com Dante e com Melo.

O sentimento de se sentir em casa, sensação de conforto, segurança e pertencimento, cada canto daquela casa era acolhedor e familiar depois de semanas lá dentro. Gael tinha uma memória olfativa, passava meses usando o mesmo perfume só pra no futuro, quando sentisse o cheiro novamente, memórias de determinada época voltassem, ele era apegado a esse sentimento e o cheiro para lembrar daquela época seria o perfume de Dante.

Há alguns quilômetros dali, Dante entrava na delegacia, era seu dia de folga, mas no dia anterior ele tinha esquecido o notebook em uma das gavetas de sua mesa, não havia nada que pudesse lhe incriminar, ele só foi pegar pra alguém não levar embora ou causar algum dano.

A delegacia onde Dante trabalha é um edifício normal, com uma atmosfera que mistura seriedade e rotina frenética. Ao entrar, a recepção é modesta, com paredes de cor neutra, um balcão de atendimento desgastado pelo tempo, e algumas cadeiras de plástico onde pessoas esperam, muitas vezes com expressões de cansaço, ansiedade, tristeza ou raiva.

O corredor que leva às salas dos policiais é iluminado por luzes fluorescentes, que lançam uma claridade fria sobre o chão de concreto. Nas paredes, quadros de avisos estão repletos de comunicados, fotos de suspeitos, procurados e alguns cartazes de campanhas de conscientização. O som ambiente é uma mistura de telefones tocando, murmúrios de conversas e o ocasional ranger das portas se abrindo e fechando.

A sala onde Dante trabalha é compartilhada com outros policiais, repleta de mesas abarrotadas de papéis, pastas e equipamentos. Há um quadro branco na parede, cheio de anotações e esquemas desenhados e relacionados à operação infinito.

Ele caminha pelo corredor, sentindo o aroma familiar de café fresco misturado com o cheiro de papel e tinta de impressora. Ao se aproximar da porta da sua sala, ele ouve vozes abafadas, revelando uma conversa do outro lado. Ele para por um momento, hesitante em entrar, escutando atentamente. As vozes são familiares, ele tenta espiar pela janela, mas estava fechada e coberta pela cortina, os policiais da operação infinito estavam reunidos, isso era certeza, exceto ele. A curiosidade cresce, mas Dante sabe que é melhor ouvir um pouco mais antes de tomar uma decisão sobre interromper ou não.

- O filho da puta do Dante. - A voz do comandante ecoou e Dante sente seu corpo ficar tenso ao ouvir seu nome.

- Então esse tempo todo ele foi um infiltrado.

- Eu nunca iria perceber.

- O Marcelo esteve na Infinity no mesmo dia que ele, o relatório dele é muito mais completo do que o de Dante, e ele foi visto conversando com os outros suspeitos, Beatriz, Theo e Rafael Di Angeli.

Agora todo aquele interrogatório fazia sentido, o comandante viu a diferença nos relatórios e tinha alguém de olho em Dante naquele dia, ele sentiu uma pontada de raiva de si mesmo por ser descuidado, por aquilo nunca ter passado pela sua mente.

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