ONZE

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Pensamentos por Gustavo Gomez:

A madrugada envolvia a cabine em uma penumbra silenciosa quando retornei, por volta das quatro manhã. Ao adentrar o espaço, o escuro parecia abraçar cada canto, e Angel, deitada na cama, emanava uma quietude que se contradizia com a tensão no ar.

__ Onde esteve, Gustavo? Por que demorou tanto? — A voz de Angel, um sussurro repleto de preocupação, cortou o silêncio noturno. Eu achei que ela estava dormindo, mas estava enganado.

A escuridão se tornava quase palpável, mas seus olhos procuravam respostas na sombra. Respondi em um tom sereno, tentando dissipar qualquer nervosismo no ambiente.

__ Estive pensando, Angel. — Murmurei de volta, tentando manter uma atmosfera de calma superficial.

__ Pensando? — Ela indagou, a curiosidade e inquietação entrelaçadas em sua voz.

__ Si, pensando sobre tudo. — Aproximei-me da cama, agora distinguindo as feições dela na penumbra. — Este navio, este casamento fictício, las cosas se están complicando.

Angel, ainda deitada e nua sob os lençóis, ergueu-se um pouco, fixando o olhar em mim.

__ Você bebeu? __ Ela deu um risinho fraco, provavelmente reconhecendo o cheiro de uísque no ar. __ Bebeu e está com um corte no rosto, o que aprontou, Gustavo? — Sua pergunta carregava uma mistura de ansiedade e desejo por compreensão.

Suspirei antes de responder, escolhendo as palavras com cautela.

__ No quiero hablar do que se passou. Si, yo bebi mas no estoy bêbado. Algumas pessoas sabem se controlar quando bebem e yo soy uma delas. __ Falei irônico e ela riu. — Sentei-me ao lado dela, compartilhando a mesma escuridão e um espaço que parecia cada vez mais confinado.

__ Por favor, deite-se. Eu estou aqui a tanto tempo, esperando você e.. Não consegui dormir. __ Ela confessou como se tivesse algum motivo para me esperar, mas não tinha.

__ Estás sintiendo algo? __ Perguntei me referindo ao episódio anterior, sobre ela ter misturado drogas e bebidas. __ Já é madrugada, porque não dormiu Angel? __ Perguntei me ajeitando entre os lençóis ao lado dela.

__ Estou com insônia, apenas. __ Ela me olhou na escuridão. Seu olhar na escuridão revelava algo mais, uma tensão palpável, uma conexão que, por mais que quiséssemos resistir, persistia. Era como se a escuridão fosse cúmplice de nossos desejos, criando uma atmosfera carregada de expectativas reprimidas.

O silêncio se estendia na penumbra, e, entre lençóis que pareciam guardar segredos, nossos corações pulsavam em um som quase inaudível. A madrugada, cúmplice silenciosa, tornava a atmosfera carregada de uma tensão que transcendia palavras.

__ Só insônia? — Murmurei, deixando uma sugestão no ar, ciente de que a escuridão nos envolvia como um véu de possibilidades. Angel, nua sob os lençóis, encarou-me, de novo. Seus olhos na sombra buscando os meus.

__ Não sei, Gustavo. — A resposta dela veio em um sussurro, como se a noite também guardasse os segredos que ela não ousava pronunciar. — Parece que há algo mais, algo que fica aqui, entre nós, mas que não podemos tocar.

Ela estava certa. O ar parecia eletricamente carregado, a proximidade entre nossos corpos denunciando uma atração que, por mais que tentássemos negar, se manifestava. Ela estava nua sob os lençóis, eu acomodado ao seu lado, uma tensão palpável permeando cada respiração.

PELO AMOR DE DEUS GUSTAVO.

Minha mente brigava comigo entre o sim e o não.

__ No quieres dormir, então? — Minha voz soou como um eco suave na penumbra, sabendo que a resposta dela poderia abrir portas que talvez preferíssemos manter fechadas.

Amor contratado - Gustavo GómezOnde histórias criam vida. Descubra agora