Amor contratado - Gustavo Gómez

TRINTA E UM

PENSAMENTOS POR ANGEL:

Depois do que vi no estacionamento do restaurante, uma decisão se formou rapidamente em minha mente: eu precisava de distância, de um recomeço. Gustavo estava ali, no carro, com Bianca e apesar de não termos compromisso nenhum, dele ter me afastado eu estava arrasada com isso. Gustavo não era idiota, ele sabia que eu tinha sentimentos por ele e vê-lo ao lado de uma pessoa que tentou me destruir todas as vezes que me viu era horrível. A dor era como uma traição e que senti que foi esmagador, e por mais que eu tentasse afastar aqueles pensamentos, a imagem deles juntos continuava a me assombrar. Eu precisava fugir, escapar da realidade que me machucava tanto. E assim, sem pensar duas vezes, reservei uma passagem para Paris, a cidade do amor, mas também uma cidade onde eu poderia me perder no luxo, na beleza e na sofisticação, tentando esquecer, nem que fosse por um breve momento, a dor que me consumia.

Eu queria viajar e me distrair logo para não enlouquecer, avisei somente minhas amigas mais intimas e o Gabriel de que essa viagem aconteceria. Ele tentou me convencer para que eu ficasse no Brasil e tentou me ver, mas eu resolvi ir mesmo assim. Precisava me curar da dependência emocional que tinha de quem nem ligava para mim e depois disso quem sabe eu poderia ser feliz com Gabriel ou com qualquer outra pessoa que eu pretendesse me relacionar.

Eu ja havia estado em Paris algumas vezes a trabalho: nas revistas e passarelas. Mas dessa vez eu iria de forma diferente; como uma forma de terapia para minha vida e aproveitaria para gastar um pouco do grande dinheiro que agora eu era dona. Fiz as malas somente com o essencial, não levei remédios, nem conteúdo de trabalho e nem muitas roupas, afinal eu pretendia as comprar lá.

(...)

Paris, a cidade das luzes, do amor e do luxo. Decidi que se eu ia me perder, Paris era o lugar perfeito para isso. Ao chegar, me hospedei no majestoso Hotel Plaza Athénée, um símbolo de elegância e sofisticação, localizado na Avenue Montaigne, o coração da alta moda parisiense. Minha suíte, decorada com uma mistura de elegância clássica e toques modernos, oferecia uma vista deslumbrante da Torre Eiffel, iluminada como um farol na noite parisiense. Cada detalhe no hotel exalava luxo, dos lustres de cristal às flores frescas que adornavam cada mesa.

Durante os dias, explorei a cidade como uma verdadeira parisiense. Caminhei pela Champs-Élysées, onde as vitrines das boutiques de alta costura, como Chanel, Dior e Louis Vuitton, me convidavam a entrar e me perder em meio aos tecidos luxuosos e acessórios deslumbrantes. Cada compra era uma pequena indulgência, um presente para mim mesma em um esforço desesperado para preencher o vazio deixado por Gustavo.

Visitei o Museu do Louvre, onde me perdi entre obras-primas como a Mona Lisa e a Vênus de Milo, tentando encontrar paz e inspiração nas pinceladas de mestres antigos. Passei uma tarde inteira nos jardins de Luxemburgo, observando a vida parisiense passar, tentando encontrar alguma calma em meio ao turbilhão de emoções que me consumia.  Durante a noite eu aproveitava e  jantava nos restaurantes estrelados Michelin, onde degustava pratos preparados por chefea renomados, acompanhados dos melhores vinhos franceses. Cada refeição era uma experiência sensorial, uma tentativa de me perder em sabores e aromas e esquecer, nem que fosse por algumas horas, a dor que me corroía por dentro.

(...)

Em uma noite, depois de alguns dias vivendo perfeitamente como uma nativa francesa, mais aventureira e desejando esquecer Gustavo, decidi ir à famosa boate L'Arc, um lugar onde a elite parisiense se reunia para festas luxuosas e extravagantes. Vesti-me com um vestido preto de alta costura que abraçava minhas curvas perfeitamente, meus cabelos soltos caíam em ondas perfeitas e minha maquiagem realçava minha beleza natural. Eu normalmente não me sentia assim mas dessa vez eu estava linda, parecia uma deusa entre mortais. Ao entrar na boate, a música pulsante, as luzes vibrantes e a atmosfera de pura decadência me envolveram, e por um momento, senti-me livre de todas as minhas preocupações.