SETE

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PENSAMENTOS POR ANGEL:

O corredor parecia estreitar-se à medida que eu caminhava para longe da sala. O tapa que dei em Gustavo ainda reverberava em meus dedos, um misto de remorso e raiva latejando em mim. Por um momento, fui tomada por uma sensação avassaladora de arrependimento.

Entrei no quarto, trancando a porta atrás de mim. O silêncio era ensurdecedor, deixando-me sozinha com meus pensamentos tumultuados. Meu reflexo no espelho revelava uma versão de mim que eu mal reconhecia, olhos inflamados pela raiva e um semblante marcado por emoções conflitantes. Eu queria chorar.

As palavras de Gustavo ainda ecoavam em minha mente, cada insulto perfurando meu orgulho e desencadeando um turbilhão de sentimentos. Era difícil acreditar que tudo isso começou como uma encenação para salvar alguns milhões. O contrato que deveria guiar nossa farsa tornou-se, de repente, uma corrente que nos mantinha presos a um relacionamento fictício repleto de tensão e hostilidade.

Sentei-me à beira da cama, tentando processar o que acabara de acontecer. A sessão de fotos, a explosão de Gustavo, o tapa que eu ousara dar a ele – tudo parecia uma sequência de eventos que fugia ao controle. E, no meio dessa tempestade, meu coração pulsava com uma mistura confusa de sentimentos.

A forma como Gustavo reagiu atingiu um ponto sensível, abrindo feridas emocionais que eu preferiria não enfrentar.

O impacto do tapa ecoou entre nós, criando uma barreira invisível que nos separava. Os dias que seguiram à explosão na sala foram marcados por um silêncio frio e uma distância dolorosa. Gustavo, sentindo o peso de suas palavras, tentou se aproximar, batendo à porta do meu quarto, mas apenas o eco vazio de suas tentativas preenchia o corredor. Decidi afastar-me, buscando refúgio no silêncio do quarto. Gustavo, como sempre, dedicou-se intensamente ao futebol, enquanto eu, esgotada emocionalmente, mantive-me distante. As palavras não ditas tornaram-se um abismo entre nós, e o contrato que nos unia era uma âncora que nos puxava para o centro da tempestade.

Contudo, em meio à frieza que nos envolvia, o mundo não podia parar.

Em uma noite calma, desci as escadas carregando uma mala, minha expressão séria era vista por Rick e Gustavo que estavam na sala.

Rick, preocupado com o impacto da situação, levantou-se do sofá e começou a falar:

__ Angel, por favor, diga aonde vai com essa mala? O que está pensando em fazer com isso?

Com a voz trêmula, expliquei que precisava viajar a trabalho, participando de um evento e assumindo compromissos como modelo de presença.

__ O evento durará dois dias, é uma viagem breve, irei de avião até o rio e farei o mesmo percurso na volta.

__ Espera, Angel, você realmente acha necessário fazer isso sozinha? Lembre-se do compromisso no fórum daqui a dois dias, como mencionamos. Sinceramente, em breve você será milionária, talvez não precise aceitar esses trabalhos se não quiser.

__ Ouviu o que falei, Rick? Voltarei daqui a dois dias e estarei profissionalmente comprometida no evento que combinamos. A questão é que, embora esteja prestes a ter sucesso financeiro, ainda não sou milionária e não posso depender apenas disso. Eu sou uma modelo há muito tempo, preciso trabalhar para me sustentar e porque amo o que faço. Alguns podem interpretar mal, mas meu trabalho é digno e bem remunerado." Falei aproveitando para alfinetar Gustavo.

__ Angel, eu me preocupo com você, tanto pessoalmente quanto em relação à maldade da mídia. Se não for, pelo menos evitaria fofocas sobre o casamento e seu trabalho.

__ Desculpe se pareci rude, Rick. Gosto muito de você, mas entenda que meu casamento com o jogador é apenas por contrato, não é uma realidade. Se a mídia publicar fofocas, paciência. Até mesmo meu 'marido' fez comentários maldosos.

Amor contratado - Gustavo GómezOnde histórias criam vida. Descubra agora