Capítulo 25 - Flora

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— Por que temos que entrar tão cedo em uma cidade? — Grace resmungou ao meu lado, enquanto observávamos o navio ser atracado no cais.

— Já disse que o navio precisa de manutenções, a última tempestade nos causou alguns prejuízos — explicou Bernard próximo a nós e lançou um olhar desconfiado para ela — Qual é o problema? Não me diga que está com medo do capitão cumprir sua palavra e te deixar aqui?

Um sorriso divertido brincava em seu rosto, mas Grace olhou para ele com olhos afiados e deu um soco em seu braço.

— Não achei graça... — murmurou satisfeita ao ver a expressão de dor do marujo.

Entre o tratamento das feridas dele e o trabalho feito por nós três juntos, os dois acabaram se aproximando e era perceptível o quanto gostavam de provocar um ao outro.

— Mas a Flora achou engraçado — retaliou ele e me esforcei para esconder o sorriso diante do escrutínio de Grace.

— Não se preocupe, minha amiga, o capitão provavelmente só estava sendo cauteloso — falei a fim de acalmar os ânimos — Tenho certeza que ele não te deixará aqui depois de toda ajuda que você tem mostrado.

— Verdade? — ela sorriu esperançosa e eu assenti.

— É, provavelmente — pontuou o marujo, desviando por pouco de outro soco da mulher impaciente.

Alguns minutos depois, descemos do navio e caminhamos pelo porto. Desta vez, apenas eu, Grace e Bernard fomos convocados para acompanhar o capitão, e juntos, seguimos em direção à cidade.

— Para onde estamos indo mesmo? — Grace foi a primeira a perguntar, observando com curiosidade as ruas pelas quais passávamos.

— Você logo verá — Jack respondeu sem se dar ao trabalho de olhar em sua direção.

— Que rude...  — ela revirou os olhos e se calou.

Achando o comportamento de Jack estranho, olhei para suas costas me perguntando se ele só estava de mau-humor ou se havia acontecido alguma coisa.

Como se estivesse lendo meus pensamentos ou sentindo meu olhar sobre si, ele olhou por cima do ombro e me encarou com o rosto sério. Envergonhada por ter sido pega no flagra, senti minhas bochechas corarem, mas não desviei o olhar.

Então, parecendo ver algo atrás de mim, ele parou de repente e com discrição, olhou nossos arredores. Depois, ele se virou e murmurou algo para Bernard que estava ao seu lado, recebendo deste um aceno positivo. O marujo se voltou para Grace e se aproximou dela.

— Vamos dar uma volta, senhorita... — ele sorriu, mas vi apreensão em seu rosto.

Grace também notou isso e não contestou quando ele passou um braço em seus ombros e a levou para a esquerda.

— Vamos — sem que eu tivesse tempo para dizer alguma coisa, Jack segurou minha mão e saiu me puxando pelo caminho oposto de nossos amigos.

Não ousei olhar para trás, temendo cometer algum erro, e continuei seguindo-o por algumas ruas, até entrarmos em um beco estreito e pararmos em uma parte mais escura.

— O que está acontecendo? — questionei não conseguindo mais me conter.

— Estamos sendo seguidos.

— O quê? — senti a aflição começando a tomar conta de mim.

Oh, Deus! Minha vida vai ser sempre assim agora, me escondendo aonde quer que eu esteja? — lamentei em meio a angústia que ameaçava me consumir.

Flora Harper E O Navio Pirata - Amor Em Alto-Mar Onde histórias criam vida. Descubra agora