Capítulo 17 - Flora

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Podia ouvir claramente as fortes batidas do meu coração enquanto processava o que o homem havia dito.

Achei que no momento em que pusesse os pés fora daquela cidade, eu estaria livre das garras de Conrad. Mas eu estava enganada, e a prova viva disso era a recompensa que ele daria a quem me levasse até ele. Estremeci só de pensar em vê-lo de novo.

— Como sabia quem era a moça que deveria capturar? — Jack questionou ao homem, me despertando dos meus pensamentos distantes.

— Por causa disso... — ele remexeu em seu casaco e tirou um papel dobrado do mesmo, estendendo-o em direção ao capitão que prontamente o pegou e o abriu.

— Entendo.

Por cima de seu ombro, olhei para o papel e fiquei surpresa ao me deparar com um desenho que me representava perfeitamente.

— Havia também algumas descrições físicas da moça em outro papel — o caçador de recompensas me olhou atentamente — Morena, cabelos longos escuros, olhos bonitos, de estatura pequena...

Desviei o olhar para outro lugar, sem saber como me sentir em relação a tudo isso. Jack verificou com cuidado o desenho e então o guardou em seu bolso, voltando a olhar para o homem.

— Onde conseguiu esse cartaz?

— Aqui nessa cidade — respondeu com um suspiro cansado — Pelo que parece, cartazes como esse estão sendo espalhados por todas as cidades mais próximas e o dinheiro que estão oferecendo é o suficiente para fazer muitos ficarem interessados.

— Então você não é o único que virá atrás dela... — concluiu o capitão.

Senti o medo me invadindo novamente. Eu achava que estava segura e que poderia escapar tranquilamente, mas a vida estava me mostrando mais uma vez que as coisas não seriam tão fáceis assim.

Ah, meu Deus! O que eu faço agora? — questionei em meio ao caos que me consumia.

Levei uma mão à cabeça sentindo-a girar por causa de todas as informações recebidas e tentando manter o equilíbrio, dei um passo atrás.

— Flora? — Bernard que estava próximo de mim chamou preocupado.

Jack olhou em minha direção e percebendo meu estado, rapidamente veio até onde eu estava e me amparou envolvendo um braço ao redor de meus ombros. Sua expressão era de pura preocupação.

— O que há de errado? — seus olhos percorreram meu rosto em busca de uma resposta.

— Eu estou bem — com cuidado, me afastei dele e respirei fundo algumas vezes a fim de retomar o foco — Só... só preciso de um pouco de tempo.

Ele não pareceu satisfeito, mas assentiu e se aproximou dos outros marujos.

— Acho que já é hora de partirmos — disse recebendo um aceno de concordância dos outros.

— Mas e quanto a eles? — o marujo, que agora eu sabia se chamar Hugo, apontou para os homens ainda amarrados.

O capitão os encarou por alguns segundos e eles o encararam de volta com apreensão. Os marujos haviam amarrado os pulsos deles atrás das costas e com mais uma corda, fez que todos ficassem presos a um velho cano de ferro que se entendia na parede, o que os impossibilitavam de sair sem que alguém os ajudasse.

— Deixe-os aí. Não podemos perder nosso tempo com esse bando de tolos.

O líder do grupo abriu a boca com indignação, mas fazendo pouco caso deles Jack se virou em nossa direção e sem dizer mais nada, caminhou pelo mesmo lugar por onde veio.

Flora Harper E O Navio Pirata - Amor Em Alto-Mar Onde histórias criam vida. Descubra agora