Capítulo 36 - Flora

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Enquanto caminhávamos pela rua, notei quando Jack desacelerou seus passos e caminhou ao meu lado, deixando nós dois um pouco mais atrás.

— Eu não disse nada antes, mas... — sorriu de canto, com seus olhos fixos nos meus — Você está linda.

Meu coração palpitou dentro do peito, e precisei respirar por alguns segundos para conseguir responder.

— Obrigada — abri um discreto sorriso em meio a vermelhidão que tomava meu rosto.

Não sabia exatamente o porquê, mas ultimamente vivia envergonhada e tímida com o menor dos sorrisos do capitão.

Será que eu estou apaixonada por ele? — Tal constatação despertou um frio em minha barriga e desviando o olhar, caminhei ainda mais rápido a fim de alcançar os outros. Mas para o aumento da minha aflição, Jack permaneceu ao meu lado.

Eu tentava a todo custo lutar contra os sentimentos novos que despertavam em mim, mas eles só pareciam crescer ainda mais e isso me deixava aflita.

Suprimi um suspiro de alívio quando finalmente chegamos na rua principal, onde o grande movimento de pessoas andando de um lado para o outro e o barulho que vinha das diversas barracas, tomava conta do lugar.

— Esse ano parece mais agitado que os outros — Anne observou segurando firme o braço do marido.

— Deve ser por causa da grande quantidade de visitantes que tem chegado por esses dias — sugeriu Harold.

— Não fique muito distraída e se mantenha por perto, entendeu? — ouvi a voz baixa do capitão perto do meu ouvido e sentindo um arrepio na espinha, dei um passo atrás de forma involuntária, quase trombando em uma pessoa que passava por ali — Não acabei de avisar para não se distrair?

— D-desculpa — pedi envergonhada e me repreendendo internamente pela minha falta de cuidado.

Ele me encarou com o semblante franzido, mas logo seu rosto suavisou com um sorriso.

— Tudo bem, só fique perto de mim — disse se aproximando novamente.

Como se isso fosse fácil. Todas as vezes que ele estava por perto, sentia as emoções tomando conta de mim e perdia totalmente o foco do que estava fazendo. Mas ao mesmo tempo, não queria me afastar dele, e essa intensa contradição estava me deixando em constante agonia.

— Vou tomar mais cuidado — murmurei olhando para qualquer outro lugar que não fosse seu rosto.

Seguimos em frente, observando a variedade de comidas e produtos das barracas, até que algo pareceu chamar a atenção de Anne.

— Oh, eu amo essa peça! — exclamou apontando para um canto, onde havia uma pequena aglomeração de pessoas assistindo o início de uma apresentação. Quase dando pulinhos de empolgação, ela se virou para o marido — Podemos ver?

— Claro, meu amor — concordou ele com um sorriso cheio de carinho e se voltou para nós — Por favor, não precisam ficar aqui, aproveitem o festival.

— Sim, nos encontramos daqui a pouco — Anne sorriu para nós e então puxou seu companheiro para sentar em um dos bancos ali dispostos.

— Então vamos? — Grace se colocou ao meu lado e segurou meu braço.

— Claro — sorri para ela.

Ela me levou em várias barracas para vermos de perto o que estavam oferecendo, com os rapazes logo atrás de nós, até pararmos em uma que vendia acessórios e joias de todos os tipos.

— Olha só essa pulseira! — Grace levantou a corrente de ouro com algumas pedras coloridas entalhadas nela.

— É realmente linda — falei com sinceridade.

Flora Harper E O Navio Pirata - Amor Em Alto-Mar Onde histórias criam vida. Descubra agora