Capítulo 21 - Flora

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— Venci de novo! — Hugo comemorou sua terceira vitória consecutiva.

Thiago, o derrotado, se levantou com uma carranca e deu lugar ao próximo oponente.

Estávamos na cozinha, depois do jantar, e aqueles que já tinham terminado suas tarefas ou estavam desocupados, se entretinham com um jogo de damas.

O capitão e Bernard também estavam presentes, sentados em um canto, enquanto eu e Grace nos acomodamos em uma mesa mais próxima para assistir o jogo de perto.

— E então? Quem é o próximo? — bradou o marujo com um largo sorriso no rosto, mas ninguém se aproximou — Qual é, gente, vão me dizer que estão com medo?

Aqueles que haviam perdido, lançaram olhares indignados para ele, já os outros, desviaram o olhar fingindo não ouvir sua provocação.

— Por que você não tenta? — murmurei à mulher ao meu lado que observava tudo com um sorriso divertido.

— Ah, não, eu sou péssima nesse tipo de coisas — balançou a cabeça e olhou para mim — E você?

— Prefiro só assistir — respondi com um pequeno sorriso.

Hugo parecia impaciente por ser ignorado por todos, mas assim que seus olhos pousaram em nós, uma ideia pareceu vir em sua mente.

— Que tal um incentivo, hein, moças? — sugeriu com um sorriso malicioso.

Como se tivesse planejado isso, todos olharam para ele interessados no que ele tinha a dizer.

— Que tipo de incentivo? — Grace indagou estreitando os olhos para o homem.

— Um beijo para aquele que vencer a próxima partida! — exclamou recebendo aplausos e comemorações de alguns dos marujos.

— Agora sim você está falando sério! — bradou um marujo que já aparentava ter seus trinta anos.

Não gostei nada do sorriso e do olhar predador em seu rosto, assim como detestei aquela história.

— E então, moças? — Hugo nos direcionou seu olhar com as sobrancelhas levantadas.

— Por mim tudo bem — Grace deu de ombros e imediatamente olhei para ela consternada com a facilidade com que aceitou essa loucura — O que foi, Flora? Você não vai?

— Eu... — abri a boca pronta para recusar, mas fui interrompida por Jack.

— Mas que idéia mais ridícula... — o capitão se aproximou do centro e sentou de frente para o desafiante, com uma expressão séria — Está tão desesperado assim para conseguir a atenção que deseja? Pois bem, jogarei contra você e a única coisa que vou querer se vencer, será um pedido de desculpas, de joelhos.

O marujo engoliu em seco perdendo boa parte de sua determinação. Aqueles que antes não demonstravam interesse no jogo, agoram estavam ansiosos para ver essa partida.

— E-eu não estava falando sério, capitão, era só brincadeira — gaguejou nervosamente.

— Ah, mas agora eu quero muito jogar... — Jack sorriu com confiança.

— A coisa agora se tornou séria — Bernard se juntou à nossa mesa e olhou atentamente para os homens mais à frente — Enfrentar o capitão era a última coisa que ele queria. Todos nós sabemos da fama dele por ser muito bom em jogos como este.

— Então por que ele lançou esse desafio se sabia disso? — questionei sem entender a lógica dessa situação.

— Bem, acontece que o Jack decidiu parar de jogar por um tempo — explicou e olhando para mim, abriu um pequeno sorriso —Então ele não achou que o capitão fosse aceitar.

Flora Harper E O Navio Pirata - Amor Em Alto-Mar Onde histórias criam vida. Descubra agora