Caminhamos por vários minutos, guiados apenas pela luz de um lampião que um dos homens do Duque carregava na frente.
Desde que saímos da casa de Anne, ele não falou mais nada, mas sentia seu aperto forte em minha mão. Apesar do medo que só aumentava a cada passo que ficávamos mais distante da cidade, orava incessantemente no meu interior, pedindo que se fosse da vontade do Senhor, que Ele me livrasse daquela situação, mas também que Ele protegesse meus amigos.
Quando finalmente paramos, notei que mais à frente havia uma pequena cabana.
— Você já sabe o que fazer — Conrad soltou minha mão, só para que outro homem segurasse meu braço e me puxasse para dentro da pequena casa.
Atravessamos a sala, onde não havia nenhum móvel sequer e a lareira parecia inutilizada por muito tempo, e então entramos em um quarto que também não tinha nada além de duas cadeiras. Fui colocada em uma e observei aflita enquanto era amarrada firmemente.
— Por favor, me tire daqui... — murmurei com a voz embargada, mas isso não pareceu comovê-lo.
— Depois de todo o trabalho que tivemos para capturá-la? Não mesmo! — sorriu com diversão — Não se preocupe, você não vai ficar aqui por muito tempo mesmo.
E com uma risada perversa, ele saiu e me deixou sozinha, no escuro. Alguns minutos novamente se passaram, mas para mim parecia que tinham sido horas, até a porta novamente se abrir e o Duque entrar por ela com uma lamparina nas mãos.
Seus passos soavam altos no piso de madeira, enquanto sem pressa ele pegou a outra cadeira e a arrastou para ficar de frente para mim.
— Foi mais difícil do que eu pensei te trazer de volta... — disse se recostando na cadeira, com os olhos fixos nos meus — Mas aqui está você, minha noiva.
Não desviei o olhar dele, a raiva começando a se misturar com os outros sentimentos que me tomavam. Minha vida só virou essa bagunça porque aquele homem havia entrado nela, e precisei de muito esforço para não deixar que essa raiva me consumisse.
— Você me deixou muito triste quando fugiu, sabia? — esperou minha resposta, mas como eu nada disse, ele se inclinou para a frente com os olhos semicerrados — Acho que vou fazer uma visitinha de novo naquela casa que você estava.
— Você prometeu que não iria machucá-los! — exclamei indignada com sua ameaça.
— Então é melhor responder quando eu estiver falando com você — seu tom era impaciente, mas ele logo retomou sua postura confiante — Enfim, partiremos amanhã de manhã bem cedo e assim que chegarmos em Tymont, vamos finalmente nos casar.
Olhei para baixo com aquela informação. Se o capitão e os outros não fossem rápidos, não daria tempo de me encontrarem e muito menos de me salvar.
— Que expressão triste é essa? — Conrad me encarou sério, mas um sorriso de escárnio se abriu em seu rosto — Não me diga que está com saudade daquele grupinho de piratas?
— Não fale assim deles — levantei a cabeça, estreitando os olhos em sua direção — Todos eles são bem melhores do que você.
— É melhor tomar cuidado com o que fala... — disse com os dentes cerrados e em um movimento rápido, segurou meu queixo apertando minhas bochechas — Ah, agora estou lembrando que o Jack não estava naquela casa, para a sorte dele. Porque se estivesse lá, eu com certeza o mataria com minhas próprias mãos!
— Não ouse fazer nada com ele — ignorei a dor em meu rosto por causa de seu aperto e continuei encarando-o com firmeza — Ou eu vou...
— Vai o quê? — me interrompeu — Você ficou bem ousada, mas não gosto nem um pouco disso... — sua mão livre se fechou em punho — Não me diga que tem sentimentos por aquele idiota?
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Flora Harper E O Navio Pirata - Amor Em Alto-Mar
RomanceSinopse: Flora Harper, uma garota cristã e gentil, vive em uma cidade portuária com o pai, dono de uma pequena e singela sapataria. Até que um dia, após a repentina morte de seu pai, ela se vê obrigada a se casar com um homem cruel a quem não ama e...