Capítulo 14 - Flora

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— Baixar âncora! — bradou o capitão em alta voz e logo ouvi o som das pesadas correntes descendo pelo navio.

Quando o navio finalmente atracou no lugar decidido pelo capitão, todos os marujos se reuniram no grande convés a céu aberto para ouvir o que Jack tinha a dizer.

— Companheiros, estamos na cidade de Klyve — disse enquanto todos se mantinham em silêncio — Partiremos ainda hoje daqui, então resolvam seus negócios o mais rápido possível.

Ainda hoje, hein? Isso significa que terei pouco tempo para tentar fugir. — pensei começando a me preocupar com o sucesso do meu plano.

— Vamos, Flora? — Bernard chamou quando todos os homens já se preparavam para descer a rampa até o porto.

— Vamos — me coloquei ao seu lado.

Com o apoio de Bernard, desci a grande rampa até tocar o chão firme da praia. Aqueles que haviam descido primeiro já estavam sumindo de vista, eles pareciam saber o que estavam fazendo.

— Flora — senti meu coração errar uma batida ao ouvir meu nome sair da boca do capitão.

Engolindo em seco e com medo de que ele percebesse o quanto estava nervosa, respirei fundo e me virei em sua direção o mais normal possível.

— Sim? — me forcei a dizer, tentando não soar trêmula.

— Se mantenha por perto e não se afaste de nossas vistas — seu tom sério me fez questionar se ele não suspeitava das minhas intenções ocultas.

— Tudo bem — concordei com um aceno de cabeça e desviei o olhar de seu rosto.

— Muito bem — ele se aproximou se posicionando do meu outro lado e olhou para a frente — Vamos indo, então.

Acompanhada por aquele pequeno grupo de homens composto pelo capitão, Bernard e mais dois outros marinheiros, caminhamos pelo porto em direção à cidade. Nosso navio não era o único a estar presente ali, e portanto, não era à toa que a cidade estivesse agitada perto de onde estávamos.

Seguimos por poucas ruas até entrarmos em um grande centro comercial lotado de pessoas. A um aceno do capitão, os dois marujos foram na frente, enquanto ele e Bernard se mantiveram mais atrás.

Em meio àquele caos, apertei a alça da bolsa em meu ombro, tentando discretamente encontrar uma rota de fuga, mas não seria tão fácil assim com aqueles homens tão perto de mim.

Suspirei diante da tensão sobre mim e me permiti por um momento apreciar a vista daquela cidade. Era a primeira vez que eu saía do lugar onde nasci e cresci, e eu até estaria animada, se as circunstâncias da minha saída fossem outras.

O centro comercial se entendia por quase uma rua inteira, com diversas barracas expondo suas variedades de produtos, desde joias até comidas diferentes. Deixei meus olhos correrem por todo o lugar enquanto atravessávamos a agitada rua, observando os itens com admiração e apresso.

Em meu momento de distração, acabei esquecendo meu objetivo principal e em meio àquele movimento de pessoas indo e vindo de todos os lados, não vi quando alguém passou muito perto de mim.

— Ei! Me solta! — ouvi uma voz feminina vindo de trás de mim e me virei para saber do que se tratava.

Me surpreendi ao ver Jack segurando o braço de uma mulher, que tentava inutilmente se soltar.

— Depois que devolver o que pegou — ele respondeu sério, com uma calma controlada.

— Eu não peguei nada! Me solta agora! — bradou mais uma vez a mulher, erguendo a cabeça e olhando furiosamente para ele.

Flora Harper E O Navio Pirata - Amor Em Alto-Mar Onde histórias criam vida. Descubra agora