Capítulo 41 - Jack

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Já havia perdido a noção do tempo enquanto procurávamos em cada canto e beco da cidade por alguma pista. Mas se tinha uma coisa que eu tinha certeza, era que cada segundo que passava parecia que ficávamos mais distante de encontrá-la.

Estava tentando manter a calma e o controle, contudo, o desespero teimava em querer tomar conta de mim e eu sabia que a qualquer momento ele poderia vir à tona.

— Acharam alguma coisa? — perguntei aos meus companheiros depois de investigarmos uma área mais afastada.

Eles negaram com um balançar da cabeça e tentavam esconder suas emoções, mas o desânimo começava a transparecer em seus rostos.

— Vamos continuar procurando — encorajei, fazendo-os concordar prontamente.

Mais uma vez, saímos caminhando com os olhos atentos em qualquer sinal dela, até nos aproximarmos de uma área deserta que levava para a floresta.

— Eles não devem ter vindo por aqui, afinal, esse é o lado oposto do porto — Hugo sugeriu de forma lógica, mas algo me incomodava.

Dei mais alguns passos para a frente, sentia como se algo estivesse passando despercebido por mim.

— Capitão? — Thiago chamou, mas ignorei todos eles e continuei procurando por algo que eu ainda não sabia o que era.

Cheguei à entrada da floresta e ao olhar para o chão, reparei que tinha alguma coisa ali. Me agachando, segurei o objeto próximo ao rosto e me surpreendi ao reconhecê-lo.

— O que está fazendo, Jack? Não podemos perder... — Grace chegou ao meu lado, seus olhos arregalados ao ver a mesma coisa que eu — Isso é...

— Sim, é o colar da Flora — confirmei com um sorriso que contagiou os outros.

— Significa que ela está perto — Bernard comentou pensando o mesmo que eu, e seu cenho franziu — Então eles entraram na floresta? Por que eles fariam isso?

Abri a boca para dizer que não sabia, mas uma conversa recente entre dois marujos me veio à memória.

— E então? Deu tudo certo?

— Sim, o navio está atracado do outro lado da ilha, na saída da floresta.

— Ótimo! O capitão faz questão de sairmos amanhã cedo e tudo que menos quero é irritá-lo.

— Como não pensei nisso antes? — pensei em voz alta, me recriminando por não ter percebido algo tão óbvio. Vendo a expressão confusa de meus amigos, tratei de dizer alguma coisa — Vamos seguir pela floresta.

— Pela floresta? Mas por que? — Grace questionou sem esconder sua impaciência.

— Ouvi dois marinheiros desconhecidos falando de um navio atracado do outro lado da cidade — resumi de forma breve.

— E você acha que a Flora pode ter sido levada para lá? — Bernard completou meu raciocínio e eu assenti — Então o que estamos esperando? Vamos até lá!

Com a sua deixa, adentramos a floresta com a pouca claridade da lua sendo a nossa única fonte de luz, e caminhamos cautelosamente por entre as árvores e arbustos ali presentes.

Vários minutos depois, chegamos em uma clareira aberta e nos deparamos com uma pequena cabana, sendo guardada por cerca de três homens de vigia. Com uma instrução silenciosa minha, nos escondemos cobertos pela vegetação e observamos o ambiente ao nosso redor.

— O mar está perto daqui, consigo ouvir o som baixo da maré — Bernard comentou usando seus ouvidos apurados.

— A Flora deve estar naquela cabana — sugeriu Grace — Não vamos mais perder tempo.

Flora Harper E O Navio Pirata - Amor Em Alto-Mar Onde histórias criam vida. Descubra agora