RAEL
Entrei no galpão com cheiro de morte, o local estava até que limpo, fazia tempo que eu não usava isso aqui. Alfonso estava sentado numa cadeira, com cordas nos pés e as mãos amarradas. A região dos olhos estavam com marcas roxas.
Luciano e Matheo já estavam ali me esperando. Eu preciso extravasar essa raiva que estou sentindo, me sinto traído e desrespeitado, talvez se a gravidez da Esmeralda fosse um acidente, eu entendia. Mas não, ela mentiu pra mim. Estou com raiva dela.
Me aproximou deles e enfiei a mão no bolsa olhando meu inimigo ali, vulnerável.
— Você me deu trabalho— Apontei pra ele e sorri me encostando na mesa com meus itens de tortura— Adivinhe, hoje estou com bastante raiva, preciso descontar em alguém, e ninguém melhor do que você— Ele me olhou com ódio, e talvez medo.
Descobri que Esmeralda está grávida a uns dias, e de lá pra cá, nem eu mesmo me aguento. Estou preferindo ficar longe dela, ontem dormi num apartamento que eu tenho no centro da cidade. Não quero ter problemas e nem discutir com ela, pelas mensagens da médica, ela não está num momento bom da gravidez e não quero ser responsável por agravar ainda mais isso. Eu estou muito puto, me senti traído pela minha esposa.
— Tem alguma coisa que a gente não saiba?—Imdaguei olhando qual item usaria primeiro. Peguei um alicate e me aproximei dele.
Alfonso se mexeu na cadeira e eu me puxei um banco me sentando, levei meus olhos até sua mão presa e ele a fechou em punhos.
— Se você me matar, a Camorra vai vim com tudo pra cima de vocês— Ele disse de forma firme e autoritária.
— Sério?— Me fiz de chocado— Acha mesmo que os seus estão satisfeitos que você fugiu? Poxa…você só mostrou que não é um de palavra, é um frouxo.
Peguei um pedaço de ferro do chão, e o fechei em minhas mãos. Ergui minha mão e bati o ferro contra a sua, ouvindo ele gritar como um fraco, que era. Ele abriu a mão e eu peguei o alicate enfiando em sua carne, na unha.
— Você realmente não tem nenhuma novidade?—Indaguei apertando o item, vendo ele fechar os olhos com força.
Arrancar uma unha, era uma das piores dores.
—Ta sabendo de alguma coisa?—Perguntei e sorri quando a unha pulou para fora do dedo e caiu no chão, o sangue começou a escorrer pelo braço da cadeira.
— Eu não sei de nada— Ele me olhou— Eu quem estava roubando suas cargas, só isso. Queria me vingar.
—E aí você foi atrás da minha bebezinha?—Luciano Indagou e vi Alfonso franzir a testa— Sim, a minha filha, você sequestrou e agrediu a minha filha.
— Eu não sabia…não sabia que ela era a sua filha, por favor, me mata de uma vez.
Fiz uma careta vendo o quanto ele era babaca, eu sentia vergonha e acredito que toda a Camorra também sinta, por ter ele como chefe.
— Eu pensei muito em como te mataria— Luciano deu uma gargalhada demoníaca me fazendo rir também— Sou muito criativo com você sabe— Ele se aproximou da cadeira e eu parei de longe, ao lado de Matheo— Queria algo novo…
Cerrei os dentes quando Luciano pegou o pedaço de ferro e bateu contra a costela dele fazendo ele se contorcer de dor.
— É que fizeram isso com a minha filha— Ele sorriu irônico— Pensei muito, eu já enfiei alguns covardes num silo e coloquei fogo, eles morreram cozidos— Ele riu— Mas dessa vez eu pensei em fazer o bem— Se defendeu pondo a mão no peito.
Dei um passo para o lado quando um dos nossos homens entrou no galpão com dois porcos, daqueles bem gordos. Digamos que o Luciano andou os treinando, aguçando o gosto alimentar deles. Ele vinha os alimentando com sangue.
— Ele é insano!— Matheo olhava hipnotizado.
— Esses são Fred e Jorge— Ele apontou para os animais que roncavam de fome— Hoje eu vou alimenta-los…com a sua carne— Ele disse tirando uma faca da mesa e se aproximou de Alfonso.
O meu sogro, segurou a mão que eu tinha tirado a unha e cortou, arrancando o dedo. Ele fez uma careta quando segurou o dedo e jogou para os porcos que comeram e se agitaram querendo mais.
— O que?—Alfonso nos olhou em choque— Por favor…eu faço o que vocês quiserem, podem ganhar uma bolada conosco, é só me deixar fazer uma ligação.
— Cala a boca, cazzo!— Luciano esbravejou e se aproximou dele dando uma facada contra a sua barriga.
Alfonso abriu a boca e arregalou os olhos.
— Tragam os porcos, eles estão famintos— Disse se afastando.
Alfonso não tinha morrido ainda, ele só estava sentindo dor, o sangue começou a pingar no chão e ele nos olhou em súplica. E eu não sentia nenhuma por ele. Os porcos roncaram e nosso soldado se aproximou dele, nosso bichos de estimação sentiram o cheiro do sangue no chão e eu sorri vendo-os lamber o líquido vermelho.
— Por favor!—Alfonso berrou e Luciano fez sinal para o soldade que afrouxou mais as correntes e eu pisquei tranquilo vendo ele ser devorado vivo.
Não sentia pena, muito menos remorso!
(...)— Você e a minha filha brigaram?—Luciano Indagou dando um gole no whisky— Ela disse que você não estava dormindo em casa.
— A gente discutiu— Falei enfiando as mãos no bolso— Ela está grávida— Luciano arregalou os olhos e me encarou.
— Que maravilha, terei meu primeiro neto— Ele abriu um sorriso até genuíno, mas eu permaneci sério, nem parecia aquele mesmo homem que estava agora a pouco colocando nosso inimigo para ser comido vivo por porcos.
— Ela não me avisou que tira parado de tomar remédios, eu não pretendia ter filhos agora— Falei e ele revirou os olhos.
— Por que não?
— Não queria, não estamos num bom momento.
— Vou te dizer, eu pensei assim a minha vida toda, e veja só, não tinha outros filhos, e a única que eu tive só descobri agora. Se for pensar na família, nunca será um bom momento, sempre temos conflitos— Mordi a bochecha— Nos já vivemos num mundo que não é normal, temos que fazer o mínimo esforço para não ser tão complicado.
— A Esmeralda é muito nova, ela não tem noção do peso que é, ser filho ou filha na máfia, já nasce fadado. Se for homem terá que assumir as coisas, não tem uma infância decente, e se for menina já tem o destino traçado a ser a esposa de alguém.
— Sabe o que tem de diferente?—Ele Indagou se virando pra mim— Eu vejo um potencial em você, você e a minha filha são o futuro disso tudo, podem mudar as coisas. Eu entendo que ter o Matteo Caccini como pai deve ser uma merda, mas você não é ele. Você pode e deve ser diferente— Ele olhou para a frente— O bebê nem nasceu ainda, acho que você precisa relaxar um pouco, você sofre por antecipação. Deixas coisas fluírem. Não tô tirando a culpa dela e muiito menos defendendo, mas posso falar? Esmeralda é uma das almas mais puras que eu já vi na vida. Ela não fez por mal…
— Sei que não— Falei.
Sabia disso, tenho uma esposa muito impulsiva, na cabeça dela talvez uma grávida nesse momento só ia unir mais a gente. Ela não fez por mal, mas isso não apaga que ela não me respeitou.
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Em Nome Da Máfia - Livro 1 Série "Cosa Nostra"
Romance"Eu quero um futuro, onde eu seja respeitada" "Minha maior vingança, vai ser eu me casar com ela" ⚠️ Pode conter Gatlihos⚠️ Romance Dark - Pode contar violência extrema, estupro, Homicídios, cenas de sexo explícito, abuso, uso de drogas ilícitas.