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- Pablo, por favor! - grito pela casa.

Ele me ignora, ainda deitado na cama do quarto de hóspedes de minha casa. Me sento ao seu lado, tirando o cobertor de seu rosto.

- Você precisa tomar um banho e viver! Não pode passar 7 meses deitado. - seus olhos finamente me olham.

- Como eu vou viver com a perna nesse estado? Eu não posso nem andar que isso já dói! - percebo sua cara inchada de choro.

Nesses últimos dias Pablo me tirou do sério, ele não levanta pra nada e vive dentro do quarto, mas... de certa forma isso foi um trauma para ele, sem poder fazer o que mais ama, tenho que entender o lado dele.

- Eu te ajudo, vem. - ajudo o mesmo a se sentar na cama.

Corro até o banheiro, abrindo a torneira que enche a banheira. Voltando para o quarto, onde o mesmo continuava do mesmo jeito em que deixei.

- Olha para mim. - levanto seu queixo, assim seus olhos encaixam nos meus. - Eu estou disposta a te ajudar, mas preciso que me ajude também!

- E ficar te devendo outro favor? Não, obrigada. - ele vira o rosto.

- Não vou pedir nada em troca.

- Por que me trouxe para cá? Você não precisa ficar comigo, não estamos em público, não precisamos fingir.

- Não estou fingindo, estou te ajudando porque quero seu bem.

O silêncio nos rodeia, levo minhas mãos a barra de sua camiseta, a puxando para cima, em seguida coloco seu braço em meus ombros, levantando o mesmo da cama. Quando entramos no banheiro o ajudo a desabotoar a bermuda, o que gera uma certa tensão entre nós, mas o mesmo decide tirá-la sozinho.

Ele entra na banheira, gemendo de dor na perna, pega a esponja para tentar se ensaboar, mas falha ao não conseguir se mexer ali dentro.

- Deixa que eu faço. - pego a esponja de sua mão.

Esfrego suas costas e seu peitoral, seus olhos acompanhavam minha mão enquanto os meus caíam sobre seu rosto. Lavo com cuidado sua perna, passando álcool nas feridas, o ajudo a se levantar e o deixo sozinho para trocar de roupa.

- Isa. - ouço meu nome enquanto arrumava sua cama.

Entro no banheiro vendo sua bermuda enroscada em sua perna. Ri de sua cara antes de ajudar a colocá-la do jeito certo.

- Obrigada... - ele agradece.

- Não foi nada. - nossos rostos estavam próximos.

- Obrigada mesmo, por tudo. - seus olhos inocentes brilhavam.

- Me agradeça descendo e me fazendo companhia para o jantar. - me viro de costas, saindo do quarto rezando para que ele viesse junto.

Preciso confessar que Pablo também está me ajudando, me sinto sozinha em Barcelona pelo fato de toda minha família estar no Brasil. Minha casa parece menos vazia nesses últimos dias.

O ajudo a descer até a cozinha, onde o mesmo se sentou no balcão, enquanto eu fui direto para dentro, pensando em o que devo fazer.

- Prefere macarronada ou tacos? - pergunto a ele com a cara enfiada na geladeira.

- Sua mãe está te ligando. - sua fala me fez paralisar.

Saio rapidamente de dentro da geladeira, pego meu celular de sua mão, colocando em meu ouvido.

*ligação on*

- Alô?

- Oii mãe! Porque me ligou?

- Queria saber como minha filha está!

- Estou bem.

- Está livre amanhã de manhã?

- depois das 9h.

- Perfeito, pode me buscar no aeroporto às 10h então!

- QUE? Como assim??

- Eu, seu pai e seu irmão estamos indo te visitar, inclusive quero conhecer seu namorado.

- Mas eu não...não me programei.

- Relaxa querida! Daremos um jeito, agora tenho que arrumar minhas malas, tchau meu amor!

*ligação off*

Ainda paralisada, Pablo me encarava querendo respostas, enquanto eu o encarava sem respostas.

CONTRACT - Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora