Satoru precisava de uma pausa. As duas horas de silêncio no carro com Suguru foram ensurdecedoras.
— Vou parar nesta praça de serviço para que possamos esticar as pernas e pegar algo para comer.
Ele circulou pelo estacionamento movimentado, finalmente encontrando uma vaga para estacionar. Eles saíram do carro e caminharam lado a lado até a porta.
No momento em que cruzaram a soleira, o zumbido constante da conversa da movimentada parada de descanso e o buquê de aromas dos vários pontos de comida atacaram seus sentidos. Ele imaginou que Suguru estava experimentando a mesma sobrecarga sensorial, mas ampliada. Suguru parou por um momento, com a mandíbula firmemente apertada e os olhos examinando a área. Uma mulher passou por ele rapidamente pela direita, perseguindo seu filho que estava correndo, fazendo com que ele virasse o corpo para a esquerda para evitar o contato. Ele cruzou os braços e puxou a gola da camiseta, com o peito arfando a cada respiração rápida.
— Você está bem? — perguntou Satoru.
Suguru concordou rapidamente. Rápido demais. Ele apertou os braços sobre o peito largo e grosso, com o olhar oscilando de um lado para o outro.
— O que você quer comer?
— Não importa.
Satoru apontou para o restaurante tranquilo no canto, mais distante das estações de fast food.
— Vamos lá. — ele os conduziu em direção a uma mesa e cada um se sentou em frente ao outro. O garçom apareceu e lhes entregou dois menus, saindo quando Satoru pediu alguns minutos para revisar as opções. — O que parece bom para você?
Suguru deu de ombros.
Satoru suspirou. Ele odiava isso, odiava ver o peso do mundo sobre os ombros de Suguru. Este não era o mesmo homem que havia batido em valentões por ele. Este homem era diferente. Ele parecia quebrado, como se a vida o tivesse espancado e chutado no estômago muitas vezes e deixado apenas a casca do homem tentar sobreviver aos golpes. Ele sentou-se em frente a Satoru, com a cabeça baixa e as mãos debaixo da mesa, provavelmente no colo. Sua cabeça estava abaixada como se estivesse lendo o menu, mas Satoru tinha certeza que ele não estava examinando o texto impresso.
— Viu algo que gostou?
Suguru deu de ombros novamente.
Satoru massageou a tensão crescente em suas têmporas enquanto a frustração se infiltrava. O Suguru diante dele era muito diferente do jovem arrogante que sempre tinha algo a dizer. O garçom chegou novamente e ele cedeu ao silêncio de Suguru, pedindo dois cheeseburgers. Eles comeram em silêncio, Satoru ofereceu ketchup, guardanapos, qualquer coisa que ele pudesse pensar para desencadear alguma resposta vocalizada enquanto Suguru beliscava sua comida.
Nada parecia funcionar. Eles voltaram para o carro e foram para a rodovia. Depois de mais uma hora de silêncio, sua mente derivou para uma lembrança.
— Qual é o problema com seus pais? — perguntou Suguru, de quase quatorze anos de idade. — Por que você fica do lado de fora do clube em vez de entrar com eles?
— Mais fácil... eu acho. — Satoru, com apenas dezessete anos, equilibrou o livro no colo enquanto se movia um pouco para o lado para dar espaço para seu amigo se sentar.
— Por que mais fácil? — perguntou Suguru, sentando-se no chão ao lado dele.
— Alguém pode ver você sentado comigo.
— E daí? — disse Suguru.
— Podem pegar no seu pé. Eu não valho a dor de cabeça.
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A Worthy Man | Satosugu
FanfictionA história de dois homens e do amor ilimitado que os mudou para sempre. Geto Suguru passou os últimos dez anos cumprindo pena de prisão perpétua e se adaptando à dor da solidão. Ele aceita seu destino, um sacrifício pelo único homem que ele amou e p...