Capítulo 09

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Suguru conseguiu trabalhar o dia todo na lanchonete sem nenhum problema. Bem, além da distração constante de se perguntar se finalmente ia ver Satoru por um tempo esta noite. Satoru tinha um negócio para administrar e uma vida que não poderia interromper só porque Suguru estava fora da prisão agora. Ele estava sendo egoísta e sabia disso. Pelo menos Satoru ligou para ele durante o dia para avisar que chegaria hoje à noite.

Finalmente.

Ele sentou-se na sala de estar, tentando ao máximo ignorar Frankie e sua gritaria constante. Como diabos Ryan tinha aguentado aquela merda todas as noites durante os últimos dois meses era impossível de adivinhar. Depois de apenas algumas noites, ele já queria enfiar a bota na garganta do cara.

Ele olhou para o relógio da parede pela milionésima vez nos últimos trinta minutos. A maldita coisa não parecia estar se movendo. Ele fechou os olhos e respirou fundo, desejando que sua perna parasse de balançar. O voo de Satoru estava atrasado. O que significava que estava no final do horário de visita.

E o maldito Frankie não calava a boca, discutindo com a maldita televisão como se os concorrentes do reality show pudessem realmente ouvi-lo.

Suguru levantou do sofá quando a campainha tocou. Ele virou a cabeça para roubar uma olhada rápida no relógio da parede.

— Eu cuido disso. — disse Nanami, estendendo a mão para detê-lo.

Suguru soltou um suspiro lento através dos lábios franzidos, na esperança de desligar a britadeira que tomara residência em seu peito. Ele teria quarenta e cinco minutos preciosos com Satoru. Supondo que fosse ele na porta e não uma entrega de pizza tarde da noite. Ele fechou os olhos e respirou fundo de novo, contando até dez, precisando se acalmar.

Ele abriu os olhos e sua respiração travou na garganta.

Satoru segurava uma pequena bolsa e estava a um metro de distância, aqueles deslumbrantes olhos azuis fixos nele.

Nanami colocou a mão no ombro de Satoru, quebrando o transe entre eles.

— Satoru, você pode deixar sua bolsa aqui. — ele olhou para Suguru. — Vocês podem sentar lá atrás. Eu duvido que vocês consigam conversar mais alto que o debate unilateral de Frankie.

Suguru assentiu e se virou para sair pela porta dos fundos, ouvindo os passos de Satoru seguindo logo atrás.

Ele respirou fundo mais algumas vezes, precisando acalmar o eco latejante em seus ouvidos. Ele sentiu falta de Satoru, de seu sorriso, de sua risada. Tudo.

De jeito nenhum ele ia estragar tudo.

***

Satoru não conseguia silenciar o zumbido em seus ouvidos. Seu voo tinha pousado, e no momento em que o jato tocou o chão, suas mãos começaram a tremer e não pararam. Ele não queria desperdiçar um único minuto esperando que o motorista chegasse ao aeroporto para buscá-lo, então pediu a Hayami que lhe desse uma carona.

Ele tinha apenas quarenta e cinco minutos. Atrasos e protocolos climáticos estúpidos no aeroporto o forçaram a perder muito tempo. Ele odiava essa porcaria e se sentia como um adolescente no baile de formatura com uma acompanhante e toque de recolher.

Ele se sentou ao lado de Suguru no banco da varanda, sentando-se de lado para encará-lo, cruzando as mãos no colo, na esperança de acalmar o tremor.

Não toque nele.

— Como foi seu voo? — perguntou Suguru.

— Uma merda. As chuvas nos atrasaram na saída, então demorou um pouco. Tivemos algumas turbulências, mas pousamos. Eu vim direto para cá.

A Worthy Man | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora