Capítulo 26

279 49 36
                                    

Depois de passar a semana com a equipe de design e ter Naoya enchendo o seu saco todos os dias, Suguru estava ansioso por outro fim de semana com Satoru. Mas lá estava ele, sexta-feira à noite, na cozinha ao lado de Haibara, ouvindo a conversa com Nanami, mas sem conseguir acompanhar. Sua mente estava uma zona, repassando tudo o que tinha acontecido nas últimas semanas e tudo o que veio a seguir. Ele havia se preparado mentalmente para o dia em que deixaria a Halfway House no mês que vem.

Mas nada poderia tê-lo preparado para a carta que havia chegado à casa no início daquele dia. Seu caso era um entre mais de duas dúzias que foram julgados pelo juiz Renfor e considerado mal conduzidos durante a investigação após a prisão do juiz vários meses antes. Como resultado, Suguru recebeu anistia total do governador.

E a estadia dele na Halfway House tinha acabado. Imediatamente.

Ele provou o molho e adicionou um pouco mais de tempero, mexendo distraidamente enquanto polvilhava mais ingredientes.

— Geto, você está bem quieto — Haibara disse, batendo no seu ombro. — Esta é uma ótima notícia. Vai ficar tudo bem. Seu tempo aqui acabou, mas você pode passar por aqui ou ligar sempre que quiser.

Ele assentiu. Ele ainda não tinha conseguido entender o fato de que estava preparando com Haibara sua última refeição na Halfway House. Ele já tinha sua mochila pronta e estava pronto para ir embora com Satoru depois do jantar. Tudo estava no lugar, mas a ficha ainda não tinha caído.

Ele lutou enquanto crescia e lutou para sobreviver por dez anos na prisão, muitas vezes odiando a vida de merda que o destino lhe dera. Pensando bem, ele percebeu que sua força e resiliência estavam tão firmemente arraigadas em seu caráter por causa de tudo o que ele havia enfrentado na vida. E a forma como ele apreciava cada sorriso, palavra positiva e gesto de bondade vinha de conhecer o lado sombrio das pessoas.

Ele estava grato. Por tantas coisas.

Alguma coisa mudou dentro dele durante as semanas desde sua soltura. Ele era um homem diferente e sentia a mudança em cada fibra de seu ser - como seus argumentos internos pareciam menos negativos, sua perspectiva começou a se tornar mais positiva e a facilidade com que ele baixava a guarda perto dos outros.

Uma estranha sensação de paz se instalou em seu coração.

Ele era incrivelmente grato por Satoru e seu amor, apoio e paciência infinitos. E grato por esses homens e sua casa. Ele não teria se ajustado tão rapidamente sem eles.

Suguru já havia falado com o pessoal financeiro de Satoru sobre a criação de uma bolsa ou financiamento - ou seja lá como diabos os ricos chamam - para garantir que Haibara e Nanami tivessem o que precisavam para sempre serem capazes de ajudar outras pessoas como ele. Seja ao construir algo na casa, abrir uma nova, ou apenas garantir que esta casa continuasse sendo um lar. Agora que tinha os meios, ele precisava fazer algo para ajudar outras pessoas como ele, de qualquer maneira que pudesse, para restaurar o fio de esperança durante um momento sombrio. E ele não conseguia imaginar ninguém mais prestativo do que os homens que o cercavam no momento.

Um preparava os pãezinhos do jantar enquanto o outro tentava roubar um biscoito de chocolate.

— Estou te vendo, Nanami — Haibara disse enquanto colocava os pãezinhos em uma cesta.

Suguru abaixou a cabeça e sorriu. Esses caras eram como um casal de velhos.

— É só um. Não vai prejudicar o jantar.

Suguru olhou de soslaio para ele, vendo Nanami pegar outro antes de fechar o saco de novo. Ele riu. Só o orçamento de comida de Nanami custaria uma fortuna.

A Worthy Man | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora