Capítulo 19

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Suguru piscou, seus olhos incapazes de se ajustar ao quarto escuro como breu. Ele odiava a escuridão. Era de manhã ou ainda era madrugada? Um pânico lento começou a se formar em seu estômago quando ele não conseguiu se orientar.

— Toru? — disse ele na escuridão, tentando controlar a leve instabilidade em sua voz. O peso do corpo de Satoru sobre ele era a única coisa que o impedia de pirar na escuridão silenciosa. Ele correu os dedos trêmulos pelo cabelo de Satoru e fechou os olhos, uma ação inútil, mas de alguma forma parecia controlar sua agitação crescente.

— Hm — Satoru finalmente disse, esfregando seu corpo contra o de Suguru, empurrando o nariz contra o lado de seu pescoço e mordiscando a mandíbula de Suguru.

— Eu preciso de luzes. — ele se concentrou nas lufadas quentes de ar roçando sua pele e nos lábios macios e úmidos pressionando contra o lado de sua boca. Ele não queria pensar sobre a escuridão se fechando sobre ele. Ele tentou ignorar a lembrança das noites intermináveis em sua cela sem janelas enquanto a solidão o sufocava lentamente. — Por favor.

Satoru parou os beijos torturantes, mas a respiração deslizando pela bochecha de Suguru o deixou saber que ele ainda estava perto, provavelmente analisando e processando cada pequena nuance de suas palavras, o tremor em sua voz e seu corpo rígido.

— Luzes — Satoru disse em uma voz autoritária.

As luzes do quarto despertaram da escuridão, lentamente iluminando o espaço.

Suguru apertou os olhos até que eles se ajustassem. Ele olhou ao redor, para os móveis brancos perfeitos e luminárias e maçanetas cromadas. Era como se uma camada de neve tivesse enchido o quarto e sufocado cada gota de cor à vista. A única cor no quarto estava espalhada no chão, na forma de um par de calças de terno, seu jeans e suas botas jogadas contra a parede, deixando uma marca preta da sola do sapato contra a parede branca pura. Tudo era perfeito. Tudo era impecável.

E tudo gritava luxo.

— Merda, Toru. Eu não posso competir com isso.

— Com o quê?

Suguru se sentou na cama e esfregou a mão no rosto. Ele balançou o braço em um movimento amplo.

— Com tudo isso. Você está brincando? Este lugar é mais sofisticado do que antiga casa dos seus pais! — já era ruim o suficiente que ele não fosse páreo para o intelecto de Satoru, ele com certeza não precisava de um lembrete de que lhe faltava em outras áreas.

Satoru o agarrou pelo queixo e virou seu rosto, chamando sua atenção.

— Por que você acha que precisa competir com isso? Você faz parte disso, não contra.

Suguru suspirou e revirou os olhos, tentando lutar contra o tumulto de emoções que reviravam seu estômago. Ele conseguiu se enganar pensando que havia uma chance de eles ficarem juntos e que encontrariam uma maneira de fazer dar certo. Ele chegou ao ponto de deixar a fantasia preencher seus dias enquanto estava na prisão, embora não tivesse a mínima chance de sair de trás da cerca de arame farpado. Ele tinha sonhado com isso. Ele tinha fantasiado com tantos cenários diferentes onde tinha ganhado o direito de estar ao lado de Satoru.

Mas depois de ver este quarto, ele não queria imaginar o que mais havia do lado de fora da porta. De jeito nenhum separar cartas e dar recados no escritório se compararia, independentemente do tipo de matemática especial que Satoru tentasse calcular. O que ele iria fazer? Contribuir com cem dólares por semana aos mil por minuto de Satoru?

Satoru acariciou seu rosto, tirando-o de seus pensamentos.

— Pare com isso.

Suguru balançou a cabeça, afastando-se das mãos de Satoru. Ele saiu da cama, pegou sua cueca boxer no chão, e foi para o que ele esperava que fosse o banheiro, fechando a porta atrás de si para evitar a abordagem de Satoru. Ele se recostou na porta, tentando controlar as batidas selvagens de seu coração. Ele olhou em volta, para o piso de mármore branco polido do banheiro e as paredes pintadas de branco.

A Worthy Man | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora