Capítulo 28

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Suguru olhou de seu espaço de trabalho para Naoya. O homem passava muito tempo no telefone ou olhando para uma tela de computador em vez de sua prancheta. Algo não estava certo. Sem mencionar que o filho da puta era um idiota insolente que tentava usar sua posição de gerência para manter todos sob controle, saindo ocasionalmente de seu escritório e latindo algumas ordens como um chihuahua temperamental.

Suguru tinha aprendido bastante nas últimas duas semanas e parecia se dar bem com os outros no departamento, todos eles eram ótimos por si só. Satoru tinha uma equipe sólida, e todos eles queriam ter certeza de que a empresa teria sucesso. O foco de Suguru desviou para Shoko, sentada atrás de sua parede de computadores.

Ela tomou a iniciativa e retirou algumas modificações do arquivo, renderizando alguns esboços que Shura havia projetado no ano anterior para atualizações estéticas. Se as renderizações passassem no teste, ela codificava todas as dimensões e cálculos em um arquivo para Sayuri inserir em sua monstruosa máquina de argila. O computador então automaticamente esculpiria a renderização de um pedaço de argila que continha a forma, a densidade e todos os detalhes de uma peça final, mas em argila. Sayuri finalizaria os detalhes e os adicionaria à versão de argila do modelo de carro existente, para uma versão real e em tamanho real do carro com a mudança projetada. Choso então analisava todos os aspectos de funcionalidade ou usabilidade que precisariam ser abordados em uma revisão.

Eles seguiram esse processo com dez diferentes modificações possíveis. Apenas duas sobreviveram ao processo e foram consideradas prontas para produção se Naoya não conseguisse criar um novo modelo.

O departamento inteiro havia feito isso sem o conhecimento ou a direção de Naoya. A equipe havia trabalhado nas coisas, e a máquina de argila era bem barulhenta, mas o homem se manteve trancado em sua caverna de vidro, sem nem se preocupar em perguntar o que eles estavam fazendo. Essas pessoas estavam trabalhando para ajudar a empresa. Para ajudar Satoru. Para garantir que ele não falharia. Não aquele filho da puta no escritório de vidro.

Idiota.

Suguru se levantou do assento e foi até a mesa de Shoko, lançando casualmente olhares furtivos para o escritório de Naoya para garantir que ele não interferiria. Ele se ajoelhou perto da mesa dela, escondido da vista. 

— Ei, você tem alguns minutos?

— Para você, meu matador de dragões, sempre arranjarei tempo — disse ela, contendo um sorriso.

— Espertinha. Eu tenho uma foto. Preciso de sua opinião sobre umas coisas.

— Claro.

Suguru tirou seu novo smartphone, bateu o dedo na tela e deslizou. Ele ainda não conseguia acreditar como um telefone poderia ser como um mini computador. Ele abriu a galeria e passou até encontrar a foto que ele queria. 

— Eu tenho uma foto de um modelo esboçado. Preciso ver se o modelo pode ser ajustado.

— Este é um dos designs de Naoya — disse ela em voz baixa.

Suguru assentiu. Ele havia tirado uma foto do esboço de uma das pastas no escritório de Satoru.

— Você tem as dimensões do motor, certo? Bom. — ele respondeu, quando Sayuri assentiu. — Seria muito difícil alargar o estilo da carroceria neste mesmo esboço para se ajustar às dimensões do novo motor? Não sei... esticá-la. Ou é mais complicado do que isso?

— Ele já me fez renderizar isso. — Shoko puxou seu tablet gráfico para a frente de sua estação de trabalho. Em poucos minutos, ela localizou a renderização do wireframe do esboço de Naoya. — Quanto você quer alargá-lo?

A Worthy Man | SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora