Vinte e três

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Carioca

Já estávamos no carro a algumas horas e o clima estava tão ruim que magrelo pegou outro rumo antes mesmo de chegarmos na metade do caminho até o Vidigal, e então acabei decidindo ir direto pro alemão, sophia estava com uma cara péssima e nem trocou uma fala comigo depois que fomos mais uma vez atrapalhados por magrelo, maior empata foda esse maluco.

Mas também decidi ficar na minha e não trocar nenhuma ideia com ela, essa parada toda tem feito meus neurônios queimarem, mané.

– você ainda pretende causar a minha morte quando chegarmos no alemão? - pergunto quando paro o carro no sinal, estava debochando de sua cara, mas ela me olha com raiva

– sim, eu vou. Você teve sua chance de me matar e agora eu terei a minha, mas garanto a você que não vou deixar passar. - ela manda serinha me fazendo rir alto, tenho medo de morte não

– mec, pô. Mas da teu papo, vai se satisfazer mais com minha morte ou se a gente continuar a parada que não terminamos no quarto? - debocho e ela revira os olhos, em um movimento rápido seguro em seus cabelos a puxando até sua boca tocar na minha
– você ainda não aprendeu? - digo contra sua boca

– "não revire os olhos pra mim" - ela diz forçando uma voz grossa – te causo tanto tesão assim, carioca? - ela puxa meus lábios com os dentes e a empurro com brutalidade para longe ouvindo sua risada em seguida, se ela soubesse...

– mandada do caralho - resmungo voltando minha atenção para a estrada, depois de mais alguns minutos paramos na barreira do alemão, th estava trajado até os dentes e apontou o fuzil em minha cara assim que desci o vidro

– qual foi, th? - pergunto e ele respira aliviado

– estou cheio de neurose, estamos recebendo ameaças direto, parceiro. - ele esbraveja e então olha para sophia dando um sorriso leve – e ai, achei que não iria mais voltar pra casa - ele brinca com a mesma que ri

– está maluco, arthur? - ela diz fazendo bico, ele da ordem para que os vapores nos deixassem passar e logo estávamos em frente a casa do cobra.

– agora é a sua deixa, pô - sussurro enquanto caminho ao seu lado para dentro da casa, ela me da uma cotovelada e se afasta sem dizer uma sequer palavra, chegava a causar uma pressão mermo... mas confio totalmente em minha intuição, tenho certeza que ela vai dar pra trás.

– oi pai - ela diz e encaro cobra que estava saindo da cozinha, logo júlia aparece ao seu lado radiante como sempre, os dois caminham com pressa para perto de sophia à abraçando apertado e rio com deboche da situação

– como foi as coisas na missão? Você está bem? - cobra pergunta um tanto quanto preocupado

– é lógico que ela está, olha com quem ela estava - digo com orgulho de mim mesmo

– a gente prefere ouvir da boca dela, carioca - júlia diz e ergo os braços fazendo cara de ofendido

– eu estou bem, mas tenho muito o que contar a vocês - ela diz me dando um olhar ameaçador e sorrio de canto, ela não faria isso.

– deu algo errado na missão? - cobra pergunta olhando em meus olhos e assinto fazendo um bico

– sua filha me atrapalhou demais, era o tempo todo querendo ficar de grude no meio de algo tão importante... por isso nos fez demorar mais do que o esperado - digo e vejo a mesma bufar, ao contrário de cobra que riu alto

– que isso, soph. Tem que saber controlar, sei que estão no fogo do relacionamento, mas da uma segurada, minha filha. - ele diz em tom de brincadeira e ela revira os olhos, dou um passo em sua direção e a mesma se afasta rapidamente

– vou ir pro meu quarto, preciso de um banho bem longo pra aliviar a cabeça de tudo o que aconteceu, mas aproveita para contar pro meu pai que você me forçou a matar alguém, carioca. - ela diz e cobra rapidamente fecha seu riso me encarando serinho, dou um sorriso e passo a mão por meus cabelos enquanto observo a mesma sair da sala rebolando

– você fez a sophia matar alguém? - cobra diz, júlia estava incrédula e seus olhos estavam extremamente marejados.

Nem devo porra de explicação nenhuma a esses dois zé buceta, mas respondo ou fodo a merda do plano antes da hora, preciso que os dois confiem em mim nesse processo do plano, para que nunca esperem o que virá.

– foi necessário, a soph estava muito nervosa e com medo de todos os momentos da missão e não acho que isso seja bom para ela, quero que ela se sinta mais confiante e tenha noção do que é capaz de fazer. - digo olhando em seus olhos, júlia parecia não acreditar em uma palavra que saia de minha boca, mas cobra analisava a situação com calma

– você não sabe nada do que é melhor ou pior para a minha filha. - ela diz me fazendo travar meu maxilar, deito a cabeça um pouco para o lado a palmeando

– e você tem noção do que é bom para ela? - digo e ela da um passo em minha direção, mas continuo sem me mover, apenas a encarando

– quem você pensa que é para falar dessa maneira comigo? - ela diz e cobra a puxa novamente para trás

– minha ideia aqui não é te deixar ofendida, mas sim garantir a proteção de sophia... e creio que isso seja o que vocês querem também, ela dividiu comigo situações que viveu no passado e disse a ela e repito, se ela tivesse tido outra criação e soubesse mais do que é capaz, nada disso teria acontecido. - digo firme com a maior cara de pau possível, na verdade teria acontecido sim, até porque quem planejou foi eu, e eu sempre estou a cinco passos a frente desses idiotas

– você tem razão, carioca - cobra diz e ela o encara incrédula

– como assim, você está concordando com ele? - júlia diz e ele a segura no braço como se a repreendesse

– por favor, júlia... - ele diz e não é necessário mais nenhuma palavra para que ela se retire dali, em certo momento acredito que até ela deveria saber mais do que é capaz, parece tão vulnerável

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