Atração perigosa

Cinquenta

Carioca

– fala tu, carioca - v2 diz entrando em minha sala, fico em silêncio me perguntando se eu realmente estava prestes a fazer o que eu iria fazer

– você e a sophia... o que ta pegando? - pergunto meio sem rumo, não sabia se a ligação realmente tinha existido, mas aquela porra ficou em minha mente mermo

– nada, eu tenho amor ao meu pescoço - ele diz rindo nervoso – a gente só troca ideia, e nem é nada demais também - se justifica e eu assinto

– não quero que pare de conversar com ela, beleza? Pode ficar na paz mermo. - resmungo tentando aceitar que estava realmente falando isso

– tem certeza? Não quero problema - ele diz todo cagado

– sou homem de papo torto? - digo o encarando e ele nega – então é isso, meu papo é esse.

– não querendo trocar de assunto, mas a sua mãe fez a compra no mercado hoje cedo assim como você mandou - ele diz e eu assinto

– quanto passou? - pego o dinheiro na gaveta

– três mil e oitocentos - ele diz e o encaro erguendo a sobrancelha

– folgada pra caralho - digo e ele ri, mas logo fecha o riso, alcanço o dinheiro para o mesmo e ele enfia de qualquer jeito no bolso

– quando precisar, to aí - ele diz fazendo toque comigo

– fé. - murmuro voltando minha atenção pras notas de dinheiro em minha mesa, dei uma conferida marota só pra ter certeza que estava tudo certo, mesmo sabendo que estaria

Quem seria o louco de tentar me roubar?

– e ai carioquinha - magrelo diz entrando na biqueira com um sorriso largo

– cheio de graça você, tá fazendo o que aqui? - digo erguendo a sobrancelha

– vim te trazer a grana que descolamos essa semana na pedreira, os maluco de lá fumam mais que bebem água - ele gasta dando uma risada alta, pega o dinheiro que estava em uma especie de envelope e me alcança

– qual foi? Fica pra você - resmungo sem pegar o envelope e ele abre maior olhão

– ta maluco, carioca? To cuidando de tudo lá por ordem sua, o dinheiro é seu. - ele diz assustado, era uma nota alta pra estar ganhando do nada

– é isso ai mermo, você vai saber o que fazer com o dinheiro, mec? - digo e ele assente ainda me encarando como se não acreditasse

A verdade é que de todos meus vapores, magrelo sempre foi o mais leal, nunca desrespeitou nada do que digo, mas também não é um baba ovo.

Tenho botado muita fé nesse muleque

– mas e ai, você tem planos pra hoje? - ele diz fazendo uma careta e me fazendo rir

– vai se fuder - digo e ele ri alto

...

– te espero mais tarde la no meu barraco? - sabrina, uma das putas aqui do morro diz se debruçando na mesa do bar

– o que você tem pra me oferecer hoje? - digo dando um gole em minha bebida

– tudo o que você quiser e ainda descolo mais algumas garotas, sei que você gosta de varias... - ela diz em um tom mais baixo e sorri balançando os peitos pouco cobertos por um pedaço de pano fino, encaro os por alguns segundos e logo volto minha atenção para o rosto da mesma

– pode esperar, se você der sorte eu passo por lá. - digo serinho e ela passa a língua pelos lábios

– sei que você não nega fogo, amorzinho - diz antes de sair rebolando

Vi que vários olhares curiosos me encaravam, mas nem rendi, no fundo todo mundo gosta de fofoca e eu to pouco me fudendo pra isso

– carioca - ouço a voz de ph no radinho e o pego de minha cintura

– qual foi?

– to saindo da biqueira da rua 2 e avistei sua mãe e a sophia no maior papinho - ele diz e fico sem entender

Que porra a sophia tem na cabeça?

– por que não fui avisado que a sophia estava no morro? - pergunto no radinho, mas ninguém responde – tão com o ouvido no cu, caralho? - digo em um tom mais firme

– ela pediu pra não avisar, e a mandada vive aqui mermo - um deles diz

– é, ninguém achou que daria b.o - outro completa e fico em silêncio raciocinando

Sophia tá pensando o que da vida, entrar no morro sem me avisar e ir conversar com a desgraçada da minha mãe...

Peguei minha moto indo pra minha goma, se ela quer ficar de joguinhos, vou entrar na dela.

Tomei uma ducha demorada, coloquei uma cueca e uma bermuda preta, me joguei no sofá e fui assistir o jogo do flamengo

...