Quarenta e sete

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Sophia

– hum, qual foi? - carioca murmura no radinho, apoio meu queixo em seu peito enquanto encaro seu rosto, tínhamos acabado de dar 2 fodas seguidas, carioca estava suado tanto quanto eu.

– sua mãe tá na goma da rua 6 como você mandou e pediu pra avisar que ela quer falar com você. - ph diz do outro lado do radinho

– manda ela ir a merda, na moral - ele resmunga e o encaro incrédula, dou um soco fraco em seu peito e ele franze a sobrancelha me encarando – qual foi? - reclama

– pode ser algo sério, carioca. Para de agir como você e vai logo ver o que ela quer. - digo serinha e ele nega com a cabeça

– estou pouco me fudendo se é sério ou não. - ele diz mudando completamente seu semblante, reviro os olhos e levanto de seu corpo para sair do quarto, mas ele me segura pela mão me fazendo o encarar – cê vai comigo então. - ele diz ainda com cara de marrento

– tudo bem - digo acariciando sua mão devagar e ele desvia o olhar puxando a mão, como se não tivesse notado meu carinho, mas era óbvio que só não soube reagir

Visto a roupa observando carioca que fazia o mesmo, seu maxilar estava travado e ele encarava a parede como se estivesse fazendo um grande esforço, e por mais que eu não saiba exatamente porque ele odeia tanto a sua mãe, sei que ele estava mesmo fazendo esforço para não surtar

E de alguma forma saber que ele estava se esforçando me fazia sentir bem, é um grande sinal de mudança e de querer mudar...

Antes de sairmos de casa, ele me puxou colando nossos corpos, segurou em meu rosto e falou

– quero que saiba que estou fazendo isso muito mais por você, do que por mim. Eu poderia acabar com isso agora. - ele diz baixo e assinto

– sei que você ta se esforçando muito, mas vai ser bom pra você... - digo e ele cola nossos lábios me dando um selinho demorado

– vou tentar me controlar - ele sussurra me soltando

– vou estar com você - digo de volta pegando em sua mão, dessa vez ele sorriu fraco e passou o dedo por minha mão devagar em forma de carinho, confesso que não esperava por aquilo e senti meu coração acelerar

O caminho até a casa em que sua mãe estava era rápido, cerca de 5 minutos que foram tomados pelo silêncio, cada vez mais sentia carioca ficar mais retraído e não sabia o que fazer

Assim que paramos em frente a casa ele colocou a mão sobre sua .40 e o encarei com medo do que ele fosse fazer, mas o mesmo a ajeitou novamente na cintura e respirei aliviada

– se você ver que vai feder, não me retruca porque vai piorar. - ele diz como um aviso e assinto

– que bom que você veio, filho... e você quem é? Ele nem me contou que tinha uma mulher - ela diz animada e a cara de carioca se franze ainda mais, ele da um passo em minha direção como se quisesse me proteger

– ela não é minha mulher. - responde seco – manda logo seu papo, to sem tempo, tereza.

Fico em silêncio observando a cara de sua mãe murchar

– entrem, fiz um bolo e quero que você experimente - ela pisca pra mim, sorrio em retribuição e coloco a mão nas costas de carioca o estimulando a entrar na casa

– botou veneno nessa porra? - carioca diz dando uma mordida no bolo, sua mãe ri e nega com a cabeça

– até quando vai ficar com esse jogo duro, filho... eu to tentando fazer as coisas diferente. - ela diz baixo

– por qual razão? Quando eu precisei você estava aonde, porra? - ele diz se exaltando e o encaro, mas o mesmo nem olha em minha direção, seus olhos estavam fixos em sua mãe

– carioca... - digo baixo e o mesmo desvia seu olhar do dela negando com a cabeça, sua mão se fecha e ele respira fundo

– eu sei dos meus erros, sei que foi errado te abandonar... - ela diz, mas ele a corta

– você sabe bem que seus erros começaram muito antes disso. - ele diz com o maxilar travado, seu rosto estava frio e sem expressão alguma, mesmo que qualquer um conseguisse sentir sua raiva a quilômetros

– eu sei, mas eu realmente me arrependo de cada coisa, quero tentar recomeçar minha vida, por isso estou aqui. - ela diz e vejo seus olhos lacrimejar, não sei o que ela fez, mas parecia ser algo muito pior do que forjar sua própria morte

– recomeça a porra de sua vida medíocre longe de mim, ou eu mesmo vou tirar a chance que você tem. - ele diz serinho e se levanta, sua mãe faz o mesmo indo em sua direção

– não vou aceitar você falando assim comigo, sou sua mãe! - ela diz com autoridade e ele ri sem humor

– cala a porra da sua boca, você nem sabe o que é ser mãe. - ele diz ainda rindo como se aquilo fosse a maior piada que já ouviu em toda sua vida, e eu calada sem saber o que fazer

– e você não sabe o que é se arrepender de algo, você não sabe perdoar, você não sabe o que é amar. Onde você pretende chegar assim? Vai acabar morrendo sozinho. - ela diz com raiva e vejo as mãos de carioca se fechando

– não conseguir amar ninguém vai me impedir de amar uma vagabunda igual a você, sou um cara de sorte. Meu pai te amou, te tirou do fundo do poço e em troca você fez o que? Torturou seus filhos, se divertiu vendo ele morrer e depois fugiu pra viver sua vida perfeita. Você é uma desgraçada. - uma lágrima cai de seu rosto e sinto aquilo tudo se entalar em minha garganta me arrependendo imediatamente de ter pedido para que ele viesse até aqui, carioca tem motivos mais que o suficiente de odiar a sua mãe

Ele foi torturado por ela...

Ela ficou em silêncio por um tempo e logo começou a chorar, tentou abraçar ele que a empurrou fazendo a mesma dar alguns passos pra trás

– me desculpa, meu filho. - ela diz em meio ao choro, carioca fica em silêncio e sai da casa sem falar nada

Atração perigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora