Trinta e nove

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Carioca

– quero ouvir sair de sua boca, admite. - digo ainda encarando a mesma que sorri fraco contra meus lábios que agora estavam encostados aos seus

– você sabe o poder que tem sobre mim, mas não faz ideia do quanto senti sua falta nos últimos dias, carioca. - ela sussurra e coloca sua mão em minhas costas arranhando por debaixo de minha camisa, maluca estava querendo me tirar o juízo que ainda restava

– foi muita? - pergunto adentrando meus dedos em seus cabelos deixando sua cabeça inclinada em direção a minha, o clima estava pesado pra caralho, e tudo o que eu queria era a fuder com força aqui e agora.

– muita! - ela diz assentindo me fazendo atacar sua boca em um beijo lento cheio de fogo e saudade.

Suas mãos deslizavam por minhas costas arranhando cada centímetro, enquanto eu me deliciava com sua boca, minhas mãos estavam firmes em seu cabelo e bunda a puxando para mim

Nossas línguas brincavam juntas aumentando ainda mais nossa vontade, ela sorri em meio ao beijo e a ergo em meus braços, a mesma entrelaça suas pernas em meu corpo e caminho em direção a parede a encostando na mesma

Desço meus lábios para seu pescoço o beijando devagar ouvindo a mesma gemer manhosa, e se contorcer em meu colo

– carioca... - ela diz baixo puxando meu rosto para a encarar

– não, fica quietinha! - a impeço de falar voltando a beijar sua boca, esse é o único jeito de estarmos em paz, sem conversarmos.

Mesmo com todas nossas diferenças e ódio recíproco, sabemos o quanto nos desejamos e é isso que fode com minha cabeça.

Ao mesmo tempo que a desejo como nunca, sinto vontade de a matar.

– preciso te falar uma coisa - ela diz saindo do beijo

– agora não é hora, sophia - resmungo ainda beijando seu pescoço e ela fica serinha descendo de meu colo

– estou falando sério. - ela diz cruzando os braços

– manda o papo - resmungo me dando por vencido

– quero entender o que está acontecendo carioca, o que você tinha com a bianca? E por que envergonhou ela daquela forma? - ela diz cheia de marra me fazendo suspirar

– você não tinha hora melhor pra fazer perguntas? Na moral, sophia - resmungo dando as costas para a mesma e indo até a mesa

– estou cansada de seus jogos, cansada de ser enganada e ameaçada o tempo inteiro. - ela diz

– você está aqui por que quer estar. - respondo firme encarando seus olhos

– então fique ciente de que se não resolver me contar que droga é tudo isso, essa vai ser a ultima vez que vai me ver aqui.

– o que eu "tinha" com bianca era o mesmo que tenho com qualquer uma puta do morro, ela queria dar e eu queria comer. - digo e a mesma desvia seu olhar e sua expressão muda

– é o mesmo que tem comigo? - ela diz ainda sem me olhar, fico em silêncio por alguns segundos – era o que eu precisava ouvir - ela diz rindo forçado e se vira indo em direção a porta, mas a seguro pelo braço a puxando para mim

– você sabe que não é a mesma coisa. - digo olhando em seus olhos

– é claro que sei, você provavelmente não ameaçava ela, não fingia ter algum relacionamento para a família dela, para ser sincera, carioca... acho que o que você tinha com ela era ainda melhor - ela esbraveja

– está com ciúmes? - digo mesmo sabendo que não é isso que a intriga e a mesma desfere um soco em meu peito

– não sei porque perdi meu tempo vindo até aqui, você nunca muda. - ela diz com raiva

– eu nunca vou mudar, sophia. Se é isso que você espera, sinto muito, mas esta perdendo seu tempo. - digo com desdém

– me conta o motivo de querer fingir estar comigo pros meus pais, o motivo de tantas ameaças... - ela diz olhando em meus olhos e nego com a cabeça

– não existe motivo, é por diversão - minto – você me odeia e me chamou atenção, quero te prender em mim de alguma forma, me divertir... - vejo seus olhos lacrimejarem e engulo em seco

– você tem acabado com minha vida por diversão, carioca? - pergunta com a voz embargada e assinto travando meu maxilar

– pelo menos no começo. - resmungo

– alguma coisa mudou? Você sente algo por mim? - ela pergunta

– muita coisa mudou, sophia. Eu te odeio pra caralho, mas nunca senti tanto tesão assim antes - rio fraco e ela suspira, como se não fosse o que ela esperava ouvir

– eu preciso ir. - ela diz e me encara sem saber o que fazer

– pode ir, não vou te obrigar a ficar - digo em tom de brincadeira e ela assente saindo com pressa da biqueira

– o que caralho você falou pra ela? Você é um idiota mesmo! - uma garota diz entrando na biqueira, franzo a sobrancelha sem entender

– qual a sua, acha que está falando com quem? - rosno em sua direção

– ela saiu chorando daqui, que merda você fez? - ela diz em um quase grito

– vaza daqui, caralho! - resmungo e ela sai batendo os pés com raiva

Pego um baseado o bolando e botando a fumaça pra subir, nem tenho muita noção do que falei, estou na brisa do baseado mermo

– qual foi ph, está na barreira? - falo no radinho

– estou sim, o que aconteceu ai? Sophia passou chorando por aqui. - ele diz e atiro o radio contra a parede.

Por que caralho ela chorou? Preferia ouvir que na verdade o que eu quero é matar a família inteira dela e assumir o complexo do alemão? Que marola

Trago meu baseado observando a rua e cheio de neurose na cabeça, mas conforme a fumaça sobe os pensamentos acompanham, logo estava de mente vazia sem pensar em mais nada, apenas curtindo minha brisa

Mente vazia é oficina do diabo.

Atração perigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora