Vinte e dois

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Júlia

O ver ali parado matando a sangue frio, sorrindo e sentindo prazer com a dor dos outros me fez refletir ainda mais sobre tudo o que já sei ou pensava saber sobre o carioca, o ver brincar com a vida de um neném, um inocente que não fazia ideia e nem tinha culpa do que seu pai fez... me fez ver que carioca não é um monstro, ele é o carioca o que o torna dez vezes pior.

O mesmo estava com um oitão em sua mão, enquanto brincava de roleta russa com a arma apontada para a mulher, a cada disparo negado pela arma ela dava um pulo com o susto e o mesmo gargalhava dizendo que ela era alguém de "sorte", e eu estava me sentindo extremamente culpada por não poder interferir em tudo aquilo, mas que chance teria eu contra ele e magrelo?

Ele chega a ultima falha da arma, podendo agora ter certeza de que a próxima não falharia e aquela mulher seria apenas mais uma em sua lista de mortes, eu estava em completo desespero, não conseguia parar de chorar por sequer um minuto e mesmo tentando o parar ele apenas me empurrava para longe e mandava que eu assistisse em silêncio

– carioca, para com isso! - peço mais uma vez e ele segura firme em meu braço me puxando para sua frente colocando meu corpo de costas para ele e dando a arma em minha mão

– eu paro, mata você. - ele diz me rodeando com seus braços e me forçando a segurar a arma pondo suas mãos acima da minha

– por favor, não faz isso! - a mulher pede chorando e nego com a cabeça

– para de ser maluco carioca, eu não vou fazer isso! - digo e ele ri com deboche

– é claro que vai, AJOELHA NO CHÃO - grita e a mulher obedece ficando de joelhos e então ele sussurra em meu ouvido – atira - e sem que eu pudesse negar ele aperta meu dedo no gatilho acertando na cabeça dela, fecho os olhos com força sem acreditar que ele me forçou a fazer aquilo

– não, não - digo para mim mesma enquanto choro desesperada

– para com isso, foi um bom tiro - ele diz e segura em meu maxilar levantando minha cabeça – ainda falta um - ele diz e sorri de canto

– você não vai encostar na criança! - digo com autoridade e o empurro nos peitos, caminho em direção ao magrelo tirando o neném do mesmo

– cala a porra da sua boca, sophia! - ele resmunga vindo até mim

– eu não estou brincando com você. Tira suas mãos de mim agora e deixa essa criança aqui! - olho em seus olhos e ele me encara por alguns segundos como se brigasse com seu eu interno

– você tem o contato de algum familiar? - ele diz olhando pro magrelo e o mesmo assente – no caminho deixamos o garoto lá. - diz se virando de costas para mim e pegando a arma indo em direção ao carro, suspiro aliviada por ter conseguido salvar pelo menos a vida do neném

...

Depois de deixarmos a criança na casa dos avós paternos mentindo que os pais tinham ido tirar ferias voltamos para a casa que estavamos para arrumar nossas coisas e ir embora, magrelo ficou no hotel para arrumar as coisas dele e acabei ficando sozinha com o carioca

– está feliz agora? - ele diz entrando no quarto enquanto joga uma camisa em cima da mala

– feliz? Eu deveria estar feliz? - digo brava

– eu fiz o que você pediu, mesmo que eu já não fosse matar a criança... - ele ri com deboche – na verdade nem a mãe dele eu iria matar, mas você provocou e deixei pra você - ele diz e o encaro rapidamente

– não minta! - digo com raiva

– eu não preciso mentir, a culpa da morte dela foi toda sua, morra com isso - ele diz e vou em sua direção estapeando seu peitoral até o mesmo segurar em meus braços me puxando para perto de si – você e essa mania de achar que pode tudo, que pode se meter aonde não foi chamada, que pode ajudar o mundo e na verdade você não pode nada, eu poderia te matar aqui e agora e ninguém iria saber.

– então faz, já que você sim pode tudo! - digo me aproximando ainda mais de seu rosto e ele me cala me colocando de joelhos em sua frente

– você fica bem melhor nessa vista - ele debocha e levanto com pressa

– qual a sua? Para de fazer essas gracinhas comigo, eu não vou cair na sua! - digo me estressando e saindo de perto do mesmo, indo para o outro lado da cama

– você fala como se não estivesse maluca pra esquecer tudo o que acha de mim e passar a noite toda pulando em meu pau - ele diz e o encaro rindo

– você se acha tanto assim? - digo e ele da alguns passos em minha direção – você não passa de um otário - ele sussurra um "é e o que mais?" Enquanto continua se aproximando, meus olhos desviam dos seus caindo para sua boca e tento os controlar, mas parecia impossível – e eu odeio você - digo em um sussurro

– ah é? - ele sussurra e assinto sem desviar meus olhos de sua boca e em um movimento rápido ele cola nossos corpos e me beija ferozmente apertando minha cintura cada vez mais contra si mesmo

Nossas línguas brincavam uma com a outra como se já tivéssemos feito aquilo outras mil vezes, era uma química inexplicável, sua mão percorre meu corpo inteiro até parar em meu pescoço onde ele aperta com pouca força me fazendo arrepiar e o querer cada vez mais, subo minhas unhas por suas costas o arranhando e ouço seu leve grunhido contra minha boca que me fez sorrir em meio ao beijo, ele me ergue em seu colo e entrelaço meus pés em seu corpo

Paro o beijo mordiscando seu lábio inferior e ele desce os beijos para meu pescoço me fazendo jogar a cabeça para trás, logo seus beijos chegam em meus peitos onde o mesmo deixa um grande chupão antes de voltar a beijar minha boca por muito tempo

Atração perigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora